São Paulo, domingo, 03 de dezembro de 2006

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TOSTÃO

Deixem o Pato jogar


Creio que é preciso ver mais jogos para dizer se o jovem do Internacional é realmente um jogador fora de série


QUEM ASSISTIU ao vivo a estréia de Alexandre Pato, 17 anos, contra o Palmeiras, e ficou deslumbrado com a atuação do garoto do Internacional tem o direito de sonhar e afirmar, mesmo correndo o risco de ser bastante precipitado, que ele será um craque.
Um dos encantos do futebol e da vida é fazer as pessoas sonharem. Para ser bem compreendida, a emoção precisa também, às vezes, unir-se às palavras.
Se Alexandre Pato não se tornar um craque, a culpa não será do excesso de elogios nem de ninguém. É a vida.
Outros, como eu, que só assistiram ao teipe dos melhores momentos, que não sentiram a emoção e a surpresa de ver Pato ao vivo -é bem diferente-, deveriam esperar mais partidas, talvez uma temporada, para dizer se ele será um fora de série.
Se o Inter, como dizem, já sabia há muito tempo que Pato era tão especial, por que não o escalou antes, para ele ir se preparando para o Mundial de Clubes, que começa no próximo domingo? Ele deve ser escalado.
Segundo alguns, o clube não queria mostrá-lo antes de o jogador assinar um longo contrato, com medo de que ele fosse seduzido por outro clube. Se isso for verdade -tenho minhas dúvidas-, é uma demonstração da competência, da esperteza e da organização do Inter.
Como regra, os jovens mostram seu talento antes dos 20 anos, porém após muitas partidas. Será que um torcedor ou mesmo um entendido, como Nelson Rodrigues ironizava os comentaristas, colocou uma coroa na cabeça de Pelé depois de sua estréia no Santos? Alguém vai dizer que já sabia.
Quando assistimos ao teipe de grandes jogadas de um craque, da época em que ele não era famoso, percebemos que ele já fazia tudo o que faz hoje. Apenas mudaram o palco e o olhar de todos.
Há exceções. Rivaldo demorou muito tempo para se tornar um craque, apesar de sempre ter sido contestado. Rivaldo não parecia craque, mas era, pela eficiência.
Para brilhar, um jovem talentoso precisa estar no lugar certo. Não existe craque em time ruim e desorganizado. É o conjunto que faz o craque se destacar, como enfatiza Dunga em suas entrevistas.
Muitas vezes, grandes promessas não se tornam realidade por causa de análises anteriores precipitadas e equivocadas. Confundimos habilidade com criatividade; brilhos esporádicos com talento.
Há ainda os que têm grande talento, estão no lugar certo, mas não se destacam por razões pessoais, emocionais e outros motivos. É mais difícil conviver com a fama do que fazer um belo gol. Para outros, as pedras no caminho são mais pesadas.
Deixem o Alexandre Pato jogar por um bom tempo sem ele ter a responsabilidade de ser um craque.

Engano
Discordo do técnico Dunga quando ele afirmou no programa "Bola da Vez", da ESPN Brasil, que, durante a Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos, o grupo jogava para o atacante Romário porque ele conquistou essa condição, insinuando que Ronaldinho não fez por merecer essa confiança, que ele teria no Barcelona.
Nada a ver.
O Barcelona nunca jogou para Ronaldinho nem ele centraliza as jogadas. Tanto que atua mais pela esquerda, não pelo meio.
Os armadores, organizadores do time catalão são Deco e Xavi ou Iniesta.
É o forte conjunto do time espanhol que faz Ronaldinho brilhar.
Além disso, Ronaldinho é um genial criador de jogadas, e Romário era um genial artilheiro, o rei da área, um Eto'o muito melhorado.
Será que Obina é ainda melhor do que era Romário?

tostao.folha@uol.com.br


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