São Paulo, quinta-feira, 04 de fevereiro de 2010

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Brasil cassa 15 dos 17 campeões de boxe

Pugilistas não cumprem prazo para defender título e perdem cinturões

Confederação cita boxeador que estava até seis anos sem enfrentar desafiantes; destituídos declaram que entidade não promove lutas

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

Com exceção de dois de seus campeões, a Confederação Brasileira de Boxe destituiu nesta semana todos os demais donos de cinturões nacionais. Das 17 categorias de peso do pugilismo profissional no país, os títulos de 15 delas estão vagos agora.
O motivo por trás da iniciativa é que alguns dos boxeadores já estavam até seis anos sem colocar o cinturão em disputa.
Segundo a confederação, o objetivo é imprimir maior dinamismo ao esporte, evitando que alguns campeões fiquem sentados sobre seus cinturões.
""Daqui a pouco vou ter vovôs como campeões. Não é isso que eu quero. Se for assim, eu prefiro que os títulos nacionais em todas as categorias fiquem vagos do que ter campeões de papel", argumenta Mauro Silva, presidente da confederação.
O fato de ser reconhecido como campeão nacional valoriza a bolsa do pugilista quando ele é chamado para participar de programação fora do Brasil.
Em 4 de novembro passado, a entidade publicou comunicado em seu site na internet no qual informava que os campeões tinham 90 dias para colocar seus cinturões em disputa.
Passado o prazo, somente dois deles ainda se qualificavam para manter os seus títulos. Um deles foi o campeão dos pesos-pesados, George Arias, que teve o cuidado de participar de uma luta com a meta específica de respeitar o prazo.
Um dos beneficiados pela iniciativa da confederação é o invicto meio-pesado Jackson ""Demolidor" Junior, que havia desafiado o campeão da categoria, Mário Soares, o Marinho.
Dirigentes da confederação alegam que, ao ser questionado sobre o fato de não colocar o cinturão em disputa, Marinho informou que não havia desafiantes dispostos a enfrentá-lo.
Ao saber da disposição de Junior, a CBB diz que não foi mais possível falar com o campeão. Cartolas da entidade foram informados de que ele estava em viagem ou que não poderia discutir o tema por estar envolvido em outros compromissos.
O manager de Junior, Servílio de Oliveira, que guiou Valdemir Pereira, o Sertão, ao título da Federação Internacional de Boxe, afirma estar insatisfeito, apesar de a iniciativa da confederação ter aberto as portas para chegar ao título.
""Por um lado é bom, porque o Jackson terá a oportunidade de lutar pelo título. Mas não é a mesma coisa", lamenta Servílio. ""É diferente lutar por um cinturão vago do que enfrentar o campeão. O evento ganha mais importância nesse caso."
Jackson diz ser um problema de autoconfiança um campeão não querer arriscar seu título. ""Acho que eles não têm confiança em si." Alguns dos campeões destituídos alegam que promover programações é função a cargo da confederação.
""Quando um lutador assina contrato profissional com um manager e um promotor, eles é que passam a ser responsáveis por sua carreira", afirma Silva.
""O Conselho Mundial de Boxe não faz eventos, só sanciona títulos. É o mesmo conosco."


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