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Coreia do Norte perde até camisas em tour
Rival do Brasil na Copa viaja em meio a contratempos
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
Submetidos aos rigores do
regime mais fechado do mundo, os jogadores da seleção de
futebol da Coreia do Norte
tampouco vêm tendo uma vida
fácil fora do país. Desde sexta,
quando deixaram Pyongyang,
tiveram um amistoso cancelado por causa do terremoto no
Chile, um voo cancelado na
França devido à tormenta
Xynthia e chegaram à Venezuela sem nenhuma bagagem.
O primeiro rival do Brasil na
Copa faria amistoso hoje contra o Chile, mas a partida ficou
inviabilizada no sábado, quando um terremoto de 8,8 graus
na escala Richter devastou o
país. A notícia pegou a comitiva
norte-coreana em Paris, onde
faria a conexão para Santiago.
A solução surgiu com o convite da Federação Venezuelana
de Futebol (FVF) para a realização de uma segunda partida
amistosa hoje contra o time
sul-americano, além da que já
estava marcada para sábado.
Proposta aceita, foram domingo ao aeroporto Charles de
Gaulle pegar o avião para a Venezuela. Mas a tormenta que
deixou cerca de 50 mortos na
França impediu a decolagem
do avião da Air France.
Na segunda-feira, os norte-
-coreanos finalmente puderam
embarcar sem problemas para
a América do Sul, mas a surpresa ficou na chegada a Caracas:
toda a bagagem da equipe, incluindo os uniformes e as chuteiras, havia sido extraviada.
De novo, a FVF ofereceu a solução, ao emprestar todo o material esportivo. Foi só assim,
com camisas da seleção venezuelana, que os norte-coreanos
fizeram o primeiro treino com
bola da viagem, anteontem à
noite, num campo de Caracas.
Caso a bagagem extraviada
não chegue a tempo para a partida de hoje, marcada para San
Felipe (a 280 km de Caracas),
os norte-coreanos deverão entrar com o segundo uniforme
da Venezuela ou vestidos todos
de branco. Até ontem à tarde,
havia inclusive o risco de a primeira partida ser cancelada.
""Por motivo técnico, os atletas não querem jogar. Estão
cansados", disse o empresário
argentino Hernan Tofoni, da
empresa World 11, responsável
pelo jogo. ""Mas, politicamente,
eles têm de jogar. A Venezuela
está dando muita ajuda."
Apesar da intermediação do
representante da Fifa para o jogo, o francês Alexandre Cadeh,
o técnico Kim Jong-hun não
quis falar com a Folha. Kim é o
único autorizado a ter contato
com a imprensa. Os atletas não
podem dar entrevista, sob a
alegação de que não falam inglês, embora a comitiva de 30
pessoas tenha intérprete.
A principal estrela da equipe
é o atacante e capitão, Hong
Yong-jo, que atua pelo Rostov,
equipe do futebol russo.
Ontem à tarde, a comitiva
norte-coreana, formada por
atletas, comissão técnica e,
aparentemente, agentes de segurança portando broche com
o rosto do ditador Kim Jong-il,
deixou Caracas rumo a Barquisimeto, cidade perto de San Felipe, onde viu o amistoso da Venezuela contra o Panamá.
Para jogar três partidas em
quatro dias, o venezuelano César Farias convocou nada menos do que 28 jogadores.
NA TV - Venezuela x Coreia do Norte
ESPN, ao vivo, às 16h30
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