São Paulo, terça-feira, 04 de junho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

GRUPO C/ ONTEM

Time joga torto, marcação total fracassa, esquema tático rui, mas vitória vem

Seleção esquece os ensaios e falha no ataque e na defesa

DOS ENVIADOS A ULSAN

Apesar de a seleção ter conseguido a primeira vitória na Copa, os jogadores esquecerem as três semanas de ensaio comandadas pelo técnico Luiz Felipe Scolari ao entrar no estádio Munsu.
Nada funcionou como planejado pelo treinador desde as prometidas blitze até o entrosamento do trio de ataque formado por Ronaldo, Rivaldo e Ronaldinho.
"O mais importante foi o fato de que tivemos forças para virar. É sempre difícil começar uma Copa do Mundo", declarou o atacante Ronaldo, autor do primeiro gol da seleção no Mundial.
Para a partida contra a China, sábado, Ronaldo acredita que o time estará mais ""leve".
A principal surpresa tática prevista por Scolari, a ""marcação total", não aconteceu. As ensaiadas blitze, como o técnico apelidou a marcação da seleção desde o ataque com Ronaldo e Rivaldo até a defesa, foi um fracasso. Em nenhum momento os jogadores ofensivos repetiram a forte marcação ensaiada nos treinos.
Nos dias de preparação para a partida contra a Turquia, Scolari cobrava dos atletas que as blitze ocorressem pelo menos quatro vezes durante a partida. Segundo o treinador, cada uma deveria durar cerca de dez minutos. O treinador disse que vai cobrar as blitze na partida contra os chineses.
O prometido esquema equilibrado montado por Scolari também não se viu no estádio Munsu.
A seleção jogou torta durante toda a partida. No primeiro tempo, o time atacou praticamente pelo lado direito do campo, com o meia Juninho e o lateral Cafu. O meia-atacante Rivaldo e o lateral Roberto Carlos ficaram praticamente esquecidos.
No segundo tempo, a equipe caiu toda para o lado esquerdo. Com Rivaldo mais recuado para o meio-campo, as jogadas começaram a surgir pelo outro lado. A entrada de Denílson, que deu 8 dos 33 dribles do Brasil, melhorou ainda mais o time pela esquerda.
""Fomos melhor no primeiro tempo. No segundo, jogamos pior e fizemos os gols", disse Juninho, reconhecendo que a equipe não fez uma boa estréia.

Defesa vulnerável
O esquema de cobertura dos três zagueiros também fracassou. Eles ficaram quase sempre apavorados quando os atacantes adversários atacavam pelas pontas.
Sem Emerson, o bloqueio no meio ficou vulnerável. O time levou o gol numa saída errada de Juninho. Ele perdeu a bola que deu início à jogada do gol turco.
""É uma falha que a gente não pode ter, sair jogando com a bola dessa forma. Até porque o erro, vocês viram, pode complicar a equipe", disse o goleiro Marcos.
As jogadas ensaiadas por Scolari também decepcionaram. Os zagueiros Lúcio e Edmilson, que eram as principais armas do treinador nos escanteios, não levaram perigo ao gol adversário.
As cobranças de laterais ensaiadas por Roberto Carlos não surpreenderam os turcos. Rivaldo, que era a peça central da jogada, quase não acertou a bola.
Os três ""erres" também tiveram atuação irregular. Mesmo com os gols de Ronaldo e Rivaldo, o trio de ataque ainda não desencantou.
Deu tudo errado no até aqui mais faltoso jogo da Copa (41 infrações, 19 do Brasil), menos o resultado. Apesar da atuação, Scolari deve manter o time, que pode se classificar antecipadamente para a segunda fase se bater a China. (FÁBIO VICTOR, FERNANDO MELLO, JOSÉ ALBERTO BOMBIG E SÉRGIO RANGEL)



Texto Anterior: Tostão: Bom início, apesar das ressalvas
Próximo Texto: Lance a Lance
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.