São Paulo, domingo, 03 de agosto de 2008

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Mais rico, SP conta com um terço dos atletas olímpicos

Com um quinto da população do país, Estado tem 32,9% da delegação dos Jogos, percentual quase igual ao do seu PIB

Times que pagam salários, número de equipamentos esportivos e vários torneios são explicações de atletas para predomínio do Estado

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
DA REPORTAGEM LOCAL

Dono de cerca de um terço da economia nacional, São Paulo é a origem de igual número de atletas olímpicos brasileiros em Pequim. Ou seja, supera com larga margem sua participação na população, que é de cerca de um quinto.
São 91 atletas paulistas entre os 277 do Brasil nos Jogos, segundo a lista do COB (Comitê Olímpico Brasileiro). Ou seja, eles representam 32,9% da equipe. Segundo pesquisa do IBGE, de 2002 a 2005, o PIB do Estado é 33,9% do total.
No atletismo, o peso paulista aumenta. São 21 dos 45 competidores -total de 46,7%.
Com mais dinheiro, o Estado tem melhores equipamentos esportivos públicos e privados e equipes para bancar salários.
"Comecei com 15 anos na pista do Bolão [Jundiaí]. Eles têm equipe de atletismo e vão pegando atletas em escolas. A equipe é bancada pela Prefeitura de Jundiaí", contou a corredora Zenaide Vieira, que nasceu na cidade do interior e disputará os 3.000 m com obstáculos. Hoje, ele recebe salário da equipe da BM&F.
Boa parte dos atletas brasileiros integra este grupo. Há outras equipes menores espalhadas pelo Estado, algumas bancadas pelos municípios. Recentemente, surgiu a Nova Rede, em Bragança Paulista, que até tomou atletas da BM&F.
Ainda há pistas de universidades e clubes de boa qualidade pelo Estado, além de profusão de torneios regionais. "Disputava competições regionais e, conforme melhorava o resultado, ia classificando para torneios mais fortes", disse Maurren Maggi, candidata a medalha no salto em distância e nascida em São Carlos. "Mas treinar firme mesmo, comecei no Ibirapuera [no CT da seleção]."
Na recém-criada lei de incentivo ao esporte, por exemplo, entidades de São Paulo concentram 41% dos projetos aprovados. Em segundo, vem o Rio de Janeiro, com 15,5%.
Terceiro mais populoso, o estado fluminense é a segunda economia (11,5% do PIB) do país e também tem a segunda maior fatia na delegação. São 39 atletas, com 14,1% do total.
O Rio de Janeiro também é o que recebeu maior investimento em infra-estrutura por conta do Pan-2007. Tem piscinas e pistas de atletismo de primeiro nível, que, porém, são pouco usadas no momento.
O Rio Grande do Sul vem em terceiro na delegação, com 27 atletas. Quarto maior PIB do país, tem uma série de universidades com projetos esportivos.
"Tive alguns títulos nacionais nas categorias de base e depois me mudei para Santa Cruz do Sul, onde passei a treinar na Unisc. Passei logo a ganhar salário para poder viver só do atletismo", contou Fabiano Peçanha, corredor de 800 m.
Há ainda o Distrito Federal, o sexto com mais atletas, 12. Seu PIB é o oitavo maior do Brasil -a população é a 20º maior. Ou seja, o exemplo de São Paulo, em proporções menores, vale em outros Estados ricos.
"Em outros Estados, vejo material humano, atletas de potencial, mas não há estrutura para explorar", avaliou o decatleta paulista de Guarulhos Carlos Eduardo Chinin, que diz que não seria atleta se nascesse em outro lugar. (GIULLIANA BIAN CONI E RODRIGO MATTOS)


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