São Paulo, sexta-feira, 03 de dezembro de 2010 |
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Novela Guga chegava ao topo do ranking há dez anos ao conquistar o Masters de Lisboa, onde ficou de cama "todo estourado" e fez o melhor jogo da carreira
FERNANDO ITOKAZU ENVIADO ESPECIAL A FLORIANÓPOLIS Há exatos dez anos, Gustavo Kuerten alcançava o topo do ranking mundial do tênis. A coroação veio com o título do Masters de Lisboa, conquista que Guga classifica como uma novela. "Foi o maior momento da minha carreira, sem dúvida", afirmou o tricampeão de Roland Garros à Folha, em Florianópolis. Planejamento 1999 foi ano de fincar bandeira entre os maiores. Já 2000 foi o ano do salto maior. Já era comum ficar entre os melhores do mundo. Pô, agora tenho chance de mirar lá em cima, no topo. E assim foi feito o planejamento para 2000. Os rivais Em cima, eu via [Andre] Agassi e [Pete] Sampras. Um morrinho alto. O Everest e o K2 ali do lado. Mas fiquei esperando minha chance. Olho gordo Cheguei ao US Open [em agosto] com chances de ser número um, fui cabeça dois e perdi pro [Wayne] Arthurs [102º do mundo] na estreia. Havia uma horda de secadores [rindo]. O Brad Gilbert [técnico de Agassi] foi olhar o jogo ali do lado. Nos bastidores, dá para perceber tudo. O oponente inesperado [Campeão do US Open, Marat] Safin começou a disparar do nada. Até então, eu disputava com o Sampras e o Agassi. No Masters Series de Paris [penúltimo torneio do ano], eu cheguei à semifinal. O Safin foi campeão e abriu vantagem no ranking. Me via como o mais próximo a tentar ser número um, e ele tirou o doce da minha boca. A relação com Safin Provoquei muito para que ele melhorasse, e ele fez o mesmo comigo. Isso torna a relação benéfica. Nunca o havia vencido e, naquele ano, ganhei duas. Se tivesse perdido uma, ele seria o número um. O Masters Parece uma novela. Pensei: o Safin está jogando muito e, por mais que eu chegue aqui numa semi e ele faça semi também, não dá. Então tem que ser campeão mesmo. Não é uma grande aposta. A surpresa da estreia No primeiro jogo [contra Agassi], o que me atrapalhou muito foi a torcida. Tava ganhando bem, já para finalizar, e a torcida começa a empurrar o Agassi. Fiquei intrigado, achei que todo mundo fosse torcer para o brasileiro. O bicho começou a jogar cada vez melhor. Me desgastei, senti as costas e perdi. Mudança de planos Terminei o jogo [com o Agassi] morto. No dia seguinte, [com dores nas costas], nem peguei na raquete. Tinha que ganhar todas, e o Safin não podia ganhar mais nenhuma. Naquele momento, eu pensei que terminar número dois já era interessante. Perto, mas longe Dei uma secadinha no Safin, e o Agassi escovou ele [na semifinal]. Ganhei do Sampras e, num intervalo de quatro, cinco dias, estava deitado na cama, todo estourado, e agora estava a uma vitória de ser número um. Era a maior chance e, ao mesmo tempo, estava distante, pois tinha de ganhar do Agassi na final. Decisão Foi o jogo mais perfeito da minha carreira. Desde o começo, eu tomo o controle do jogo e não perco até o final. Fazia tudo com precisão. Match point 5/4 no terceiro set, e vou sacar para ganhar o jogo, último ponto. Imagina se eu não estou pensando: "Ah, eu vou ser número um do mundo". Sensações É uma coisa que te domina. Era o que faltava na carreira. E a maneira como foi a semana toda ampliou a conquista. Foi o maior momento da minha carreira, sem dúvida. Texto Anterior: Xico Sá: Agora vale mandinga Próximo Texto: Férias no Havaí completaram ano perfeito Índice | Comunicar Erros |
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