São Paulo, terça-feira, 04 de maio de 2004

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NATAÇÃO

Em meio a maus resultados, país define seleção

Troféu Brasil distribui vagas em Atenas e testa vocação olímpica

GUILHERME ROSEGUINI
DA REPORTAGEM LOCAL

A natação pode repetir o ritual das três últimas Olimpíadas e alcançar o pódio em Atenas?
A resposta para a questão começa a ser elaborada hoje, quando o Rio abriga a 44ª edição do Troféu Brasil. O evento define a seleção que representará o país na Grécia.
Desde o bronze obtido no revezamento 4 x 100 m livre nos Jogos de Sydney-2000, o país não emplaca um atleta entre os três primeiros nas competições mais importantes da modalidade.
No Mundial de Fukuoka, em 2001, e no de Barcelona, disputado em 2003, nenhum nadador ficou entre os cinco melhores.
Falar em medalha após essas atuações só não é considerada uma heresia por causa das recentes marcas logradas pela principal revelação das piscinas do país nos últimos anos: Thiago Pereira.
No último Sul-Americano, em março, no Uruguai, ele nadou os 200 m medley em 2min00s19. A marca o colocou em uma situação privilegiada. Em 2004, apenas dois atletas -um norte-americano e um japonês- conseguiram completar o evento com um tempo inferior ao do brasileiro.
Mais: Pereira aparece em 13º no ranking dos melhores nadadores da prova em todos os tempos, quando contado apenas o melhor tempo de cada competidor.
"Se ele já nadar abaixo dos 2 minutos no Troféu, não há como negar sua condição de candidato à medalha", diz Coaracy Nunes, presidente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos.
Pereira sabe que vive a melhor fase da curta carreira -ele tem 18 anos-, mas prefere não fazer previsões. "Pude descansar antes desse Troféu Brasil, mas não posso dizer com exatidão como vou nadar. Vamos ver como me sentirei na hora das provas", avisa.
Como comparação, a medalha de bronze nos 200 m medley no último Mundial ficou com o australiano Ian Thorpe. Ele completou a prova em 1min59s66, apenas 63 centésimos abaixo do tempo cravado pelo brasileiro.
Há ainda outra motivação para Pereira: bater um recorde histórico que já perdura por 10 anos.
Na Olimpíada de Los Angeles-1984, Ricardo Prado conquistou a medalha de prata nos 400 m medley com 4min18s45. De lá para cá, nenhum nadador da América do Sul melhorou o tempo.
Carioca de Volta Redonda e atleta do Minas, Pereira precisa abaixar pouco mais de um segundo para obter o feito -sua melhor performance é 4min19s89.
Bem longe desse frenesi, atletas consagrados tentam confirmar seu lugar na seleção. Dono de quatro medalhas nos Jogos, Gustavo Borges tem índice nos 100 m livre. Fernando Scherer, bronze em Atlanta-1996, também está pré-classificado nos 50 m livre.
O mais velho na luta por um lugar é Rogério Romero, 33, que integra a equipe nacional desde Seul-1988. Ele busca ratificar seu lugar nos 200 m costas.
Até aqui, o país já classificou 10 atletas -sendo duas mulheres- e três revezamentos para Atenas. O Troféu Brasil vai até domingo.


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