São Paulo, segunda-feira, 03 de dezembro de 2007

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Torcedor do clube, Betão desabafa e fala em sair

Capitão do Corinthians, que pode ir para o São Paulo, chora após o jogo

Zagueiro, 24 anos e forjado no "terrão", lamenta não ter sido valorizado pela diretoria, que apenas agora manifesta intenção de renovar com ele

Ricardo Nogueira/Folha Imagem
Na área do Grêmio, Betão, capitão corintiano, é seguro pela camisa em disputa com atleta rival


DOS ENVIADOS A PORTO ALEGRE

Ele é o capitão corintiano, zagueiro do "terrão", como é conhecido o CT de Itaquera, está há 14 anos no Parque São Jorge, mas comenta estar magoado. Ontem, após a queda para a segunda divisão, Betão deixou o gramado com a camisa cobrindo seu rosto e suas lágrimas.
"Não faltou vontade a esse time. Agora não tem que procurar culpados, mas, se fosse apontar uma parcela de culpa, é de todos. Da diretoria que passou, dos jogadores que passaram, de nós que estamos aqui."
Agora ele não sabe se fará o caminho da Série B com seu time do coração. Antes da vergonha pela ida à segunda divisão, o zagueiro já dizia querer ir embora do Parque São Jorge.
"Nunca me valorizaram aqui", afirma Betão, 24, cujo contrato termina no final deste ano. "Agora me chamaram para renovar, mas não sei por que não fizeram isso em 2005", declarou o jogador, referindo-se à época em que houve mal-estar pelos salários milionários pagos às estrelas da MSI.
Naquela ocasião, pratas da casa, como Betão, reclamaram do abismo nos vencimentos entre os jogadores contratados por Kia Joorabchian e os revelados no Parque São Jorge.
Segundo Betão, se receber proposta, ele deve sair. Até agora, conta, nenhuma oferta oficial ocorreu. E o São Paulo?
"O Andrés [Sanches, presidente do Corinthians] disse que eles têm interesse em mim. Talvez estejam esperando o fim do campeonato para me ligar."
Ele afirmou que só vestiria a camisa tricolor se o time alvinegro não fosse rebaixado.
O zagueiro ainda criticou a diretoria pelo time montado neste ano. Disse que o Corinthians precisa de jogadores que decidem. "Aqui é assim. Não adianta trazer promessas. Para agüentar a pressão, tem que ser o que resolve", afirmou o atleta, ressaltando que os mais jovens, como Lulinha e Dentinho, não podem ser muito cobrados.
"Cada um tem sua responsabilidade, mas não dá para jogar nas costas deles", completou.
O desejo de deixar o clube que o revelou e do qual é torcedor ocorre justamente no melhor ano de sua carreira. Betão foi um dos poucos que se salvaram na péssima temporada corintiana. Chegou a se despedir do clube, que havia acertado sua venda ao Sochaux, da França. Mas o negócio não deu certo por desacordo no pagamento de comissões a empresários.
Com a transferência frustrada, Betão ficou no clube e recuperou a braçadeira de capitão, além de ajudar o Corinthians a quebrar o jejum de quatro anos sem vencer o São Paulo. Fez o gol da vitória e chorou muito.
"É uma situação estranha. Tive um ano bom individualmente, mas nada disso adiantará com a vergonha de cair para a segunda divisão", afirmou o atleta, que, antes do jogo, fez um discurso baseado no filme "Rocky, Um Lutador" para seus companheiros. "O verdadeiro campeão não é aquele que só bate, mas aquele que fica em pé quando apanha", declarou.
As palavras do zagueiro, no entanto, não evitaram que o time fosse ontem à lona.0 (EDUARDO ARRUDA E PAULO GALDIERI)


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