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FUTEBOL
Jogaço na Vila Belmiro
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
O Santos enfrenta hoje o Independiente da Colômbia às
21h40. Se o estatuto diz que o torcedor tem direito a transporte seguro e eficiente, os jogos noturnos
deveriam acontecer mais cedo.
Voltar para casa depois da meia-noite é mais perigoso.
O Santos voltou a jogar muito
bem contra o São Paulo. Atacou
por todos os lados, marcou por
pressão e dominou o jogo. O time
só não repetiu as belíssimas atuações das finais do Brasileiro porque faltaram um bom centroavante e um bom lateral-direito.
O Santos não tem mais um centroavante atuando de pivô (Alberto), que facilitava para os jogadores que vinham de trás, nem
um ótimo finalizador (Ricardo
Oliveira). Daí, a surpreendente
improvisação do volante Fabiano
nessa posição. Contra o São Paulo, ele fez um gol no estilo dos típicos centroavantes. Mas foi só. Aí
não é o seu lugar.
Costumo brincar, falando sério,
que se escalassem um zagueiro
forte, alto e raçudo de centroavante, numa ótima e ofensiva
equipe, ele também faria uma
média de meio gol por partida,
como muitos artilheiros. Não será
surpresa se Fabiano fizer o mesmo. Se fosse o zagueiro Alex, a
média seria maior.
Acho que se dá uma excessiva
importância ao atacante que joga
parado na frente, não tem habilidade e faz gols. A equipe que tem
vários artilheiros rápidos e habilidosos, como a do Cruzeiro, leva
uma grande vantagem.
Para resolver o problema da lateral direita, Leão testou várias
vezes o Nenê na esquerda, Robinho na direita e Elano na lateral.
Não resolveu a deficiência na lateral e prejudicou o time e as
atuações do Robinho e do Elano.
Contra o São Paulo, os dois jogaram nas suas posições corretas.
Apesar dos altos e baixos, característica dos jovens, Diego e Robinho são uma realidade. Vieram para ficar na história e no imaginário do futebol. Após excessivos elogios, os dois estão sendo mais
cobrados do que deveriam.
Ambos precisam evoluir. Diego
conduz demais a bola, é tocado e
fica muito no chão. Craque joga
em pé. Fora disso, ele tem uma
técnica excepcional. Dribla, passa, cruza e finaliza com brilho e
eficiência.
Robinho deveria driblar mais
em velocidade e menos parado,
como disse no programa "Bate-Bola", da ESPN Brasil, o ex-ponta
do Santos Abel. Com a bola em
movimento, ele é imarcável, porque é muito rápido e dribla para
os dois lados. Robinho não é apenas um driblador, um fantasista.
É inteligente, eficiente e tem melhorado o passe e a finalização.
Mas o jogador mais eficiente e
regular do Santos é o Renato. Há
anos, os técnicos dividiram os
atletas de meio-campo em defensivos (volantes) e ofensivos. Acabaram com os jogadores que faziam bem as duas coisas, como
Gerson e Falcão.
Renato, assim como Kleberson,
defende, apóia e ataca com talento. É preciso formar mais jogadores desse tipo. Em vez de colocar
todos os armadores habilidosos
para jogarem de meias, os técnicos deveriam também treinar alguns meias para desarmarem e
serem volantes. Isso melhoraria a
qualidade no meio-campo.
Hoje, mesmo sem um bom centroavante e um lateral-direito, o
Santos tem grandes chances de
vencer. Quem sabe com um gol do
novo artilheiro Fabiano após um
cruzamento do inspirado lateral
Wellington.
Seleção improvisada
A mudança das datas das finais
da Copa do Brasil ajudou muito o
Parreira na convocação. Mesmo
assim, ele teve de fazer arranjos.
Corinthians, Cruzeiro e Atlético-PR concordaram e cederam três
jogadores. Os três e mais o São
Paulo, que teve dois de seus atletas convocados, serão bastante
prejudicados no Brasileiro. Diante das circunstâncias, Felipe (Flamengo) merecia ser chamado.
A convocação mais justa foi a
do Alex, o melhor jogador do país.
Se o Parreira mantiver a formação tática dos últimos dois jogos,
com dois volantes, um meia de
cada lado e dois atacantes, Alex,
provavelmente, ficará no banco.
Ele joga mais adiantado, livre,
quase como um terceiro atacante.
Se eu fosse escalar esse time, colocaria: Dida; Maurinho, Fábio
Luciano, Lúcio e Kléber; Emerson, Kleberson e Ricardinho;
Alex, Ronaldinho e Luis Fabiano.
Gil seria uma ótima opção para
mudar o esquema tático.
Mas o que mais me chamou a
atenção na convocação foi a cara
triste, abatida e tensa do Parreira.
Fiquei preocupado. Não é fácil ser
técnico da seleção.
E-mail
tostao.folha@uol.com.br
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