São Paulo, terça-feira, 04 de julho de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Classe disfarça o lado "bad boy" de Zidane

PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A MUNIQUE

Ele é um dos jogadores mais classudos da história. Mas também tem um péssimo comportamento, e isso, pelo seu retrospecto no torneio, pode até custar sua presença na final da Copa da Alemanha se a França passar por Portugal na semifinal de amanhã em Munique.
Mais uma vez Zidane está pendurado por cartões, fruto da uma má educação em campo que não vem de hoje.
Em apenas dez jogos de Copa (sua primeira participação aconteceu em 1998), ele soma quatro cartões amarelos e um vermelho -recebido após agredir de forma desleal um jogador da Arábia Saudita em 1998, o que lhe tirou de dois confrontos daquela competição.
Agora, na Alemanha, ele tem exagerados três amarelos em quatro jogos -já ficou fora da partida contra o Togo. Como também foi advertido contra a Espanha, já no mata-mata, um novo amarelo o tira da decisão ou da disputa do terceiro lugar.
Não é difícil explicar por que Zidane sempre tem problemas com cartões. Para alguém com sua categoria, ele abusa, e muito, das entradas ríspidas. Segundo o Datafolha, ele tem média de 2,3 faltas cometidas por jogo na Copa, a segunda maior marca entre os jogadores da França e na frente de atletas com funções só defensivas, como Thuram e Makelele.
No Real Madrid, clube de quem se despediu (faz no Mundial sua última aparição como profissional), Zidane, que na sua "turnê de despedida" do futebol profissional, tem evitado falar com a imprensa, também abusa das entradas fortes nos rivais e acumulou cartões.
No último Campeonato Espanhol, por exemplo, o meia quase empatou no número de faltas sofridas (68) com as cometidas (60). Levou cinco cartões amarelos.
Isso ajuda a descobrir por que em quase todas vezes que é advertido o motivo habitual são as faltas bruscas, e não por comportamento ruim em campo, bem diferente de outros atletas famosos pelo jogo ofensivo.
No Mundial alemão, Ronaldo recebeu dois cartões amarelos, marca incrível para sua carreira. Mas um foi por chutar uma bola ao gol em lance que o impedimento já havia sido marcado pelo árbitro e outro por tocar a mão na bola na cobrança de uma falta contra a França. Não muito bonito, mas bem melhor que as faltas do não tão exemplar Zidane.
O Datafolha também mostra que Zidane está longe de ser um dos mais caçados da Copa -na sua preleção para a partida do último sábado, Carlos Alberto Parreira pediu que seus jogadores marcassem firme o meia, mas isso não aconteceu.
Com média de 2,8 faltas recebidas por partida, o astro não está nem entre os 30 jogadores que mais apanham neste Mundial. Na sua frente, até companheiros de time que jogam ao seu lado, como Malouda (3,3 faltas sofridas por partida).


Texto Anterior: "Cafu francês", Thuram diz adeus com um sorriso
Próximo Texto: Precaução: Técnico prega uma partida limpa
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.