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FUTEBOL
Os clássicos modernos
JOSÉ ROBERTO TORERO
COLUNISTA DA FOLHA
Leitores , gostemos ou não, o
Campeonato Brasileiro está
aí com seus cento e sabe-se-lá
quantos times. Se é verdadeira essa história de reencarnação, fomos um povo muito, mas muito
mau nas vidas passadas.
Mas como não quero que me
chamem de inimigo do futebol,
gostaria de dar uma contribuição
a esse sério e respeitado campeonato que as más línguas estão
chamando de Torneio Eurikoff.
Não vou propor fórmulas nem
idéias de cruzamentos, que já há
malucos o bastante gastando
neurônios com isso.
Minha proposta é a de criarmos
novos clássicos para que o torneio
ganhe atrativos e desperte a atenção do torcedor.
A tradição é importante, mas
convenhamos, já estão desgastados os fla-flus, gre-nais, ba-vis,
atle-tibas, san-sãos e derbis.
É hora de mudança, é hora de
renovação! Já que os dirigentes
continuam os mesmos, façamos
ao menos trocadilhos originais e
inventemos novos nomes para os
duelos mortais que acontecerão
nos próximos meses.
Por exemplo, que tal começarmos com uma nomenclatura diferente para o Goiás x Bahia? Já
imaginaram os locutores dizendo: "Senhoras e senhores, hoje é
dia de Goiaba!". Fascinante, não?
E isso ainda desestimularia a
armação de resultado, pois seria
vergonhosa uma manchete com o
título: Marmelada no Goiaba.
Aliás, se Santos e Guarani jogassem no mesmo dia, teríamos a
sensacional promoção: Hoje é dia
de Goiaba e de Sagu. Uma doce
rodada.
Mas haverá mais, muito mais.
Por exemplo:
-o Bagre (Bahia x Grêmio),
que será um jogo cheio de furadas
e chutes tortos;
-o Gago (Gama x Goiás), um
jogo de muitas jogadas repetidas;
-o Grevi (Grêmio x Vitória),
um jogo com grande chance de
terminar em 0 a 0;
-o Covas (Coritiba x Vasco),
um jogo onde os torcedores levarão ovos e atirarão nos avantes
quando eles perderem um gol;
-o Sangre (Santos x Grêmio),
uma partida perfeita para Claudiomiro;
-o Palco (Palmeiras x Coritiba), cheio de jogadas ensaiadas;
-o Luvas (Lusa x Vasco), um
jogo de futebol elegante;
-o Grego (Grêmio x Goiás),
uma partida cheia de jogadas cerebrais;
-o Sanba (Santos x Bahia),
onde reinará a ginga;
-o Cruzes (Cruzeiro x Santa
Cruz), partida com muitos mortos e feridos;
-e o Juba (Juventude x Bahia),
onde os torcedores usarão perucas com as cores do seu time.
Há ainda outras combinações
possíveis, mas, como não quero
que debochem de minha idéia,
não mencionarei os jogos Corinthians x Coritiba e Grêmio x Lusa. Futebol é assunto sério.
Continuam chegando seleções
absurdas. Nunca pensei que houvesse tanta gente no mundo com
tempo e energia disponíveis para
pensar numa coisa tão útil e necessária à nossa vida social.
Da lavra de José Augusto Alimento vem uma seleção diminutiva: Edinho, Maurinho, Marinho, Jorginho e Silvinho; Marquinhos, Mazinho, Juninho e Zinho;
Ronaldinho e Ronaldinho. O técnico, obviamente, seria Nelsinho.
Faria um grande clássico com
um seleção que acabo de convocar, a seleção do ão: Leão, Paulão,
Mauro Galvão, Fabão e Ronaldão; Simão e Capitão; Fernandão, Rodrigão, Luizão e Magrão.
O time seria dirigido por Felipão.
Outra curiosa equipe veio do
pensador Maurício Fernandes da
Cunha, que contou com a ajuda
de seus amigos da rua Coutinho e
Melo, em Guaianazes. Ele enviou
uma seleção de artistas: Mazzaropi, Dedé, Antônio Carlos, Luciano e Roberto Carlos; Mozart,
Didi e Leonardo; Fábio Jr., Bebeto
e Allan Delon.
É uma ótima seleção, e eu acrescentaria um banco no espírito da
jovem-guarda, com o Erasmo que
andou pelo Náutico; Paulo Sérgio, que atualmente está no Bayern de Munique; Toninho Vanusa, que jogou no Palmeiras e Juventus; e o Roni, do Fluminense.
O técnico poderia ser Wanderley
Luxemburgo, que não é Cardoso,
mas às vezes lembra Fernando
Henrique. No mau sentido.
E-mail torero@uol.com.br
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