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FUTEBOL
Erres
SONINHA
COLUNISTA DA FOLHA
Ronaldo, Romário, Rivaldo.
Três dos nomes mais ouvidos
como saudação quando um brasileiro viaja pelo mundo; três jogadores sobre os quais os brasileiros adoram discordar.
Muitos já sugeriram a aposentadoria dos três -a de Ronaldo,
depois das cirurgias; a de Romário, a cada dor na coxa; e agora a
de Rivaldo, rapidamente divorciado do que parecia um bom casamento com o vitorioso Cruzeiro
e o competente Luxemburgo.
Há três tipos de opiniões sobre
Rivaldo: há quem defenda que ele
é um grande jogador, injustiçado;
muitos já foram fãs de Rivaldo,
mas não o vêem agora sequer como bom jogador; e há os que nunca enxergaram seu bom futebol.
Sempre se fala na baixa inclinação de Rivaldo para a autopromoção como uma das explicações
para a rejeição de parte da torcida. Mas há atletas antipáticos, arrogantes ou mal-humorados que
são adorados pela multidão. Romário, por exemplo, não faz o
menor esforço para ser agradável
-às vezes até se esforça para não
ser. E também não se pode dizer
que seja "marqueteiro": curte a
sua balada, o futevôlei e as peladas, mas não vive em eventos sociais e publicitários.
Rivaldo era adorado no Palmeiras, com o jeitão arredio que
tem hoje. A platéia dos shows do
Mundo Livre S/A, em São Paulo,
adorava cantar o verso "Eu só
queria ser Rivaldo". Acho que
não é o modo de ser do meia (atacante?) que afasta as pessoas, mas
a própria maneira de jogar.
Tostão definiu perfeitamente o
"estilo" de Rivaldo no trato com a
bola -recebe, domina, ajeita e,
depois, decide o que vai fazer.
Muitas vezes a decisão é "partir
pra cima" de dois ou três marcadores. A cena se repete mil vezes:
Rivaldo é ensanduichado pelos rivais, perde a bola e cai, enquanto
algum companheiro bem colocado esperava um lançamento.
Por que será que ele insiste tantas vezes na mesma jogada? Vontade de provar que é capaz? Rivaldo deveria estar acima disso,
mas não é fácil domar sentimentos incômodos. Mesmo sem perceber, mesmo acreditando nas próprias palavras de que "não preciso provar mais nada", o jogador
pode ter o impulso inconsciente
de tentar "calar a boca" dos detratores -e quanto mais tenta,
sem querer tentar, mais se confunde e repete os erros.
Com o tempo, os craques se tornam mais econômicos e eficientes
-correm menos porque se posicionam melhor e sabem a inutilidade de alguns piques; tocam menos a bola, mas aproveitam melhor as chances. Rivaldo, ao contrário, parece ter consolidado os
maus hábitos -prender a bola,
baixar a cabeça, tentar o drible
previsível, ocupar a mesma faixa
do campo. Será que nenhum técnico conseguiria corrigir os defeitos e recuperar suas qualidades?
Um psicólogo seria inútil?
É compreensível que Rivaldo seja dado como "acabado" para o
futebol. Mas já dissemos isso de
muitos e erramos bastante. Quem
sabe uma passagem pelo seu velho Santa Cruz lhe faça bem. Se
Ronaldo é um fenômeno, Rivaldo
é o enigma.
(In)compatibilidade
Luxemburgo e os irmãos Perrella se parecem muito -são tão
competentes quanto vaidosos;
tão capazes de organizar quanto de desestruturar um time.
Impossibilidade
Listas de melhores só são justas
se forem completamente desvinculadas de preocupações
políticas, mercadológicas, etc.
"Os Cem da Fifa" nunca estariam livres de distorções... É
evidente que alguns atletas só
foram escolhidos para que seus
países fossem contemplados.
Menos
Nas passeatas promovidas pela
Força Sindical pedindo a volta
dos bingos, uma oradora comparava a MP que fechou os estabelecimentos ao ataque do 11
de Setembro. Assim não dá...
E-mail
soninha.folha@uol.com.br
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