São Paulo, segunda-feira, 04 de janeiro de 2010

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Copa da África oferece abrigo em universidades

Seleções usam faculdades e colégios de elite para treinar durante o Mundial

Boa estrutura faz com que times disputem com vigor o direito de ocupar as melhores sedes estudantis e provoca crise em quem perde espaço

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Em um país onde a infraestrutura para o futebol é precária, as universidades sul-africanas viraram o sonho de consumo para as seleções que vão disputar a Copa de 2010.
Erguidas nos tempos do apartheid, as gigantes universidades do país, além de colégios frequentados pela elite local, estão na mira das principais potências do futebol para servir de base para os treinamentos.
A disputa mais ferrenha aconteceu para obter o espaço da Universidade de Pretória, que tem nove campos, um ginásio moderno, estádio com capacidade para abrigar 3.500 pessoas e até um hotel de padrão quatro estrelas. O local serve de base de treinos para a poderosa seleção sul-africana de rúgbi.
Argentina, Alemanha, Itália e Inglaterra eram os mais interessados em usar suas instalações. Os argentinos acabaram levando a melhor, o que gerou até uma crise entre os ingleses.
Isso porque foi atribuída ao italiano Fabio Capello, o técnico do time, a responsabilidade pela perda da Universidade de Pretória. Capello queria só usar as instalações esportivas -e deixar o time em um hotel cinco estrelas. Como a Argentina considerou o hotel situado na própria universidade suficiente, foi vencedora na disputa.
A situação ficou pior para Capello porque o local depois escolhido pela Inglaterra, em Rustenburgo, apresenta um gramado bastante precário.
Mas Pretória não é a única cidade que vai abrigar em uma universidade uma seleção.
A Holanda treinará na Universidade de Witwatersrand, em Johannesburgo, que em seus três campi tem dezenas de instalações esportivas.
A própria seleção brasileira, que ainda não anunciou oficialmente onde vai ficar durante o Mundial, tem a Universidade de Witwatersrand como uma das principais alternativas para realizar seus treinamentos.
Fora da região de Johannesburgo e Pretória -as mais procuradas pelas seleções por causa da altitude-, outras universidades, como a de Stellenbosch, perto da Cidade do Cabo, a Nelson Mandela, em Porto Elizabeth, e a Free State, em Bloemfontein (que já hospedou a Espanha na Copa das Confederações do ano ano passado), também devem abrigar seleções durante a Copa.
Além das universidades, colégios em que estudam os filhos da elite sul-africana, especialmente a branca, também servirão de abrigo para times que irão disputar a primeira Copa no continente africano.
A Itália quer repetir a experiência da Copa das Confederações, quando montou sua base de treinos no colégio Southdowns, na região de Centurion, entre Johannesburgo e Pretória. A escola, que cobra quase R$ 1.000 de mensalidade (muito dinheiro para os padrões locais), teve até a ajuda da federação italiana para melhorar sua infraestrutura esportiva.
Ainda mais elitista é a St. Stithians College, na região norte de Johannesburgo, que irá receber a seleção da Austrália por duas semanas antes do início do Mundial começar -quando a bola começar a rolar, a equipe da Oceania irá se alojar em um resort exclusivo, para diminuir as chances de ficar parada no caótico trânsito da principal metrópole sul-africana.


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