São Paulo, quinta, 3 de dezembro de 1998

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FUTEBOL
Confiante da vitória, presidente da Federação Paulista será o primeiro a desafiar a gestão de Ricardo Teixeira
Farah lança sua candidatura à CBF

MARCELO DAMATO
da Reportagem Local

O presidente da Federação Paulista de Futebol, Eduardo José Farah, teve sua candidatura à presidência da CBF lançada ontem.
O anúncio foi feito pelo vice-presidente da FPF e presidente da OAB-SP, Rubens Approbato Machado, durante almoço de confraternização da diretoria da federação, num restaurante de São Paulo.
A eleição da Confederação Brasileira de Futebol acontecerá no segundo semestre de 1999.
Farah, 64, será o primeiro dirigente esportivo a desafiar Ricardo Teixeira, que está completando dez anos no comando da CBF. Empossado em 1989, Teixeira foi reeleito duas vezes, em 1991 e em 1995, sempre sem concorrentes.
Pouco antes do almoço de ontem, Farah voltara a negar aos jornalistas que tivesse tomado a decisão. Reafirmara que seria candidato apenas se Teixeira não cumprisse até janeiro as decisões do 2º Fórum do Futebol Brasileiro, realizado neste ano em São Paulo.
Mas a decisão do presidente da CBF de aumentar a Copa do Brasil para 50 clubes (só 32 têm direito a vaga), conforme a Folha apurou ontem, enterrou a possibilidade.
"O Fórum decidiu por unanimidade contra os convites para a Copa do Brasil", disse no restaurante.
Farah, porém, tenta evitar o confronto em público com Teixeira -chegou a dizer ontem não acreditar que a manobra em torno da Copa do Brasil tenha sido idealizada pelo presidente da CBF ("mas dos "aspones', que estão com medo de perder o emprego").
Ele admite recuar caso a CBF crie um comitê executivo, a exemplo da Fifa, para cuidar das atividades que não envolvam as seleções.
O dirigente calcula que, se o comitê for criado, como aliás decidiu o Fórum, o cargo de secretário-geral seria ocupado por ele mesmo ou por alguém de sua confiança.
O objetivo final de Farah é controlar a administração do Campeonato Brasileiro e da Copa do Brasil. Ele avalia que as federações se sentem desamparadas pela CBF -esta estaria preocupada "apenas" com a Nike e com a seleção.
Farah quer transferir para o Brasileiro o modelo que adotou no Campeonato Paulista. Há dois anos, os clubes recebem cotas mínimas por jogo, em troca da cessão dos direitos de TV e de exploração do campeonato à federação.
O sucesso dos clubes paulistas no Brasileiro -neste ano, o 11º da administração Farah, o Estado de São Paulo estará representado pela nona vez na final do Brasileiro- fez aumentar o prestígio do dirigente entre clubes dos outros Estados.
Farah afirma contar hoje com o apoio de 18 dos 22 clubes que disputarão a Série A no ano que vem.
Nas federações estaduais, que completam o colegiado que elege o presidente da CBF, ele vem reunindo apoio aos poucos. O rumor, negado pelo dirigente, de que pode transferir a CBF para São Paulo, chegou a arranhar sua candidatura. Mas, na segunda-feira, ele contra-atacou, divulgando um pacote de ajuda financeira aos Estados caso seja eleito -cada federação receberia uma ajuda dependendo do número de clubes no Brasileiro. A cota mínima seria de R$ 150 mil. A CBF pagava R$ 4.000 mensais às federações. Nesta semana, a cota subiu para R$ 6.000.
Farah afirma já ter o apoio de mais nove federações, além da paulista. Assim, acredita, se a eleição fosse hoje, obteria 28 dos 49 votos.



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