São Paulo, sexta-feira, 03 de dezembro de 2010

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Denúncia é punida; afago é premiado

FIFA
Inglaterra, origem de acusações contra a cúpula da entidade, fica na lanterna da escolha para a Copa-18

DO ENVIADO A ZURIQUE

A vitória da Rússia e a humilhação da Inglaterra foram um retrato de como a Fifa reage às acusações de corrupção. Quem fez denúncias foi punido, quem apoiou sua cúpula foi premiado.
Foi a mídia inglesa que mostrou indícios de suborno contra seis membros do Comitê Executivo da Fifa.
O primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, foi o único chefe de Estado a defender os cartolas. Justo ele, que havia dito que a eleição era uma "competição sem escrúpulos". "Culpam as pessoas por corrupção, sem provas. Não há justificativa, a não ser uma campanha de pressão".
Outros ignoraram as denúncias e adularam os dirigentes da entidade.
A candidatura inglesa tentou minimizar os efeitos das reportagens da imprensa de seu país com lobbies do príncipe William e do primeiro- -ministro David Cameron.
Melhor sob o ponto de vista técnico, segundo a própria Fifa, obteve só dois votos. "Olhamos olho no olho deles e achamos que tínhamos apoio", disse o chefe do time inglês, Andy Anson.
"No final, tivemos a melhor candidatura, e não foi suficiente", disse Cameron.
Todos os membros da equipe britânica se mostravam atônicos com a eleição.
Ficava claro que a Fifa reagiria com vingança às denúncias na fala de Ángel María Villar, ao apresentar o plano de Espanha/Portugal.
"Fomos muito criticados. A Fifa é limpa. Todos os meus companheiros que estão aqui são honestos, trabalhadores. E os que não estão, também", disse. "E que nos difamem e falem. O processo de candidatura é limpo."
Sua candidatura teve sete votos e disputou com a Rússia até o segundo turno.
Mas o chefe da postulação ibérica, Miguel Ángel López, criticou o sistema de avaliação. "Não sei para que serve se, no final, a [candidatura] que tem menos pontos ganha", disse, sobre a fraca avaliação técnica russa.
Sob pressão, a Fifa ganhou Putin como aliado e somou desafetos em países como Inglaterra, EUA e Espanha.
"A Fifa não pode durar desta forma", declarou o prefeito de Londres, Boris Johnson, ao diário "Guardian".
"Tenho certeza de que a Fifa irá rever o processo [de votação]", afirmou Sunil Gulati, chefe da candidatura dos EUA.
(RODRIGO MATTOS)


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