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TÊNIS
Cada vez menor
RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA
Dwight Davis nasceu em
uma família aristocrática,
rica. Muito rica. Ele nasceu tão rico que, naquele fim de século, nos
Estados Unidos, podia dar-se ao
luxo de viajar para resorts luxuosíssimos apenas para praticar um
esporte novo, caro, desconhecido
do grande público, com regras
complicadas e espaços quase inexistentes para sua prática.
Justamente por dedicar tanto
tempo ao tênis, Dwight, jovem
culto e inteligente, reservado, acabou, para desespero da mãe, já
viúva, reprovado em uma das
mais prestigiosas universidades
daquele país, a mundialmente reconhecida Harvard. Dwight deixava os estudos de lado para tornar-se um tenista brilhante.
Ao lado de Beals Wright, Malcolm Whitman e Holcombe
Ward, tornou-se um dos melhores
tenistas dos EUA. Diferentemente
de seus amigos, porém, que escreveram seus nomes entre os campeões do Aberto dos EUA, Dwight
abandonou as raquetes. Participou da 1ª Guerra Mundial e, em
seguida, entrou para o corpo diplomático norte-americano.
Dwight chegou a ser o secretário
de Defesa dos EUA. Era o "Donald Rumsfeld" do presidente
Calvin Coolidge nos anos 20. No
início dos anos 30, continuou trabalhando para o governo de seu
país, viajando mundo afora para
reuniões e negociações.
Certa vez, em uma sessão do
Parlamento francês, Dwight foi
colocado atrás de um pilar, de onde nada via. À reclamação de que
"ele (Dwight) já foi secretário de
Defesa dos Estados Unidos", os
franceses não reagiram. Só quando foi informado de que "aquele
homem" havia criado a Copa Davis é que Dwight foi levado a um
dos locais mais nobres da casa.
Mais de um século depois de
idealizar a Copa Davis, Dwight
Davis, que morreu em 1945, dificilmente conseguiria, hoje, um lugar nobre em qualquer Parlamento. A competição que criou
atrai cada vez menos atenção.
Enfiada em um calendário cada vez mais extenso e complicado, a Copa Davis deixou de ser
prioridade para tenistas e patrocinadores. Para alguns tenistas,
aliás, tornou-se um sacrifício.
Sim, na medida do possível, os
melhores tenistas do ranking se
dispõem a jogar a Copa Davis, na
medida do possível os grandes patrocinadores injetam dinheiro ali
e, na medida do possível, os torcedores menos fanáticos tentam
acompanhar os jogos.
Sim, a cada ano que passa, a
Copa Davis continua elegendo
um novo herói. (Neste ano, foi o
australiano Mark Philippoussis,
vencedor do ponto decisivo sobre
Juan Carlos Ferrero neste fim de
semana, nas quadras de grama
de Melbourne.)
Sim, o espírito de Dwight Davis
segue fazendo da competição um
evento interessante e bacana; a
Copa Davis mostra, por exemplo,
a consagração de países como Espanha, Rússia e Argentina no
mapa do tênis.
A mídia, porém, está nos Grand
Slams; o dinheiro está ali e nos
Masters Series. Os cachês estão
nos torneios menores. Os pontos
para o ranking não estão na Copa
Davis. A glória e a honra de defender seu país? Bem, quem se importa com isso hoje em dia?
Em Florianópolis
A argentina Natália Garbellotto conquistou o título da Eletrosul Cup.
Na final, derrotou a brasileira Carla Tiene em dois sets.
Em São Paulo
Fernando Meligeni recebe jovens tenistas, pais e interessados para a
sua Copa Fino, que acontece nesta semana na Unisys Arena. Com várias palestras e até um jogo-exibição hoje à noite, é um evento diferenciado em relação aos torneios que rolam por aí.
Em Brasília
Lucas Jovita, Bruna Cunha (16 anos), Rafael Garcia, Gabriela Vieira
(14), Lucas Gobbi e Nicole Herzog (12) venceram o Masters do Circuito Banco do Brasil e verão o Masters Series de Miami, em março.
E-mail reandaku@uol.com.br
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