São Paulo, terça-feira, 03 de setembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL

Teixeira divulga calendário com Brasileiro esticado e volta dos Estaduais

CBF enterra hoje regionais e expõe racha entre cartolas

FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC

A CBF anuncia hoje pela manhã, em um hotel no Rio, o novo calendário do futebol brasileiro, que estica o Nacional para oito meses, acaba com os regionais e revitaliza os Estaduais.
Mais do que o anúncio de um novo calendário, a reunião de hoje vai expor a divisão existente hoje no "establishment" do futebol.
De um lado, estão Ricardo Teixeira, a Globo Esportes, as federações e parte do Clube dos 13, os que apóiam a alteração.
De outro, Eduardo José Farah, presidente da Liga Rio-SP e da Federação Paulista, os demais presidentes de ligas regionais e grandes clubes do país, como Corinthians, São Paulo e todos os times que disputam a Sul-Minas, com a exceção do Internacional-RS.
O segundo grupo, que defendia os regionais e a manutenção do quadrienal, deve provavelmente boicotar o evento de hoje. O Corinthians já anunciou que não vai. Farah nem sequer foi convidado. E os demais clubes ainda estudam se enviarão dirigentes ao Rio.
Representando um Clube dos 13 mais rachado do que nunca estará Fábio Koff, que preside a entidade há seis anos.
Apesar de ter confirmado presença, o gaúcho afirma que o calendário só será bom se a Globo Esportes continuar investindo no futebol o mesmo que gastou em 2003, cerca de R$ 300 milhões. A emissora carioca, uma das maiores articuladoras do novo calendário, oferece R$ 265 milhões pelos principais torneios da próxima temporada.
"Vou ao Rio representar os clubes, mas quero deixar claro que a elaboração do calendário é prerrogativa da CBF", afirmou Koff.
A Globo Esportes, outra que fez força para que o Brasileiro fosse disputado de abril a dezembro, também estará no evento, na figura de Marcelo Campos Pinto, diretor-executivo da empresa.
Aos presentes, Ricardo Teixeira dirá que o novo calendário é um avanço em relação ao anterior. "Considero melhor que aquele porque vai impedir que um clube fique inativo por meses, o que aconteceu com Santos e Botafogo-RJ. Além do mais, o Brasileiro longo é exatamente o que clubes, imprensa e torcedores sempre defenderam. Esse é um calendário que, se depender de mim, vai vigorar para sempre", afirmou o presidente da CBF.
Com o fim dos regionais, antecipado pela Folha em 9 de agosto, os Estaduais voltarão a ser disputados pelos clubes grandes.
Mesmo insatisfeitos com o tamanho dos torneios, que terão 12 datas, 25 presidentes de federações resolveram apoiar a CBF quando receberam a informação de que os regionais seriam extintos. "Não é o ideal, mas já é um avanço", disse Emídio Perondi, presidente da Federação Gaúcha.
O novo calendário acabará também com a Copa dos Campeões.
Os representantes do Brasil na Libertadores, a partir de 2003, serão o campeão da Copa do Brasil e os três primeiros colocados do Nacional. Os clubes que chegarem entre quarto e oitavo lugares no Brasileiro conquistarão o direito de jogar a Copa Pan-Americana, que será disputada sempre no segundo semestre, com partidas no meio de semana.
Teixeira defende que o Brasileiro seja disputado em turno e returno, pontos corridos, mas a decisão final só deve ser tomada após reunião do Conselho Técnico, formado pelos clubes da elite.
O presidente da CBF vai ainda divulgar a decisão de transformar os Estaduais em classificatórios para a Copa do Brasil. Com isso, promete ele, acabarão os convites ao torneio mata-mata.



Texto Anterior: Multimídia: Atleta eclipsou início do torneio, dizem espanhóis
Próximo Texto: Memória: Pacto uniu CBF, clubes, governo, Pelé e Havelange
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.