Hércules, da Espanha, tem reforços caros e dono acusado de corrupção

DE SÃO PAULO

Dono envolvido em escândalos de corrupção, contratações badaladas, resultados surpreendentes e até uma acusação de suborno. Não é à toa que o Hércules se transformou na sensação do início da temporada espanhola.
O time da cidade de Alicante, no sudeste do país, voltou à primeira divisão depois de 13 anos de ausência. E está fazendo barulho.
Em cinco rodadas, o time comandado por Esteban Vigo já fez mais do que várias equipes recém-promovidas conseguem na temporada completa. Em oitavo na tabela do Espanhol antes do início da rodada, o Hércules, que hoje pega o Getafe, já derrotou Sevilla e Barcelona.
Os autores dos gols dessas duas vitórias mostram um pouco as características peculiares da equipe.
Contra o Barcelona, o paraguaio Nelson Valdez, duas Copas do Mundo no currículo, marcou. Já David Trezeguet, ex-seleção francesa, fez os dois gols diante do Sevilla.
"Gastamos uns 40 milhões por ano com salários. Tirando Real Madrid, Barcelona, Atlético de Madri, Valencia, Villarreal, as folhas aqui variam entre 25 e 40 milhões", orgulha-se o presidente Valentín Botella.
O dinheiro que possibilitou a chegada de caros reforços, incomuns para nanicos espanhóis, vem do polêmico empresário Enrique Ortiz.
Dono do Grupo Civica, holding que domina a construção civil na Província de Alicante, o sócio majoritário do Hércules acumula acusações de fraude e corrupção.
Ortiz possui ligação estreita com o PP (Partido Popular), que governou a Espanha entre 1996 e 2004.
Tanto que teve seu nome ligado a dois escândalos do partido: os casos Gürtel, sobre financiamento ilegal e empresas fantasmas, e Brugal, que investiga subornos e tráfico de influência em contratos de coleta de lixo -chegou a ser detido para depor.
Em escutas telefônicas ligadas ao caso Brugal, Ortiz supostamente afirmou ter pago 100 mil ao goleiro Raúl Navas, do Córdoba, para ajudar o Hércules em confronto entre as duas equipes.
O time do empresário venceu por 4 a 0 e, posteriormente, conseguiu o acesso à elite. Outros jogos do clube também ficaram sob suspeita.
O suposto suborno acabou arquivado pela Justiça comum porque tentativas de manipulação de resultados esportivos só serão consideradas crime na Espanha a partir do mês de dezembro. (RAFAEL REIS)


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