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"Fiz uma boa Copa", diz Cafu
"Vaias? Não foram para mim, não", diz capitão da seleção, alvo da torcida na derrota para a França
Na viagem de volta, atletas são poupados, jogam dados e dormem; apenas zagueiro reserva Luisão demonstra
inconformismo com o time
EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL
O capitão Cafu estava na defensiva. No vôo 8741, da Varig,
que trouxe oito jogadores da seleção brasileira de Frankfurt
para São Paulo ontem, o lateral-direito recusou o primeiro
pedido de entrevista. Depois,
em nova insistência, falou por
alguns minutos com a Folha.
"Eu acho que fiz uma boa Copa, sem dúvida. Poderia ter sido melhor, mas acho que fui
muito bem", disse Cafu, que
não escondeu o incômodo com
o questionamento sobre as
vaias que levou após ser substituído no jogo com a França.
"Vaias? Não foram para
mim, não. Acho que não, hein?"
Fez-se silêncio constrangedor.
E a seleção, acabou? "De jeito
nenhum, quero continuar. Essa é a minha idéia. Não sei até
quando vou jogar, mas até lá
quero estar na seleção."
Na aeronave, Cafu e seus
companheiros não foram questionados pelos torcedores sobre o fracasso na Copa.
Até de forma inesperada, foram bajulados. Ouviram palavras de apoio, distribuíram autógrafos, posaram para fotos. O
clima de conforto aos jogadores foi ditado pelo comandante
do vôo. "Queria felicitar nossos
atletas que estiveram na Alemanha", disse. "Não perdemos
o hexa, só adiamos para 2010,
na África do Sul", concluiu.
Durante a viagem de quase
12 horas, o perudo, um jogo de
dados levado à seleção pelo volante Gilberto Silva e sugerido
pelo francês Henry, autor do
gol que eliminou o Brasil, foi o
passatempo de Cafu, o atacante
Fred, o zagueiro Cris e o goleiro
Rogério. O capitão da seleção
venceu as partidas. "Agora você
me deve dois vinhos", disse ao
camisa 1 são-paulino.
Gilberto Silva não participou. Acompanhado da mulher
e da filha, o volante dormiu a
maior parte do tempo. O meia
Ricardinho fez o mesmo. Ele
irá tirar uns dias de folga antes
de voltar ao Corinthians.
Já o zagueiro Luisão demonstrava inconformidade
com a derrota para a França.
"Não foi a derrota, mas a maneira como perdemos. O time
não teve reação nenhuma",
analisou. Aos 24 anos, ele defendeu uma reformulação
"moderada" no time.
"Nós temos de respeitar o
Cafu, o Roberto Carlos, que
têm uma grande história na seleção. Eles é que têm de dizer
se querem sair ou não. Também não adianta colocar um
monte de jogadores sem experiência. Isso não vai levar a nada. Tem de mesclar", disse o zagueiro do Benfica, que agora
vai torcer por Portugal. "Foi o
Felipão quem me lançou no futebol", justificou.
O lateral-direito Cicinho
considerou a eliminação uma
"fatalidade", mas gostou de seu
desempenho em sua estréia em
Copas. "Acho que ganhei experiência", declarou ele, enquanto se preparava para acompanhar um episódio da série "24
Horas" no computador.
Sob gritos de "se aposenta", Cafu diz que faltou "reação" à seleção www.folha.com.br/061844
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