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memória
Único fracasso do Boca forjou cachorro herói
ALEC DUARTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Na única oportunidade em
que o Boca Juniors foi eliminado da Taça Libertadores
nas semifinais -em 1991, pelo chileno Colo-Colo-, a estrela foi um pastor alemão.
O jogo, ganho pelos chilenos por 3 a 1, acabou marcado por uma cena insólita: o
goleiro do Boca, Navarro
Montoya, foi mordido nas
nádegas por Ron, 5, cão treinado que pertencia aos Carabineros (a polícia do Chile).
O ambiente em torno da
partida já era tenso, mas, a
cada gol do Colo-Colo, fotógrafos invadiam o gramado e
provocavam os rivais.
No terceiro tento, houve
uma grande briga entre os jogadores (o confronto de ida,
na Argentina, havia sido vencido pelo Boca por 1 a 0).
No meio da confusão, e enquanto agredia adversários,
Montoya foi surpreendido
pela investida de Ron.
Com uma vigorosa dentada, o cão feriu o goleiro colombiano e fez o estádio Monumental, lotado por 60 mil
torcedores, festejar como se
fosse o quarto gol chileno.
O árbitro brasileiro Renato Marsiglia conseguiu dar
prosseguimento à partida, e
o Colo-Colo se tornaria, 15
dias depois, o único time do
Chile a ter vencido o torneio
continental (na final, derrotou o Olimpia paraguaio).
Ron virou o herói da classificação. Nos dias seguintes
ao triunfo, estampou capas
de jornal, foi personagem de
reportagens na TV, ganhou
uma carteira de sócio do Colo-Colo e acabou alçado a
mascote do clube.
Em 5 de dezembro de
1992, Ron morreu de ataque
cardíaco. Enterrado num cemitério animal de Santiago, o
cão hoje é objeto de peregrinação: todo dia 22 de maio (a
data da histórica semifinal),
torcedores da equipe depositam flores em seu túmulo.
Não é a única homenagem:
ainda hoje, faixas com caricaturas de Ron são exibidas
pela torcida nos estádios.
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