São Paulo, quinta-feira, 04 de maio de 2006

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FUTEBOL

Time decide vida na Libertadores em situação similar à de 2003, quando caiu ante o River Plate e entrou em crise

Corinthians joga para espantar déjà vu

EDUARDO ARRUDA
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL

"Temos a favor a torcida, a força do nosso time e ainda 90 minutos para reverter esse quadro." O ano é 2003. E a declaração é do zagueiro Fábio Luciano, um dia antes de enfrentar o River Plate na partida decisiva das oitavas-de-final da Taça Libertadores da América.
"Nosso time é muito superior ao deles. Tenho certeza de que vamos nos classificar. Temos de pensar só no lado bom." A frase é do meia Carlos Alberto na véspera de encarar o mesmo River, na mesma fase do torneio continental, hoje, às 21h45, no Pacaembu.
A situação é quase idêntica. Contra o algoz de 2003, o Corinthians tenta evitar uma situação que o levou para o buraco três anos atrás. Assim como naquela época, os corintianos perderam o primeiro jogo de virada, na Argentina, e são favoritos para avançar por terem time superior.
A derrota naquela época, por 2 a 1 nos dois jogos, mergulhou o clube em uma grave crise. A equipe foi praticamente desmontada, nenhum treinador passou a durar muito tempo, membros da diretoria saíram, e os corintianos só voltaram a ganhar um torneio no ano passado, quando venceram o Campeonato Brasileiro.
Um novo fracasso nesta noite poderá significar uma derrocada ainda mais traumática.
Isso se explica facilmente. O Corinthians de 2006 é o mais caro da sua história de quase 100 anos, conta com estrelas internacionais e enfrentará um adversário cambaleante, repleto de desfalques.
"Se não ganharmos será preciso planejar de novo", diz o presidente da MSI, Kia Joorabchian.
Com o vultoso investimento de R$ 150 milhões vindo da parceira, a queda no torneio que mais deseja pode provocar uma grande reformulação na milionária equipe, puxada por seu maior astro, Tevez. O atacante argentino, contratação mais cara do futebol brasileiro (R$ 44 milhões), já afirmou que será difícil o Corinthians segurá-lo caso ele faça uma boa Copa do Mundo com a sua seleção.
Kia promete manter Tevez após a Copa da Alemanha, mas só em caso de o clube seguir no torneio.
Para evitar um desmanche, não resta outra alternativa ao time senão bater o rival.
Como perdeu a partida de ida em Buenos Aires por 3 a 2, basta uma vitória por 1 a 0 ou 2 a 1 para seguir às quartas. Um triunfo por 3 a 2 leva à decisão da vaga para os pênaltis, possibilidade rechaçada pelos corintianos.
O discurso de Geninho, em 2003, e o de Ademar Braga, agora, também se assemelham. O técnico que foi demitido pouco tempo depois da eliminação no Morumbi falava, à exaustão, sobre a importância do título. Braga não alterou o tom. "Nós temos elenco para vencer a Libertadores."
Da mesma forma que o colega, Braga não terá um atleta importante no jogo decisivo por expulsão em Buenos Aires. Em 2003, o lateral Kléber desfalcou o time alvinegro. Hoje, o Corinthians não terá o volante Mascherano.
O termômetro da ambição corintiana atrás da inédita taça já levantada pelo clube argentino pode ser medido pela procura dos ingressos. Todos os 31.800 bilhetes foram comercializados, e o estádio estará lotado, assim como nas outros jogos do time em casa.
O vencedor da série entre Corinthians e River Plate enfrenta nas quartas-de-final da Libertadores o sobrevivente do confronto entre os paraguaios do Libertad e os mexicanos do Tigre.


Colaborou Tales Torraga, da Reportagem Local
NA TV - Sportv, ao vivo, a partir das 21h45


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