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Governo fechou torneira para Pan-07, diz ministro
Orlando Silva, do Esporte, diz que não irá liberar nada para cobrir dívida alheia
Dirigente lança candidatura do Brasil à Olimpíada e usa
o termo "cortesia com o chapéu alheio" ao responder questão sobre Cesar Maia
EDUARDO OHATA
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
O governo federal não irá liberar a partir de agora nem
mais um centavo para pagar
compromissos assumidos por
outros no que se refere aos Jogos Pan-Americanos de 2007.
Essa foi a ""decisão de governo, não só da pasta" confirmada pelo ministro do Esporte,
Orlando Silva Jr., em entrevista
à Folha, na qual discutiu o aumento do investimento federal
de R$ 130 milhões para R$ 1,3
bilhão e Olimpíada e Copa.
FOLHA - O senhor já disse que para
este ano a participação do governo
federal no Pan chegou ao limite, em
referência a um pedido de verba da
Prefeitura do Rio. E para 2007?
ORLANDO SILVA JR. - Já chegamos
ao limite da nossa participação
no Pan. Somando todos os investimentos, de todos os órgãos, hoje o governo federal já é
sócio majoritário do empreendimento dos Jogos Pan-Americanos. Isso nos dá satisfação, já
que são Jogos do Brasil. Agora o
que é inaceitável são os compromissos que foram firmados
por cada um dos entes não serem cumpridos por eles. Estamos na reta final da realização
do Pan, e não há margem de
manobra. Agora cada um tem
que cumprir sua tarefa.
FOLHA - Como é que novos pedidos de verba serão tratados?
SILVA JR. - Tivemos uma conversa de governo sobre esse assunto porque houve sondagens
informais acerca de ampliar a
responsabilidade federal. E foi
uma avaliação de governo, não
só uma opinião do Ministério
do Esporte, a de que não devemos mais arcar com o ônus de
assumir tarefas que não são
nossas. Se for para colaborar
para preparar a delegação, temos interesse em ajudar, mas
não assumir tarefa dos outros.
FOLHA - O governo federal vem divulgando mais o montante que investe no Pan, o que não vinha fazendo. O que mudou?
SILVA JR. - É que percebemos
que havia uma apropriação indevida do evento que omitia a
participação do governo federal. É correto que a sociedade
da cidade do Rio, do Estado, do
país saibam da relevância que o
governo federal dá ao Pan. Importância que era negada por
vezes por alguns parceiros. O
que não é correto é fazer cortesia com o chapéu alheio. É preciso que a sociedade saiba a responsabilidade que cada setor
assumiu. É inaceitável a cortesia com o chapéu alheio.
FOLHA - O senhor teme que esse
comportamento possa comprometer futuras candidaturas à Copa ou
aos Jogos Olímpicos?
SILVA JR. - Não. A Copa vai ter
várias sedes. A CBF já toma
providências para identificar
cidades que possam receber
seus jogos. Já uma nova candidatura à Olimpíada exigiria
protagonismo maior do governo federal desde a apresentação da candidatura, o que nos
permitirá fazer estudos mais
consistentes [do que os feitos
para a candidatura do Rio a
2012] e produzir um dossiê para que possamos disputar com
mais força a candidatura. Imagino que uma postulação do
país a 2016 tenha presença decisiva do governo federal.
FOLHA - Por que é necessário tanto
dinheiro público para o Pan? Ele não
se sustenta sozinho?
SILVA JR. - Nenhum evento esportivo desse porte é viável
apenas com investimento privado, porque ele não acontece
apenas nas arenas, nas piscinas, nos ginásios e nos estádios.
Um evento que trará milhares e
milhares de participantes de
todas as Américas, exige investimento em infra-estrutura,
transporte, segurança, promoção do país no exterior.
FOLHA - O limite de entrega das
instalações esportivas foi esticado
para até junho de 2007...
SILVA JR. - Tenho a impressão
de que todas as instalações serão entregues antes de junho,
inclusive para permitir eventos-teste para verificar as reais
condições desses equipamentos. Seria temerário se o contrário ocorresse.
FOLHA - O Pan brasileiro será melhor do que o de Santo Domingo?
SILVA JR. - Tenho certeza.
Diabetes mete cesta de três Leia Melchiades Filho no www.folha.com.br/061843
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