São Paulo, domingo, 04 de abril de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL

Onde está o espetáculo?

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Pior que Paraguai 0x0 Brasil foi Holanda 0x0 França. Os últimos dias não foram nada ricos em grandes jogos de seleções. No papel e na expectativa, eram ótimas partidas, mas há um certo acomodamento geral no planeta. Talvez o fato de Argentina e França terem dado show antes da última Copa e fracassado feio no Mundial explique um pouco isso. Talvez o fato de o Brasil ter colhido uma série de insucessos antes da Copa e vencido o torneio explique bastante isso.
De que adianta arrasar em amistosos ou em mais um jogo de uma longa disputa, caso das eliminatórias sul-americanas? As seleções que mais renderam após a Copa, em termos de resultados, foram República Tcheca e Holanda. Os tchecos perderam no meio de semana uma invencibilidade de 20 jogos. Para quem? Irlanda, equipe mediana que deixou os holandeses fora da Copa, não se classificou para a Euro-2004 e que foi uma das quatro que ficaram no 0 a 0 com o novo Brasil de Parreira. "Foi minha primeira derrota. Como consolo, não foi em um torneio", afirmou Karel Brückner, técnico da República Tcheca.
A Holanda ostenta longa série invicta em amistosos com Dick Advocaat, mas caiu em jogos que valiam muito. O time laranja tem até ousado em sua escalação (os ofensivos Cocu e Zenden foram zagueiro e lateral, respectivamente, contra os atuais campeões europeus), mas jogado burocraticamente, coisa que pode ser dita de muitas seleções de ponta.
Marcelo Bielsa montou a Argentina ultraofensiva contra o Equador. O aproveitamento de Aimar, D'Alessandro, César Delgado, Crespo e Mariano González poderia satisfazer a um desejo-pedido de cinco homens de frente feito por Matinas Suzuki na Folha após o tetra com 0 a 0. Dos titulares de linha, só Ayala e Heinze tinham atribuições só defensivas, o que não impediu os dois de perderem as duas melhores chances da primeira etapa. No segundo tempo, houve espaço para os ex-excluídos Riquelme e Tevez. Um esquema que pode ser lido como 2-3-2-3 pouco fez em casa diante das limitações equatorianas: 1 a 0, gol de fora da área (nada fruto de um ataque em massa).
"Jogamos bem por 25 minutos", diz, satisfeito, o técnico da Holanda. "Respondemos bem à pressão que a Holanda fez durante alguns minutos. O 0 a 0 é um bom resultado", diz Jacques Santini, treinador que tem material para fazer a mais letal seleção francesa e que perdeu a chance do recorde mundial de 15 vitórias seguidas. Os discursos não animam.
A Itália de Trapattoni fez 2 a 1 em Portugal no erro do adversário (do goleiro Ricardo) e no erro do árbitro (Vieri fez falta no gol). Felipão sofre contra rivais que estarão na Eurocopa. Seu time não empolga, mas ninguém se surpreenderá muito com seu sucesso no torneio do meio deste ano.
A seleção atual de Parreira aparece, pelo esquema e pelos atletas, bem mais ofensiva do que a que venceu a Copa de 1994. Os resultados, porém, não confirmam isso. É a velha história de que na prática a teoria é outra. Todos anseiam pelo espetáculo, mas está difícil. Lula que o diga.

Copa dos Campeões
Já elogiei a Rede TV! por deixar o público escolher o jogo que quiser. Mas só um duelo, Arsenal x Chelsea, parece indefinido. Veremos?

Uefa
Keegan (20º), Best (19º), Müller (18º), Baresi (17º), Rummenigge (16º), Matthäus (15º), Charlton (14º), Gullit (13º), Rossi (12º) e Puskas (11º). A eleição dos 50 melhores europeus chega aos top 10.

Conmebol
O site está mais bonito e destaca o ranking de clubes (desatualizado).
Freddy Adu O espetáculo do "novo Pelé" na MLS começaria ontem.


E-mail rbueno@folhasp.com.br


Texto Anterior: Judô: Ao menos dois olímpicos serão definidos hoje
Próximo Texto: Automobilismo: F-1 corre para pagar dívida com árabes
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.