São Paulo, domingo, 03 de agosto de 2008

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vale quanto ganha

Economia determina Brasil nos Jogos

Delegação brasileira mostra que, quanto maior o PIB de uma região, maior é o número de atletas olímpicos nascidos nela

Dos brasileiros em Pequim, 55,6% são originários do Sudeste, que tem percentual similar da economia do país; já o Norte é minoritário

GIULLIANA BIANCONI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O dinheiro tem mais peso do que as pessoas. Com cara de máxima capitalista, a frase explica a origem dos atletas brasileiros que formam a delegação do país na Olimpíada.
Levantamento da Folha mostra que os Estados onde a economia é mais forte cedem mais esportistas ao país. O contingente populacional tem influência bem menor na contribuição de cada região para a equipe nacional.
Região mais rica do país, o Sudeste tem 154 dos 277 atletas nos Jogos nascidos em seu território. Eles representam 55,6% da delegação brasileira.
É uma fatia bem maior do que sua população, que engloba 42,4% dos brasileiros. Mas é bem próximo da participação regional na economia do país: os quatro Estados (SP, RJ, ES e MG) representam 56,2% do PIB nacional. Todos os dados são do IBGE.
Mais dinheiro representa um maior número de equipamentos esportivos, equipes e competições em cada local, como contam os atletas.
"Comecei no atletismo porque trabalhava e perdi meu emprego. Tinha 17 anos. Fiz um teste em Presidente Prudente [cidade do interior paulista]. A pista lá é muito boa. Claudinei Quirino e Vicente Lenílson já treinavam lá e foram incentivos para mim", contou o saltador de distância Mauro Silva, nascido em São José do Rio Preto (SP).
Em menor escala, realidade parecida é verificada no Sul, que tem a segunda maior fatia na delegação. Até supera seu tamanho econômico na Olimpíada. Atingiu 61 atletas, pouco mais de um quinto da delegação. Seu PIB representa 16,6% do país, um pouco maior do que o tamanho da população em termos proporcionais.
Em contrapartida, o Nordeste abriga 28% da população brasileira. Mas, na Olimpíada, limita-se a 35 atletas, ou 12,6% do total. Somados, os PIBs de todos os nove Estados da região representam percentual quase igual: 13% da economia.
No Centro-Oeste, são 20 atletas nos Jogos ou 7,2% da equipe, igual ao seu contingente de população. Mais uma vez, o percentual é próximo do PIB da região, que é de 8,9% da economia brasileira.
Embora com uma população um pouco maior, o Norte só tem 1,4% da equipe. É também a região com a menor participação no PIB nacional. Entre seus sete Estados, cinco não têm nenhum atleta olímpico nascido dentro das suas fronteiras -Acre, Amapá, Rondônia, Roraima e Tocantins.
Para comprovar o peso da economia, é possível observar que, entre os 10 Estados com maiores PIBs do país, 9 deles estão entre os 11 com maiores participações na equipe olímpica nacional. Entre os dez Estados mais populosos, há apenas sete neste ranking.


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