São Paulo, domingo, 03 de outubro de 2010

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TOSTÃO

Razão e utopia


Os inúmeros esquemas táticos parecem ser diferentes, mas são, na verdade, muito parecidos


JÁ SE ESPALHOU pelo Brasil a moda europeia de jogar com quatro defensores, dois volantes, uma linha de três meias ou um meia e dois atacantes pelos lados do campo, além do centroavante. Podem chamar de 4-2-3-1 ou 4-2-1-3. Não faz diferença.
Fluminense e Cruzeiro jogam à moda antiga, com uma dupla de atacantes, formada por um centroavante e um atacante mais rápido e pelos lados.
Já o Corinthians não tem uma formação fixa. Bruno César, Iarley e Jorge Henrique trocam muito de posições.
O Palmeiras tem jogado no tradicional 4-4-2, com quatro defensores, uma linha de quatro no meio (dois volantes e um armador de cada lado) e dois jogadores mais adiantados.
Como os dois armadores pelos lados (Tinga e Márcio Araújo) avançam pelas pontas, e Valdivia volta até o meio-campo, deixando Kleber sozinho na frente, o esquema se torna muito parecido com o da moda atual (4-2-3-1).
Desde a época em que se amarrava cachorro com linguiça, expressão dita por Felipão, técnico do Palmeiras, muitos times jogam com atacantes pelos lados (pontas). Os holandeses e o Barcelona, há muito tempo, atuam no 4-3-3, com três no meio e três na frente. É um esquema também parecido com o da moda atual.
Em todas essas formações táticas, há apenas um atacante fixo. Podem chamar de 4-5-1. As coisas vão e voltam, com novos detalhes e disfarçadas com outros nomes.
Isso não significa que o futebol não mudou. Hoje, é outro, para melhor e para pior.
Para definir a maneira de jogar, muito mais importante que o desenho tático são as características dos jogadores, onde começa a marcação, se o time prioriza a posse de bola e a troca de passes ou as jogadas rápidas em direção ao gol, e outros detalhes.
Não se deve confundir velocidade com pressa, nem passes longos com chutões para a frente e para a área, para se livrar da bola.
Os jogadores que voltam do exterior falam que o futebol brasileiro está muito corrido, brigado, que está mais difícil jogar aqui do que fora. É uma descaracterização do futebol brasileiro. Nas séries B, C e D, há também muita correria, pegada, emoção.
Por outro lado, temos hoje, na Série A, mais jogadores de talento do que em anos anteriores. O talento independe do estilo.
Muitos de meus leitores gostam de detalhes técnicos e táticos. Outros preferem minhas divagações e filosofias de botequim. Gosto dos dois jeitos.
Estou dividido entre os números e o mistério, entre a razão e a utopia.


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