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São Paulo, domingo, 03 de agosto de 2003

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FUTEBOL

A ameaça olímpica

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

A seleção olímpica do Brasil manteve o país na liderança do ranking da Fifa com sua boa performance na Copa Ouro, mas muitas coisas ameaçam a conquista da tão esperada medalha de ouro. O Pré-Olímpico, confirmado para o Chile, bronze em Sydney-2000, será dos mais duros.
A Conmebol, que vendeu ridículo balão de ensaio para recuperar meia vaga na Copa do Mundo, deveria ter concentrado seus esforços no sentido de ampliar seu espaço nos Jogos Olímpicos. A América do Sul tem só duas vagas, o dobro do número de vagas da Oceania, região que mais uma vez não conseguiu acesso sem repescagem à Copa. A África, bastante competitiva quando o assunto é sub-23 (com ou sem exames ósseos para precisar a idade dos atletas), tem quatro vagas.
Mesmo com uma equipe qualificada, o Brasil corre o risco de repetir Barcelona-1992 (quando viu os Jogos pela TV).
A Argentina venceu três dos últimos quatro Mundiais sub-20. Uma geração tão talentosa quanto vitoriosa credencia os principais rivais do Brasil a uma vaga. Uruguai e Chile, por campanhas recentes em importantes competições, também devem engrossar (o último terá ainda a condição de anfitrião que o Brasil teve no Pré-Olímpico-2000). Isso para não falar de novas ameaças, como a Colômbia, que derrotou o Brasil na fase final do Sul-Americano juvenil e que mais uma vez conta com promissora geração, mais séria que a de Valderrama, Higuita, Asprilla e Rincón.
Muita gente pode não gostar ou não acreditar, mas o futebol vai abrir os Jogos de Atenas. Dois dias antes da cerimônia de abertura da Olimpíada, o esporte mais popular do mundo dará início ao evento. O Comitê de Emergência da Fifa definiu em julho os últimos detalhes dos dois torneios de futebol. A final masculina será no estádio Olímpico de Atenas às 10h, não mais ao meio-dia, o que seria uma ameaça especialmente aos países de clima mais frio.
O camaronês Issa Hayatou, vice-presidente da Fifa que chefia a comissão da entidade para assuntos olímpicos e que é membro do COI, não só acertou todos os detalhes dos torneios de futebol com os gregos como deixou clara sua torcida. "Espero que Camarões traga para casa a medalha de ouro", disse o ex-campeão dos 400 m e 800 m de seu país.
A seleção camaronesa, campeã olímpica e algoz do Brasil em Sydney, é apenas uma das não sul-americanas que ameaçam a seleção brasileira (se essa chegar lá). Portugal, meio no espírito de Felipão, ganhou o Europeu sub-17, foi vice do Europeu sub-19 e é forte concorrente ao Europeu sub-21, que rende três vagas em Atenas. A Itália, campeã sub-19, e a França, uma nova fábrica de craques, mantêm 100% de aproveitamento no torneio sub-21 e também são apostas européias.
O México, que deixou de ser freguês do Brasil faz tempo, hospedará o Pré-Olímpico da Concacaf e deve representar sua região. É o tipo de adversário que é desprezado por aqui, onde tanto confete está sendo atirado em alguns jovens ídolos. Essa é, talvez, a maior ameaça.

A ameaça juvenil
O Mundial sub-17 começa no dia 13, e o grupo do Brasil não é brincadeira. Camarões e Portugal são candidatos ao título. A seleção brasileira corre risco de eliminação na primeira fase.

A ameaça feminina
O Mundial-03 deve ver a ascensão de seleções sem muita tradição, como a França. O país está em 9º no ranking da Fifa e pega o Brasil na primeira fase. E a Noruega, segunda na lista, também está no grupo.

A ameaça júnior
O Mundial não é nada assustador para o Brasil na primeira fase, quando só a República Tcheca deve complicar. Mas a Argentina, com a Espanha em sua chave, está bem mais cotada.

E-mail rbueno@folhasp.com.br


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