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Torcedor do clube, Betão desabafa e fala em sair
Capitão do Corinthians, que pode ir
para o São Paulo, chora após o jogo
Zagueiro, 24 anos e forjado no
"terrão", lamenta não ter sido
valorizado pela diretoria, que
apenas agora manifesta
intenção de renovar com ele
Ricardo Nogueira/Folha Imagem
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Na área do Grêmio, Betão, capitão corintiano, é seguro pela camisa em disputa com atleta rival |
DOS ENVIADOS A PORTO ALEGRE
Ele é o capitão corintiano, zagueiro do "terrão", como é conhecido o CT de Itaquera, está
há 14 anos no Parque São Jorge,
mas comenta estar magoado.
Ontem, após a queda para a segunda divisão, Betão deixou o
gramado com a camisa cobrindo seu rosto e suas lágrimas.
"Não faltou vontade a esse time. Agora não tem que procurar culpados, mas, se fosse
apontar uma parcela de culpa, é
de todos. Da diretoria que passou, dos jogadores que passaram, de nós que estamos aqui."
Agora ele não sabe se fará o
caminho da Série B com seu time do coração. Antes da vergonha pela ida à segunda divisão,
o zagueiro já dizia querer ir embora do Parque São Jorge.
"Nunca me valorizaram
aqui", afirma Betão, 24, cujo
contrato termina no final deste
ano. "Agora me chamaram para
renovar, mas não sei por que
não fizeram isso em 2005", declarou o jogador, referindo-se à
época em que houve mal-estar
pelos salários milionários pagos às estrelas da MSI.
Naquela ocasião, pratas da
casa, como Betão, reclamaram
do abismo nos vencimentos entre os jogadores contratados
por Kia Joorabchian e os revelados no Parque São Jorge.
Segundo Betão, se receber
proposta, ele deve sair. Até agora, conta, nenhuma oferta oficial ocorreu. E o São Paulo?
"O Andrés [Sanches, presidente do Corinthians] disse
que eles têm interesse em mim.
Talvez estejam esperando o fim
do campeonato para me ligar."
Ele afirmou que só vestiria a
camisa tricolor se o time alvinegro não fosse rebaixado.
O zagueiro ainda criticou a
diretoria pelo time montado
neste ano. Disse que o Corinthians precisa de jogadores que
decidem. "Aqui é assim. Não
adianta trazer promessas. Para
agüentar a pressão, tem que ser
o que resolve", afirmou o atleta,
ressaltando que os mais jovens,
como Lulinha e Dentinho, não
podem ser muito cobrados.
"Cada um tem sua responsabilidade, mas não dá para jogar
nas costas deles", completou.
O desejo de deixar o clube
que o revelou e do qual é torcedor ocorre justamente no melhor ano de sua carreira. Betão
foi um dos poucos que se salvaram na péssima temporada corintiana. Chegou a se despedir
do clube, que havia acertado
sua venda ao Sochaux, da França. Mas o negócio não deu certo
por desacordo no pagamento
de comissões a empresários.
Com a transferência frustrada, Betão ficou no clube e recuperou a braçadeira de capitão,
além de ajudar o Corinthians a
quebrar o jejum de quatro anos
sem vencer o São Paulo. Fez o
gol da vitória e chorou muito.
"É uma situação estranha.
Tive um ano bom individualmente, mas nada disso adiantará com a vergonha de cair para
a segunda divisão", afirmou o
atleta, que, antes do jogo, fez
um discurso baseado no filme
"Rocky, Um Lutador" para seus
companheiros. "O verdadeiro
campeão não é aquele que só
bate, mas aquele que fica em pé
quando apanha", declarou.
As palavras do zagueiro, no
entanto, não evitaram que o time fosse ontem à lona.0
(EDUARDO ARRUDA E PAULO GALDIERI)
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