Robben Island, o palco da reunião do Comitê Executivo da Fifa hoje, tem associação e orgulho próprios

RODRIGO BUENO
ENVIADO ESPECIAL À CIDADE DO CABO

O DIA em que pisei pela primeira vez na África foi bacana, a Cidade do Cabo é linda, mas o segundo, hoje, será sensacional.
Visitarei, por conta da reunião do Comitê Executivo da Fifa, a Robben Island, onde foi criada nos anos 60 uma federação alternativa de futebol, a Makana Football Association, que inspirou um filme que recomendo: "More Than Just A Game".
Há dois anos, a entidade, fundada por cinco presos políticos, foi homenageada e virou membro honorária da Fifa. Nelson Mandela ficou 18 anos na Robben Island e o máximo que era permitido a ele era ver, de sua cela, os jogos que ocorriam ali.
Num período de imensa opressão, um dos poucos benefícios oferecidos aos presos da ilha foram alguns livros, e um deles em especial acabou dando vida ao lugar: um da Fifa, que pautou as regras dentro de campo e a política por ali.
Além de ligas, foram formados comitês espelhados aos da Fifa. Nove "clubes" nasceram naquele espaço -Manong, Gunners, Hotspurs, Black Eagles, Ditshitshidi, Rangers, Dynamo, Bucks e Mphatlalatsane-, onde as autoridades antes proibiam a prática do futebol.
O futebol começou na Robben Island dentro das celas, com bolinhas de papel e trapos. As conquistas, como poder jogar todos os sábados e adotar uniformes que não fossem os de presos, foram vindo bem aos poucos. Mas, para um grupo de pessoas que contava com Mandela, Walter Sisulu e Ahmed Kathrada, participar dos jogos ou simplesmente assisti-los sempre foi vetado.
Jacob Zuma, presidente sul-africano, foi árbitro na Robben Island, cujo nome vem do holandês (em inglês, é Seal Island).
Na era do apartheid, o lugar que receberá a cúpula da Fifa hoje serviu como uma ilha de resistência do futebol. Makana, o nome da federação, homenageia o revolucionário local que comandou milhares contra os colonizadores brancos. A intenção da Fifa hoje, claro, é utilizar a ilha como um exemplo de luta contra o racismo e a favor do esporte mais popular do planeta, a modalidade dos negros na África do Sul.

SORTEIO DA COPA
Brasil e Inglaterra vão jogar em casa (ingressos para vê-los são os mais valorizados e estão esgotados no país, segundo Danny Jordaan). A Holanda também está em "seu território", embora em escala menor. Isso explica, extraoficialmente, a escolha dos cabeças de chave.

LIBERTADORES
A Conmebol consegue. Divulga e anuncia os duelos da fase de grupos e, no dia seguinte ao sorteio, põe outra série de partidas no site. Não vi sacanagem, mas mudar o que estava já no papel é não ter noção. Assim como presidente de clube, com as mãos nas pernas de Eduardo Deluca, prometer presente de Natal...

rodrigo.bueno@grupofolha.com.


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