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São Paulo, quarta-feira, 03 de dezembro de 2003

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TÊNIS

Cada vez menor

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

Dwight Davis nasceu em uma família aristocrática, rica. Muito rica. Ele nasceu tão rico que, naquele fim de século, nos Estados Unidos, podia dar-se ao luxo de viajar para resorts luxuosíssimos apenas para praticar um esporte novo, caro, desconhecido do grande público, com regras complicadas e espaços quase inexistentes para sua prática.
Justamente por dedicar tanto tempo ao tênis, Dwight, jovem culto e inteligente, reservado, acabou, para desespero da mãe, já viúva, reprovado em uma das mais prestigiosas universidades daquele país, a mundialmente reconhecida Harvard. Dwight deixava os estudos de lado para tornar-se um tenista brilhante.
Ao lado de Beals Wright, Malcolm Whitman e Holcombe Ward, tornou-se um dos melhores tenistas dos EUA. Diferentemente de seus amigos, porém, que escreveram seus nomes entre os campeões do Aberto dos EUA, Dwight abandonou as raquetes. Participou da 1ª Guerra Mundial e, em seguida, entrou para o corpo diplomático norte-americano.
Dwight chegou a ser o secretário de Defesa dos EUA. Era o "Donald Rumsfeld" do presidente Calvin Coolidge nos anos 20. No início dos anos 30, continuou trabalhando para o governo de seu país, viajando mundo afora para reuniões e negociações.
Certa vez, em uma sessão do Parlamento francês, Dwight foi colocado atrás de um pilar, de onde nada via. À reclamação de que "ele (Dwight) já foi secretário de Defesa dos Estados Unidos", os franceses não reagiram. Só quando foi informado de que "aquele homem" havia criado a Copa Davis é que Dwight foi levado a um dos locais mais nobres da casa.
Mais de um século depois de idealizar a Copa Davis, Dwight Davis, que morreu em 1945, dificilmente conseguiria, hoje, um lugar nobre em qualquer Parlamento. A competição que criou atrai cada vez menos atenção.
Enfiada em um calendário cada vez mais extenso e complicado, a Copa Davis deixou de ser prioridade para tenistas e patrocinadores. Para alguns tenistas, aliás, tornou-se um sacrifício.
Sim, na medida do possível, os melhores tenistas do ranking se dispõem a jogar a Copa Davis, na medida do possível os grandes patrocinadores injetam dinheiro ali e, na medida do possível, os torcedores menos fanáticos tentam acompanhar os jogos.
Sim, a cada ano que passa, a Copa Davis continua elegendo um novo herói. (Neste ano, foi o australiano Mark Philippoussis, vencedor do ponto decisivo sobre Juan Carlos Ferrero neste fim de semana, nas quadras de grama de Melbourne.)
Sim, o espírito de Dwight Davis segue fazendo da competição um evento interessante e bacana; a Copa Davis mostra, por exemplo, a consagração de países como Espanha, Rússia e Argentina no mapa do tênis.
A mídia, porém, está nos Grand Slams; o dinheiro está ali e nos Masters Series. Os cachês estão nos torneios menores. Os pontos para o ranking não estão na Copa Davis. A glória e a honra de defender seu país? Bem, quem se importa com isso hoje em dia?

Em Florianópolis
A argentina Natália Garbellotto conquistou o título da Eletrosul Cup. Na final, derrotou a brasileira Carla Tiene em dois sets.

Em São Paulo
Fernando Meligeni recebe jovens tenistas, pais e interessados para a sua Copa Fino, que acontece nesta semana na Unisys Arena. Com várias palestras e até um jogo-exibição hoje à noite, é um evento diferenciado em relação aos torneios que rolam por aí.

Em Brasília
Lucas Jovita, Bruna Cunha (16 anos), Rafael Garcia, Gabriela Vieira (14), Lucas Gobbi e Nicole Herzog (12) venceram o Masters do Circuito Banco do Brasil e verão o Masters Series de Miami, em março.

E-mail reandaku@uol.com.br


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