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São Paulo, quarta-feira, 04 de junho de 2003

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TÊNIS

E agora?

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

A primeira participação de Gustavo Kuerten em Roland Garros foi modesta, mas não decepcionante. Em 1996, caiu na estréia, batido por Wayne Ferreira, então um dos melhores do circuito. Kuerten estava só começando.
Em 1997, Kuerten, ainda menino, despontou como uma das grandes zebras da história do Grand Slam francês.
Derrubou Thomas Muster, então dono no saibro, surpreendeu Ievguêni Kafelnikov e, quando o mundo colocou os olhos no brasileiro, ele já estava na final, nocauteando Sergi Bruguera.
O título abriu as portas para o estrelado, e ele passou a ser visto como um dos "reis do saibro". Tornou-se, então, temido.
Tanto que, nos anos seguintes, sua eliminação, tanto para um novo talento russo chamado Marat Safin, em 1998, como para um ex-top ten, como o ucraniano Andrei Medvedev, em 1999, foi vista como mero acidente.
Os títulos em 2000 e 2001 provavam que, na terra batida parisiense, poucos faziam frente a Kuerten, ele em sua melhor fase. Tenistas com bagagem, como Kafelnikov, Alex Corretja e Michael Chang, e tenistas do momento, como Juan Carlos Ferrero e Magnus Norman, ficavam pelo caminho, impiedosamente derrotados.
Houvessem três Abertos da França por ano, difícil seria encontrar alguém que não apostasse em Kuerten em todos. Ele estava próximo do imbatível no saibro. Esse histórico de sucesso só foi interrompido em 2002, mas a culpa foi da tal cirurgia no quadril direito. A eliminação, nas oitavas-de-final, deixou um gosto de decepção, mas era sabido que Kuerten jogava no limite. Era um tenista em recuperação.
Por esse histórico, a participação de Kuerten neste ano suscitava expectativa. Ele não começou o torneio como a surpresa de 1997, nem como o imbatível de 2000-2001, tampouco como aquele em recuperação de 2002.
Kuerten começou como uma incógnita, cotado por alguns como favoritíssimo ao título e desacreditado por outros. E, se entrou como incógnita, sai deixando algumas certezas.
Kuerten não é mais temido, muito menos imbatível no saibro.
Qualquer tenista que veja o brasileiro do outro lado da quadra respeita sua história e seus golpes, mas não se conforma facilmente com a derrota.
Outra certeza: seu jogo não é mais novidade. Seus golpes são potentes, fortes, porém conhecidos. Seu jogo de fundo de quadra, metros atrás da linha, começa a ser decifrado pelos rivais.
Por fim, sua mobilidade não é a mesma. Mais de um ano longe da cirurgia que mexeu com seu corpo, mostra dificuldade para chegar até as bolas, como se faltasse confiança para meter seu corpo em algumas delas.
É o fim? Jamais. Kuerten continuará vencendo muitos jogos, ganhando alguns torneios, levantando troféus, figurando entre os melhores do ranking.
Mas, para ser dominante, terá de voltar a amedrontar os pequenos e a bater nos grandes, terá de surpreender, mudar, mudar muito, de tática, atitude ou, quem sabe, de técnico.

Na linha
Flávio Saretta cumpriu seu papel, passou por bons rivais e parou em Andre Agassi. Com consistência, perdeu o medo. Agora, é só ganhar.

Fim da linha?
Chega perto do fim a vitoriosa carreira de Fernando Meligeni.

Começo da linha
Lívia Blasque, Fernando Souza e Bruna Cunha (SP), José Lucas Melgarejo (SP), Gabriela Vieira (SC) e Luis Henrique Grangeiro (DF) venceram no Circuito Banco do Brasil, em Guarulhos. Em Joinville, no Credicard MasterCard Juniors Cup, foram campeões os irmãos Teliana e Renato Pereira, Gustavo da Costa, Raquel Link, Edio Castanhel, Ana Luiza Ferreira, Felipe Poffo e Mariel Maffezzolli.

E-mail reandaku@uol.com.br


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