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TÊNIS
E agora?
RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA
A primeira participação de
Gustavo Kuerten em Roland
Garros foi modesta, mas não decepcionante. Em 1996, caiu na estréia, batido por Wayne Ferreira,
então um dos melhores do circuito. Kuerten estava só começando.
Em 1997, Kuerten, ainda menino, despontou como uma das
grandes zebras da história do
Grand Slam francês.
Derrubou Thomas Muster, então dono no saibro, surpreendeu
Ievguêni Kafelnikov e, quando o
mundo colocou os olhos no brasileiro, ele já estava na final, nocauteando Sergi Bruguera.
O título abriu as portas para o
estrelado, e ele passou a ser visto
como um dos "reis do saibro".
Tornou-se, então, temido.
Tanto que, nos anos seguintes,
sua eliminação, tanto para um
novo talento russo chamado Marat Safin, em 1998, como para um
ex-top ten, como o ucraniano Andrei Medvedev, em 1999, foi vista
como mero acidente.
Os títulos em 2000 e 2001 provavam que, na terra batida parisiense, poucos faziam frente a
Kuerten, ele em sua melhor fase.
Tenistas com bagagem, como Kafelnikov, Alex Corretja e Michael
Chang, e tenistas do momento,
como Juan Carlos Ferrero e Magnus Norman, ficavam pelo caminho, impiedosamente derrotados.
Houvessem três Abertos da
França por ano, difícil seria encontrar alguém que não apostasse em Kuerten em todos. Ele estava próximo do imbatível no saibro. Esse histórico de sucesso só foi interrompido em 2002, mas a culpa foi da tal cirurgia no quadril
direito. A eliminação, nas oitavas-de-final, deixou um gosto de
decepção, mas era sabido que
Kuerten jogava no limite. Era um
tenista em recuperação.
Por esse histórico, a participação de Kuerten neste ano suscitava expectativa. Ele não começou
o torneio como a surpresa de
1997, nem como o imbatível de
2000-2001, tampouco como aquele em recuperação de 2002.
Kuerten começou como uma incógnita, cotado por alguns como
favoritíssimo ao título e desacreditado por outros. E, se entrou como incógnita, sai deixando algumas certezas.
Kuerten não é mais temido,
muito menos imbatível no saibro.
Qualquer tenista que veja o
brasileiro do outro lado da quadra respeita sua história e seus
golpes, mas não se conforma facilmente com a derrota.
Outra certeza: seu jogo não é
mais novidade. Seus golpes são
potentes, fortes, porém conhecidos. Seu jogo de fundo de quadra,
metros atrás da linha, começa a
ser decifrado pelos rivais.
Por fim, sua mobilidade não é a
mesma. Mais de um ano longe da
cirurgia que mexeu com seu corpo, mostra dificuldade para chegar até as bolas, como se faltasse
confiança para meter seu corpo
em algumas delas.
É o fim? Jamais. Kuerten continuará vencendo muitos jogos, ganhando alguns torneios, levantando troféus, figurando entre os
melhores do ranking.
Mas, para ser dominante, terá
de voltar a amedrontar os pequenos e a bater nos grandes, terá de
surpreender, mudar, mudar muito, de tática, atitude ou, quem sabe, de técnico.
Na linha
Flávio Saretta cumpriu seu papel, passou por bons rivais e parou em
Andre Agassi. Com consistência, perdeu o medo. Agora, é só ganhar.
Fim da linha?
Chega perto do fim a vitoriosa carreira de Fernando Meligeni.
Começo da linha
Lívia Blasque, Fernando Souza e Bruna Cunha (SP), José Lucas Melgarejo (SP), Gabriela Vieira (SC) e Luis Henrique Grangeiro (DF)
venceram no Circuito Banco do Brasil, em Guarulhos. Em Joinville,
no Credicard MasterCard Juniors Cup, foram campeões os irmãos
Teliana e Renato Pereira, Gustavo da Costa, Raquel Link, Edio Castanhel, Ana Luiza Ferreira, Felipe Poffo e Mariel Maffezzolli.
E-mail reandaku@uol.com.br
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