São Paulo, quinta-feira, 04 de março de 2010

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Coreia do Norte perde até camisas em tour

Rival do Brasil na Copa viaja em meio a contratempos

FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

Submetidos aos rigores do regime mais fechado do mundo, os jogadores da seleção de futebol da Coreia do Norte tampouco vêm tendo uma vida fácil fora do país. Desde sexta, quando deixaram Pyongyang, tiveram um amistoso cancelado por causa do terremoto no Chile, um voo cancelado na França devido à tormenta Xynthia e chegaram à Venezuela sem nenhuma bagagem.
O primeiro rival do Brasil na Copa faria amistoso hoje contra o Chile, mas a partida ficou inviabilizada no sábado, quando um terremoto de 8,8 graus na escala Richter devastou o país. A notícia pegou a comitiva norte-coreana em Paris, onde faria a conexão para Santiago.
A solução surgiu com o convite da Federação Venezuelana de Futebol (FVF) para a realização de uma segunda partida amistosa hoje contra o time sul-americano, além da que já estava marcada para sábado.
Proposta aceita, foram domingo ao aeroporto Charles de Gaulle pegar o avião para a Venezuela. Mas a tormenta que deixou cerca de 50 mortos na França impediu a decolagem do avião da Air France.
Na segunda-feira, os norte- -coreanos finalmente puderam embarcar sem problemas para a América do Sul, mas a surpresa ficou na chegada a Caracas: toda a bagagem da equipe, incluindo os uniformes e as chuteiras, havia sido extraviada.
De novo, a FVF ofereceu a solução, ao emprestar todo o material esportivo. Foi só assim, com camisas da seleção venezuelana, que os norte-coreanos fizeram o primeiro treino com bola da viagem, anteontem à noite, num campo de Caracas.
Caso a bagagem extraviada não chegue a tempo para a partida de hoje, marcada para San Felipe (a 280 km de Caracas), os norte-coreanos deverão entrar com o segundo uniforme da Venezuela ou vestidos todos de branco. Até ontem à tarde, havia inclusive o risco de a primeira partida ser cancelada.
""Por motivo técnico, os atletas não querem jogar. Estão cansados", disse o empresário argentino Hernan Tofoni, da empresa World 11, responsável pelo jogo. ""Mas, politicamente, eles têm de jogar. A Venezuela está dando muita ajuda."
Apesar da intermediação do representante da Fifa para o jogo, o francês Alexandre Cadeh, o técnico Kim Jong-hun não quis falar com a Folha. Kim é o único autorizado a ter contato com a imprensa. Os atletas não podem dar entrevista, sob a alegação de que não falam inglês, embora a comitiva de 30 pessoas tenha intérprete.
A principal estrela da equipe é o atacante e capitão, Hong Yong-jo, que atua pelo Rostov, equipe do futebol russo.
Ontem à tarde, a comitiva norte-coreana, formada por atletas, comissão técnica e, aparentemente, agentes de segurança portando broche com o rosto do ditador Kim Jong-il, deixou Caracas rumo a Barquisimeto, cidade perto de San Felipe, onde viu o amistoso da Venezuela contra o Panamá.
Para jogar três partidas em quatro dias, o venezuelano César Farias convocou nada menos do que 28 jogadores.


NA TV - Venezuela x Coreia do Norte
ESPN, ao vivo, às 16h30




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