São Paulo, sexta-feira, 04 de agosto de 2000


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FUTEBOL
Os clássicos modernos

JOSÉ ROBERTO TORERO
COLUNISTA DA FOLHA

Leitores , gostemos ou não, o Campeonato Brasileiro está aí com seus cento e sabe-se-lá quantos times. Se é verdadeira essa história de reencarnação, fomos um povo muito, mas muito mau nas vidas passadas.
Mas como não quero que me chamem de inimigo do futebol, gostaria de dar uma contribuição a esse sério e respeitado campeonato que as más línguas estão chamando de Torneio Eurikoff.
Não vou propor fórmulas nem idéias de cruzamentos, que já há malucos o bastante gastando neurônios com isso.
Minha proposta é a de criarmos novos clássicos para que o torneio ganhe atrativos e desperte a atenção do torcedor.
A tradição é importante, mas convenhamos, já estão desgastados os fla-flus, gre-nais, ba-vis, atle-tibas, san-sãos e derbis.
É hora de mudança, é hora de renovação! Já que os dirigentes continuam os mesmos, façamos ao menos trocadilhos originais e inventemos novos nomes para os duelos mortais que acontecerão nos próximos meses.
Por exemplo, que tal começarmos com uma nomenclatura diferente para o Goiás x Bahia? Já imaginaram os locutores dizendo: "Senhoras e senhores, hoje é dia de Goiaba!". Fascinante, não?
E isso ainda desestimularia a armação de resultado, pois seria vergonhosa uma manchete com o título: Marmelada no Goiaba. Aliás, se Santos e Guarani jogassem no mesmo dia, teríamos a sensacional promoção: Hoje é dia de Goiaba e de Sagu. Uma doce rodada.
Mas haverá mais, muito mais. Por exemplo:
-o Bagre (Bahia x Grêmio), que será um jogo cheio de furadas e chutes tortos;
-o Gago (Gama x Goiás), um jogo de muitas jogadas repetidas;
-o Grevi (Grêmio x Vitória), um jogo com grande chance de terminar em 0 a 0;
-o Covas (Coritiba x Vasco), um jogo onde os torcedores levarão ovos e atirarão nos avantes quando eles perderem um gol;
-o Sangre (Santos x Grêmio), uma partida perfeita para Claudiomiro;
-o Palco (Palmeiras x Coritiba), cheio de jogadas ensaiadas;
-o Luvas (Lusa x Vasco), um jogo de futebol elegante;
-o Grego (Grêmio x Goiás), uma partida cheia de jogadas cerebrais;
-o Sanba (Santos x Bahia), onde reinará a ginga;
-o Cruzes (Cruzeiro x Santa Cruz), partida com muitos mortos e feridos;
-e o Juba (Juventude x Bahia), onde os torcedores usarão perucas com as cores do seu time.
Há ainda outras combinações possíveis, mas, como não quero que debochem de minha idéia, não mencionarei os jogos Corinthians x Coritiba e Grêmio x Lusa. Futebol é assunto sério.

Continuam chegando seleções absurdas. Nunca pensei que houvesse tanta gente no mundo com tempo e energia disponíveis para pensar numa coisa tão útil e necessária à nossa vida social.
Da lavra de José Augusto Alimento vem uma seleção diminutiva: Edinho, Maurinho, Marinho, Jorginho e Silvinho; Marquinhos, Mazinho, Juninho e Zinho; Ronaldinho e Ronaldinho. O técnico, obviamente, seria Nelsinho.
Faria um grande clássico com um seleção que acabo de convocar, a seleção do ão: Leão, Paulão, Mauro Galvão, Fabão e Ronaldão; Simão e Capitão; Fernandão, Rodrigão, Luizão e Magrão. O time seria dirigido por Felipão.
Outra curiosa equipe veio do pensador Maurício Fernandes da Cunha, que contou com a ajuda de seus amigos da rua Coutinho e Melo, em Guaianazes. Ele enviou uma seleção de artistas: Mazzaropi, Dedé, Antônio Carlos, Luciano e Roberto Carlos; Mozart, Didi e Leonardo; Fábio Jr., Bebeto e Allan Delon.
É uma ótima seleção, e eu acrescentaria um banco no espírito da jovem-guarda, com o Erasmo que andou pelo Náutico; Paulo Sérgio, que atualmente está no Bayern de Munique; Toninho Vanusa, que jogou no Palmeiras e Juventus; e o Roni, do Fluminense. O técnico poderia ser Wanderley Luxemburgo, que não é Cardoso, mas às vezes lembra Fernando Henrique. No mau sentido.
E-mail torero@uol.com.br


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