São Paulo, domingo, 04 de agosto de 2002

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Amigo de dirigente ganhou comissão em 5 grandes contratos da FPF

Empresário era fiscal de Farah e seu agente oficial

Marcelo Min - 8. nov.00/Folha Imagem
O presidente da FPF, Eduardo José Farah, que em 3 anos assinou contratos que renderam mais de R$5 milhões a Bruno Balsimelli


DO PAINEL FC

Não foi apenas nos contratos firmados entre a Federação Paulista de Futebol e a Globo que o empresário Bruno Balsimelli faturou milionárias comissões.
Membro do Conselho Fiscal da entidade quando da assinatura dos acordos, Balsimelli recebeu R$ 5,075 milhões pela corretagem de cinco contratos.
O primeiro acordo de que Balsimelli participou como intermediário foi com o Grupo VR.
Em 30 de setembro de 1997, FPF e Grupo VR firmaram contrato de parceria para o Paulista do ano seguinte. A empresa de tíquetes alimentícios pagou R$ 41 milhões pela competição estadual.
No dia 7 de outubro de 97, sete dias depois de assinado o contrato principal, a B&B recebeu a garantia, via contrato, de que receberia R$ 2 milhões pela "apresentação" -termo usado no documento- da VR à FPF.
Farah explicou assim aos senadores a participação de Balsimelli no acordo: "Esse moço nos apresentou a firma VR. Eu não conhecia a VR, que foi o maior patrocinador direto de uma federação no Brasil. Foi um contrato de R$ 41 milhões. E o dono da VR também foi padrinho de casamento do sr. Bruno Balsimelli. E ela fez e faz negócios com o sr. Bruno Balsimelli. E todos os ingressos foram feitos para a VR, à época em que tomou conta da arrecadação, pelo sr. Bruno Balsimelli".
Em 8 de janeiro de 1999, a VR firmou novo contrato com a entidade presidida por Farah. Foi a segunda vez que o empresário apresentou o Grupo VR à FPF. A empresa de tíquetes desembolsou R$ 6,3 milhões pela exploração da publicidade estática do Estadual.
Em 29 de janeiro de 1999, a B&B fechou um segundo acordo de parceria para o torneio. Dessa vez, com a Kaiser, que pagou R$ 2,45 milhões para adquirir propriedades de marketing da federação.
A comissão a ser paga pela FPF por esses dois acordos foi estabelecida em um único contrato, datado de 10 de fevereiro de 1999. Por eles, Balsimelli amealhou outros R$ 875 mil, o equivalente a 10% do que recebeu a FPF.
As últimas transações pelas quais Balsimelli recebeu dinheiro como intermediário foram as firmadas com a TV Globo, em janeiro e em setembro de 2000.
Os contratos que proporcionaram ao afilhado de Farah ganhar mais de R$ 5 milhões em quatro anos não mencionam em nenhum momento a participação do empresário ou da B&B.
Nenhum dos contratos da FPF com Balsimelli contém a assinatura de representantes dos patrocinadores. Todos eles foram firmados em datas posteriores aos acordos principais, o que, segundo a CPI do Futebol, seria um indício de irregularidades.
Mas não foi apenas com a intermediação de contratos que o afilhado de Farah ganhou dinheiro da entidade.
A BWA Indústria e Comércio Ltda., também de propriedade de Balsimelli, recebeu R$ 3.325.952,67 pela venda de ingressos magnéticos e instalação de catracas eletrônicas em estádios paulistas. Os pagamentos, que constam do relatório final da comissão instalada no Senado, foram feitos entre janeiro de 1998 e fevereiro de 2000.
Além da FPF, a BWA tem em sua carteira de clientes quase a totalidade das 27 federações estaduais e fornece ingressos para torneios da Argentina, do Chile e do Paraguai. (FERNANDO MELLO)


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