São Paulo, terça-feira, 04 de julho de 2006

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"Fiz uma boa Copa", diz Cafu

"Vaias? Não foram para mim, não", diz capitão da seleção, alvo da torcida na derrota para a França

Na viagem de volta, atletas são poupados, jogam dados e dormem; apenas zagueiro reserva Luisão demonstra inconformismo com o time

EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL

O capitão Cafu estava na defensiva. No vôo 8741, da Varig, que trouxe oito jogadores da seleção brasileira de Frankfurt para São Paulo ontem, o lateral-direito recusou o primeiro pedido de entrevista. Depois, em nova insistência, falou por alguns minutos com a Folha.
"Eu acho que fiz uma boa Copa, sem dúvida. Poderia ter sido melhor, mas acho que fui muito bem", disse Cafu, que não escondeu o incômodo com o questionamento sobre as vaias que levou após ser substituído no jogo com a França.
"Vaias? Não foram para mim, não. Acho que não, hein?" Fez-se silêncio constrangedor.
E a seleção, acabou? "De jeito nenhum, quero continuar. Essa é a minha idéia. Não sei até quando vou jogar, mas até lá quero estar na seleção."
Na aeronave, Cafu e seus companheiros não foram questionados pelos torcedores sobre o fracasso na Copa.
Até de forma inesperada, foram bajulados. Ouviram palavras de apoio, distribuíram autógrafos, posaram para fotos. O clima de conforto aos jogadores foi ditado pelo comandante do vôo. "Queria felicitar nossos atletas que estiveram na Alemanha", disse. "Não perdemos o hexa, só adiamos para 2010, na África do Sul", concluiu.
Durante a viagem de quase 12 horas, o perudo, um jogo de dados levado à seleção pelo volante Gilberto Silva e sugerido pelo francês Henry, autor do gol que eliminou o Brasil, foi o passatempo de Cafu, o atacante Fred, o zagueiro Cris e o goleiro Rogério. O capitão da seleção venceu as partidas. "Agora você me deve dois vinhos", disse ao camisa 1 são-paulino.
Gilberto Silva não participou. Acompanhado da mulher e da filha, o volante dormiu a maior parte do tempo. O meia Ricardinho fez o mesmo. Ele irá tirar uns dias de folga antes de voltar ao Corinthians.
Já o zagueiro Luisão demonstrava inconformidade com a derrota para a França.
"Não foi a derrota, mas a maneira como perdemos. O time não teve reação nenhuma", analisou. Aos 24 anos, ele defendeu uma reformulação "moderada" no time.
"Nós temos de respeitar o Cafu, o Roberto Carlos, que têm uma grande história na seleção. Eles é que têm de dizer se querem sair ou não. Também não adianta colocar um monte de jogadores sem experiência. Isso não vai levar a nada. Tem de mesclar", disse o zagueiro do Benfica, que agora vai torcer por Portugal. "Foi o Felipão quem me lançou no futebol", justificou.
O lateral-direito Cicinho considerou a eliminação uma "fatalidade", mas gostou de seu desempenho em sua estréia em Copas. "Acho que ganhei experiência", declarou ele, enquanto se preparava para acompanhar um episódio da série "24 Horas" no computador.

Sob gritos de "se aposenta", Cafu diz que faltou "reação" à seleção www.folha.com.br/061844


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