São Paulo, quinta-feira, 04 de maio de 2006

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AÇÃO

Com prazer e sem pressão

CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA

Para quem chegou a cogitar aposentadoria neste ano, Kelly Slater evidencia que, caso tivesse tomado essa decisão, os motivos poderiam ser os mais diversos, exceto técnico. Com duas vitórias nas duas etapas disputadas na temporada -e em ondas que variaram de meio metro irregular a dois metros perfeitos-, ele deixa claro que mantém as mesmas forma, versatilidade e disposição que o levaram a conquistar cinco títulos consecutivos e sete no total.
O havaiano Andy Irons, que foi seu algoz em passado recente, foi ao mesmo tempo seu maior incentivador, mas vencê-lo, como ocorreu no ano passado, parece não bastar para Slater, que continua mostrando que ama competir e o faz -especialmente agora, sem pressão- com o maior prazer, divertindo-se, no mais autêntico espírito do esporte.
A vitória em Bell's, na Austrália, o campeonato mais tradicional do circuito e que tem a mesma idade do campeão, 34 anos, foi conquistada numa final de ondas clássicas, direitas grandes, longas e perfeitas, nas quais pôde mostrar todo o seu repertório de manobras para derrotar o local Joel Parkinson.
Voltar a badalar o sino do Bell's, após 12 anos, valeu também para o americano de Cocoa Beach, Flórida, mais um recorde na sua carreira, o último que ainda restava para ser quebrado. No Rip Curl Pro, ele conquistou sua 33ª vitória no Tour, igualando sua marca à de Tom Curren, tricampeão mundial em 1985, 1986 e 1990, quando o circuito mundial tinha o dobro de etapas do que tem atualmente.
Para melhorar a situação do campeão e deixar os adversários ainda mais preocupados, começa hoje o período de espera da etapa mais temida e aguardada do Tour, o Billabong Pro Tahiti, em Teahupoo. No ano passado, com uma vitória inédita na história do surfe, duas notas 10 na final, Slater deu a arrancada que o levou a reconquistar o título mundial.
Com o retrospecto de 100% de aproveitamento no ano e o título da etapa para defender, Slater chega aos cavernosos tubos de "Chopes", como é carinhosamente tratada a onda taitiana, como o homem a ser batido. O brasileiro Paulo Moura terá essa ingrata chance logo na primeira fase da prova, disputada por três atletas, dos quais um passa direto para o terceiro round e dois vão para a repescagem. Raoni Monteiro, contundido, continua fora.
Ontem, as ondas estavam com 1,5 m, mas durante as triagens atingiram os 3 m. Entre os 90 inscritos para a seletiva, dois taitianos garantiram vaga.
A prova no Taiti poderá ser acompanhada ao vivo, com sinal gerado pela internet, pelo Sportv. O novo formato, apesar de limitado em definição, fez tanto sucesso que foi repetido em outras etapas e agora completa um ano.
Mal comparando, há quem diga que, caso o Brasil vença a Copa na Alemanha, a disputa do mais importante torneio de futebol vai se tornar monótona. No caso do Mundial de surfe, mesmo que Slater continue imbatível, suas apresentações garantem o show e, assim, o interesse do público.

Surfe na Escócia - WQS
Russel Winter, que tem nome apropriado para as geladas ondas da etapa, foi o vencedor do inédito cinco estrelas em Thurso. Bernardo Pigmeu, de PE, ficou em segundo, e Jihad Kohdr, do PR, em quinto.

Só deu Paraná no Ceará
O paranaense Wagner Ramos venceu a 1ª etapa do Brasileiro de skate, categoria street, em Sobral. Seus conterrâneos Rodil "Ferrugem" e Daniel Vieira ficaram em segundo e terceiro, respectivamente.

Surfe sub-18 e sub-16
O Quiksilver ISA World Júnior começa no sábado em Maresias, SP, com 28 países. Será a quarta edição do torneio entre países e a primeira no Brasil. Categorias masculina e feminina estarão em disputa.

E-mail sarli@trip.com.br


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