São Paulo, sexta-feira, 04 de junho de 2010

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Dunga elogia educação no Zimbábue

Técnico diz que não sabia de pedido de ditador para encontrar equipe

DOS ENVIADOS A JOHANNESBURGO

Dunga não foi ao encontro de Robert Mugabe, como queria o presidente do Zimbábue, mas fez exatamente o jogo do ditador, que levou a seleção ao país africano para se fortalecer politicamente.
Ontem, ao ser questionado sobre o motivo de não ter encontrado Mugabe, um dos mais sanguinários ditadores africanos, Dunga ignorou as questões políticas do país e preferiu fazer elogios à educação no Zimbábue.
"Para mim, é novidade isso [o encontro]. Ninguém me comunicou isso. Fomos muito bem recebidos. Agora, o que me chamou a atenção foi a educação do povo. As crianças nas ruas todas uniformizadas. As pessoas queriam chegar em você, mas com educação", afirmou o técnico da seleção brasileira.
O país de Mugabe tem índices de analfabetismo e investimento em educação similares aos do Brasil.
Não é a primeira vez que Dunga evita discussões políticas ao falar sobre um país africano. No dia da convocação da seleção, declarou que não poderia falar se o apartheid no país da Copa foi bom ou ruim porque não tinha vivido os mais de 40 anos de segregação racial.
O chefe da delegação, Andres Sanchez, disse que, de fato, foi procurado pela embaixada brasileira para marcar o encontro do time com Mugabe, mas que decidiu não levar o assunto adiante.
"Só não permiti por causa do tempo, teria uma hora apenas, e não podíamos perder o foco. Mas, por pior que seja o cidadão, o ditador, eu jamais proibiria alguém de cumprimentá-lo porque é uma questão de educação", justificou Andres.
O amistoso, o primeiro na reta final para a Copa, deu ares de legitimidade para um regime enfraquecido internamente e no exterior.
Segundo a CBF, o jogo, que custou R$ 2,4 milhões ao Zimbábue, serviu para "dar alegria ao povo daquele país". O próprio Dunga também fez questão de ressaltar que o jogo em Harare teve esse objetivo, além de ter servido para o treinador utilizar atletas considerados reservas, como Daniel Alves, Júlio Baptista e o goleiro Gomes.
Após servir de propaganda política para Mugabe, o Brasil faz outro amistoso na segunda-feira, contra a também fraca Tanzânia. (EDUARDO ARRUDA, MARTÍN FERNANDEZ, PAULO COBOS E SÉRGIO RANGEL)


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