São Paulo, terça-feira, 04 de junho de 2002

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GRUPO B

Fifa computa infração não assinalada pelo juiz e estraga marca de atleta paraguaio

Gamarra vê jogo limpo acabar por erro estatístico

PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A GWANGJU

Um erro na apuração das estatísticas oficiais da Copa-2002 tirou do zagueiro paraguaio Gamarra a chance de estender sua incrível marca de fair play.
No jogo contra a África do Sul, a entidade que controla o futebol atribuiu ao jogador paraguaio uma falta que não aconteceu.
Com isso, após cinco partidas e quase 500 minutos seguidos, Gamarra cometeu sua primeira falta em jogos válidos por Mundiais.
O equívoco estatístico aconteceu por causa de um lance aos 27min do primeiro tempo, quando o zagueiro deu um chute para tentar roubar a bola do goleiro adversário, sem acertá-lo.
O juiz Lubos Michel, da Eslovênia, não marcou a falta, tanto que o sul-africano recolocou a bola em jogo sem colocá-la no chão, como manda a regra em caso de uma infração. Mas a infração foi lançada assim mesmo nas anotações oficiais da partida.
No mesmo confronto, a Fifa se atrapalhou para indicar o real autor do primeiro gol da África do Sul, que acabou designado de vez para Mokoena.
Para o Mundial de 2002, a entidade presidida pelo suíço Joseph Blatter fez seu maior investimento na elaboração de estatísticas. Nos estádios japoneses e sul-coreanos, os números dos jogos são atualizados imediatamente após cada lance, como uma falta ou uma finalização, como acontece nas ligas profissionais de esportes nos EUA, como a NBA (basquete) e a NFL (futebol americano).
Depois de apurados, eles entram na rede interna da Fifa para a Copa, que foi projetada por uma empresa espanhola e serve a jornalistas e às seleções.
Sistema tão moderno, entretanto, não foi capaz de manter a chance de Gamarra, 31, terminar seu segundo Mundial dando aulas de como jogar limpo.

Vítima
Além da Copa-98, ele já havia mostrado seu estilo leal quando defendeu o Corinthians. Na conquista do título brasileiro de 1998, ele teve média de faltas inferior a 1,3 por confronto. Na mesma competição, outros zagueiros cometeram em média três infrações.
Contra a África do Sul, Gamarra, na verdade, esteve muito mais para vítima da violência. Saindo para o jogo com a bola dominada, ele sofreu cinco faltas, a segunda maior marca da sua equipe no confronto, válido pelo Grupo B.
Para o paraguaio, que deve trocar o futebol grego pela Inter de Milão na próxima temporada, resta o consolo de permanecer sem ser advertido em Copas. Ele não recebeu nenhum cartão.



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