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São Paulo, quarta-feira, 04 de junho de 2003

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FUTEBOL

Jogaço na Vila Belmiro

TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA

O Santos enfrenta hoje o Independiente da Colômbia às 21h40. Se o estatuto diz que o torcedor tem direito a transporte seguro e eficiente, os jogos noturnos deveriam acontecer mais cedo. Voltar para casa depois da meia-noite é mais perigoso.
O Santos voltou a jogar muito bem contra o São Paulo. Atacou por todos os lados, marcou por pressão e dominou o jogo. O time só não repetiu as belíssimas atuações das finais do Brasileiro porque faltaram um bom centroavante e um bom lateral-direito.
O Santos não tem mais um centroavante atuando de pivô (Alberto), que facilitava para os jogadores que vinham de trás, nem um ótimo finalizador (Ricardo Oliveira). Daí, a surpreendente improvisação do volante Fabiano nessa posição. Contra o São Paulo, ele fez um gol no estilo dos típicos centroavantes. Mas foi só. Aí não é o seu lugar.
Costumo brincar, falando sério, que se escalassem um zagueiro forte, alto e raçudo de centroavante, numa ótima e ofensiva equipe, ele também faria uma média de meio gol por partida, como muitos artilheiros. Não será surpresa se Fabiano fizer o mesmo. Se fosse o zagueiro Alex, a média seria maior.
Acho que se dá uma excessiva importância ao atacante que joga parado na frente, não tem habilidade e faz gols. A equipe que tem vários artilheiros rápidos e habilidosos, como a do Cruzeiro, leva uma grande vantagem.
Para resolver o problema da lateral direita, Leão testou várias vezes o Nenê na esquerda, Robinho na direita e Elano na lateral. Não resolveu a deficiência na lateral e prejudicou o time e as atuações do Robinho e do Elano. Contra o São Paulo, os dois jogaram nas suas posições corretas.
Apesar dos altos e baixos, característica dos jovens, Diego e Robinho são uma realidade. Vieram para ficar na história e no imaginário do futebol. Após excessivos elogios, os dois estão sendo mais cobrados do que deveriam.
Ambos precisam evoluir. Diego conduz demais a bola, é tocado e fica muito no chão. Craque joga em pé. Fora disso, ele tem uma técnica excepcional. Dribla, passa, cruza e finaliza com brilho e eficiência.
Robinho deveria driblar mais em velocidade e menos parado, como disse no programa "Bate-Bola", da ESPN Brasil, o ex-ponta do Santos Abel. Com a bola em movimento, ele é imarcável, porque é muito rápido e dribla para os dois lados. Robinho não é apenas um driblador, um fantasista. É inteligente, eficiente e tem melhorado o passe e a finalização.
Mas o jogador mais eficiente e regular do Santos é o Renato. Há anos, os técnicos dividiram os atletas de meio-campo em defensivos (volantes) e ofensivos. Acabaram com os jogadores que faziam bem as duas coisas, como Gerson e Falcão.
Renato, assim como Kleberson, defende, apóia e ataca com talento. É preciso formar mais jogadores desse tipo. Em vez de colocar todos os armadores habilidosos para jogarem de meias, os técnicos deveriam também treinar alguns meias para desarmarem e serem volantes. Isso melhoraria a qualidade no meio-campo.
Hoje, mesmo sem um bom centroavante e um lateral-direito, o Santos tem grandes chances de vencer. Quem sabe com um gol do novo artilheiro Fabiano após um cruzamento do inspirado lateral Wellington.

Seleção improvisada
A mudança das datas das finais da Copa do Brasil ajudou muito o Parreira na convocação. Mesmo assim, ele teve de fazer arranjos. Corinthians, Cruzeiro e Atlético-PR concordaram e cederam três jogadores. Os três e mais o São Paulo, que teve dois de seus atletas convocados, serão bastante prejudicados no Brasileiro. Diante das circunstâncias, Felipe (Flamengo) merecia ser chamado.
A convocação mais justa foi a do Alex, o melhor jogador do país. Se o Parreira mantiver a formação tática dos últimos dois jogos, com dois volantes, um meia de cada lado e dois atacantes, Alex, provavelmente, ficará no banco. Ele joga mais adiantado, livre, quase como um terceiro atacante.
Se eu fosse escalar esse time, colocaria: Dida; Maurinho, Fábio Luciano, Lúcio e Kléber; Emerson, Kleberson e Ricardinho; Alex, Ronaldinho e Luis Fabiano. Gil seria uma ótima opção para mudar o esquema tático.
Mas o que mais me chamou a atenção na convocação foi a cara triste, abatida e tensa do Parreira. Fiquei preocupado. Não é fácil ser técnico da seleção.

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