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São Paulo, domingo, 03 de agosto de 2003

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1ª medalha brasileira tem gosto de derrota

Laura Rauch/Associated Press
Ginástas acenam após a cerimônia de entrega de medalhas em que o Brasil recebeu o bronze, sua primeira conquista no Pan


DOS ENVIADOS A SANTO DOMINGO

A primeira medalha do Brasil no Pan-2003, o bronze por equipe conquistado pela ginástica artística feminina na tarde de ontem, teve um sabor de anticlímax.
O planejamento da Confederação Brasileira de Ginástica projetava a prata, com chances de ouro. Com o resultado, o país repetiu seu resultado na competição por equipes de Winnipeg-1999.
Tal foi o impacto do resultado que dirigentes da CBG chegaram a abandonar as arquibancadas, de onde assistiam à competição, antes do final das apresentações ao perceberem que a segunda colocação não seria mais possível.
Os EUA, que competiram com um time B, foram campeões, com 148.982 pontos. O Canadá ficou em segundo, com 144.347 pontos, 615 a mais do que o Brasil.
Um dos motivos do otimismo apontado pela presidente da CBG, Vicélia Florenzano, foi o trabalho de preparação realizado com a seleção permanente, propiciado pelo dinheiro da Lei Piva.
Logo na primeira das quatro provas foi possível perceber que a pontuação obtida pelo Canadá era o parâmetro com o qual o Brasil media sua performance.
"Já estamos atrás do Canadá nos exercícios de solo", lamentou Eliane Martins, chefe da delegação nacional, ao comparar as pontuações. As canadenses haviam registrado 36.637 pontos.
O Brasil conseguiu 36.511.
Foi nas paralelas, a terceira das provas, porém, que o Brasil experimentou o seu maior dissabor.
A gaúcha Daiane dos Santos, 20, uma das mais experientes da seleção, sofreu duas quedas e terminou com só 6.072 pontos, que foram descartados. Em cada aparelho competem cinco ginastas por país, e a pior nota é eliminada antes da produção da média.
"A Daiane definitivamente...", lamentou Eliane, que já havia feito críticas à atuação da gaúcha no solo, na qual havia obtido a segunda pior nota, 8.975 pontos.
Foi uma situação contrastante com a do Pan passado, quando Daiane foi o destaque da seleção nacional: foi a primeira brasileira a conquistar duas medalhas em provas individuais (salto sobre cavalo e solo) em Pans e também ganhou o bronze por equipe.
Quando ontem, na sequência, Camila Comin, 20, também caiu, a dirigente deixou as arquibancadas e foi rumo aos vestiários.
Antes, exclamou, "perdemos o segundo lugar, que merda".
"Foi aí [nas paralelas] que perdemos para o Canadá. Uma errar, tudo bem... Mas duas?", reclamou Eliane, em entrevista coletiva.
No último aparelho, a trave, nenhuma das ginastas brasileiras obteve pontuação superior a 8.937, e uma delas, Laís Souza, a quarta a se apresentar, caiu.
Nesse momento, uma outra representante da CBG abandonou as arquibancadas, antes mesmo da apresentação de Daniele Hypólito, que disputará a final individual geral amanhã, pois foi a terceira melhor ginasta de ontem, com 36.348 pontos.
"Acho que o favoritismo pesou. Nesta semana, o pessoal de outras delegações parava para ver o treino do Brasil", declarou Vicélia. "O que precisamos agora é analisar onde houve as falhas e corrigi-las." (EO, GR e JCA)


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