São Paulo, sábado, 04 de julho de 2009

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"Nova França" assusta Armstrong

Depois de três anos parado, ciclista mais famoso do mundo retorna à Volta e diz temer etapas finais

Capacidade de superação do americano e as suas sete vitórias na mais nobre prova provocaram desconfiança e muitas acusações de doping

Patrick Hertzog/France Presse
O americano Lance Armstrong treina em Mônaco
para a volta da França, cuja largada será hoje


MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Um adversário tinindo, pernas ainda enferrujadas e montanhas, muitas montanhas.
Desafios nunca foram problemas para Lance Armstrong, 37. O ciclista venceu um câncer, sagrou-se sete vezes campeão da Volta da França e, após três anos de aposentadoria, voltou.
Mas até para ele a edição do tour que dá a largada hoje parece um pouco assustadora.
"A semana final é extremamente difícil, com muitas subidas. Nunca vi um final de tour como esse", afirmou ele.
"A competição tem lugar especial no meu coração. Obviamente, [a vitória] será um sentimento doce, mas, se você quer ganhar, tem de ser o melhor."
Neste ano, pela oitava edição, o monte Ventoux está na reta final do torneio. Mas, desta vez, aparece na 20ª e penúltima etapa, quando os ciclistas já terão percorrido mais de 3.000 km.
Ir bem nessa parte da Volta nunca foi tão importante para a decisão. E Armstrong nunca venceu no Ventoux.
O cenário é bem mais favorável para um ciclista como Alberto Contador. Campeão da Volta de 2007, o espanhol é o principal nome da equipe de Armstrong e exímio escalador.
"Ele [Armstrong] está com medo da França? Ninguém o forçou a vir, ele deveria estar em casa. Ele não pode ganhar. Espero que Contador lhe dê uma surra", disse o cinco vezes campeão da Volta Bernard Hinault ao "Le Parisien".
Para enfrentar os últimos dias do tour, Armstrong planeja se poupar nas primeiras etapas nas montanhas, entre a sétima e a nona partes da competição, que acaba dia 26 de julho.
"A montanha pertence aos mais fortes. Eu realmente tenho de pensar na última semana", disse Armstrong, que terá como rival outro espanhol, Carlos Sastre, o atual campeão.
O primeiro grande teste do norte-americano foi o Giro da Itália. Ele terminou em 12º lugar e ficou satisfeito.
"Estou mais magro do que antes. Costumava ter 74 kg, 74,5 kg. Agora são 72,5 kg, 73 kg. Saí muito magro do Giro e fiz uma dieta no último mês. Treinei muito na altitude, e tudo isso contribuiu para meu corpo estar com bom peso."
A capacidade de superação de Armstrong e seus desempenhos sempre provocaram admiração e desconfiança.
O ciclista já teve seu nome envolvido em escândalos de uso de doping, apesar de nunca ter sido flagrado. Um ano depois de sua sétima consagração, um livro-reportagem acusou-o de se dopar sistematicamente.
Em um tour marcado pelo combate feroz ao doping, chegar ao final sem ter seu nome envolvido em polêmicas é uma das metas de Armstrong. Mas ele quer muito mais. Conhece seu comportamento pelas estradas da França e acredita que mais uma superação é possível.
"Ele vai correr esse tour como nenhum outro porque tem a experiência de sete vitórias", disse o italiano Ivan Basso. "Ele competirá como um monstro".
Com agências internacionais



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