São Paulo, quarta-feira, 04 de julho de 2007

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Reclamação marca 1º dia de bilheteria

Torcedores amargam horas de fila para saber que muitos ingressos para o Pan estavam esgotados pela venda eletrônica

Interessado era informado somente perto do guichê que bilhetes para eventos mais concorridos, como o vôlei, não seriam vendidos

ADALBERTO LEISTER FILHO
EDUARDO OHATA
LUÍS FERRARI
ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO

Os quatro pontos-de-venda de ingressos para o Pan amanheceram com filas nas bilheterias. Houve inúmeras reclamações e prisão de pessoas acusadas de atuarem como cambistas. E muita gente saiu sem as entradas. Ontem, primeiro dia de venda nas bilheterias, foram vendidas 13.480 entradas.
Os guichê foram abertos às 12h. Naquele momento, o artesão Sebastião Santos, 39, já estava na fila havia oito horas e meia. Ele foi o primeiro a chegar diante do Maracanã, ponto-de-venda em que a fila esteve mais longa -cerca de 250 metros, na abertura dos guichês e nas duas horas seguintes.
"Quero comprar [entrada] para o vôlei e o de R$ 20 para a cerimônia de abertura. Mas parece que não vão vender", afirmou ele antes da compra.
Os bilhetes que ele almejava eram os mesmos que grande parte dos torcedores queria.
Mas as entradas mais baratas para a cerimônia inaugural, bem como ingressos de eventos mais concorridos (finais do vôlei, do futsal, do hipismo e da natação) nem sequer foram postos à venda na bilheteria.
"Por questão de segurança, e a fim de evitar longas filas nas bilheterias, o comitê organizador deixou que os ingressos de algumas modalidades se esgotassem nas vendas pela internet", justificou o órgão.
No sábado, o Co-Rio informou em seu site que a comercialização nas bilheterias seria iniciada ontem e que entradas de algumas modalidades não estariam mesmo disponíveis.
Isso não evitou aglomeração de pessoas, uma vez que só ao chegar perto do guichê é que o torcedor via uma lista de ingressos que não estavam à venda, fato que gerou frustrações.
Foi o caso da pensionista Maria Helena Valerio de Souza, 64, a primeira da fila dos idosos e outra que queria a entrada mais barata para a abertura.
"Fiquei até meio-dia aqui para ouvir "não tem" na bilheteria. Por que não avisaram antes?", indagou Maria Helena, que diz ter chegado ao Maracanã às 5h40 e reclamou de não terem sido ofertadas meia-entradas, direito dado pelo Estatuto do Idoso. Outras pessoas da fila, porém, não repetiram a queixa.
Já o Estatuto do Torcedor, que determina a divulgação das tabelas e regulamentos nas entradas das arenas, não teve essa disposição respeitada. Além de só ficarem sabendo perto do guichê quais ingressos não estavam à venda, as pessoas tinham que consultar os atendentes sobre datas e horários.
O Co-Rio alega que o processo de venda é dinâmico e que, por isso, a publicação da lista pode não ser eficaz. Diz também que o ingresso pode acabar enquanto o torcedor está na fila. E que que as informações sobre os bilhetes estão em www. ingressorio2007.com. br.
Isso, somado a um problema operacional do sistema (depois sanado), atrasava os atendimentos. O artesão Santos, por exemplo, levou 1h02min até sair com seu ingresso. No Riocentro, o primeiro atendimento demorou 57 minutos.
A auxiliar de enfermagem Andréia Valentina foi a primeira da fila em Copacabana. Disse ter chegado às 5h. "Queria comprar do vôlei. O Pan esqueceu dos que não têm internet."
A comerciária Lidia Alves, 53, tinha reclamação similar. "Justo quem não tem acesso à internet, que mais deveria ter como comprar o mais barato, fica sem?", indagou ela, que contou ter visto um homem dividir R$ 2.000 com quatro na fila. "Eram cambistas", disse.
Mais tarde, sete pessoas com ingressos, lista de modalidades e dinheiro foram encaminhadas à Delegacia do Consumidor, acusadas de atuarem como cambistas no Maracanã.


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