São Paulo, sábado, 03 de novembro de 2007

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mistério

"20% da contas não têm explicação", diz Andrés

Presidente do Corinthians não sabe como foram pagos débitos da gestão Dualib

Duas empresas contábeis tentam auditar finanças do clube e avisaram diretoria que será impossível tirar a limpo algumas despesas

Ricardo Nogueira/Folha Imagem
Nelsinho Baptista, que tenta salvar o Corinthians da queda à Série B, comanda o treino de ontem


EDUARDO ARRUDA
PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente do Corinthians, Andrés Sanches, afirmou que parte das contas da administração de Alberto Dualib, que renunciou ao cargo, não tem explicação contábil.
Dois escritórios foram contratados para levantar as finanças corintianas no período de gestão a partir de 2004, quando começou a parceria com a MSI.
"Quem consegue fazer a contabilidade do clube? Ninguém consegue. Já me avisaram que vai ter coisa que não dá pra explicar. Não encaixa", afirmou Andrés à Folha.
Segundo ele, todos os documentos e contas que têm sido descobertos pela auditoria contábil estão sendo repassados para o Ministério Público Estadual, que investiga esquema de emissão de notas frias que teria beneficiado Dualib e o ex-vice Nesi Curi.
O Gaeco (Grupo de Atuação e Combate ao Crime Organizado), do Ministério Público de SP, em conjunto com o Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado), identificou o uso de notas frias por ao menos uma empresa, a NBL, de serviços contábeis. Essa firma, de acordo com os promotores, jamais trabalhou para o clube.
"Só uns 80% das contas têm explicação. Uns 20% das coisas não dá para explicar. Tem nota que é quente e tudo. O serviço até foi feito. Mas não se sabe como foi pago", revelou o presidente corintiano.
As duas empresas de contabilidade contratadas já avisaram Andrés que será impossível fazer bater todos os valores. A atual diretoria queria publicar no dia 9 um balanço para mostrar como recebeu o clube, mas, devido à bagunça, talvez essa divulgação não saia tão cedo, explica Andrés. A dívida corintiana deve chegar à casa dos R$ 100 milhões, mas ainda não foi divulgado o valor oficial.
Relatório feito por comissão de conselheiros do clube indicou aumento "anormal" de despesas. Gastos com funcionários subiram 32%, honorários profissionais, 85%, despesas com telefone, 188%, custos com viagens e estadia, 175%, aluguéis, 216%, e serviços relacionados ao futebol, 130%.
Entre 2004 e 2006, período em que a parceria com a MSI esteve ativa, as receitas corintianas aumentaram 39%, enquanto as despesas cresceram 88% -a inflação no período, diz o documento, foi de 5%.
Andrés já foi ao Cori (Conselho de Orientação) dar satisfações do que está fazendo e o que está encontrando nas finanças. "No período da gestão do Clodomil [Orsi, entre agosto e outubro], nada foi pago sem explicação. Para o que tínhamos dúvidas, solicitamos esclarecimentos e, tendo procedência, pagamos. O que não ficou claro para nós deixamos em aberto, para ser esclarecido na atual gestão", diz Wilson Bento Jr., membro do Cori.
Uma nova reunião do órgão está marcada para daqui a três dias. O assunto deve ser discutido com a presença do presidente do Corinthians.


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