São Paulo, domingo, 04 de agosto de 2002

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OUTRO LADO

Dirigente se cala; empresário citou trabalho efetivo

DO PAINEL FC

O presidente da Federação Paulista de Futebol recusou pedido de entrevista feito pela Folha no início da semana e não respondeu ao questionário enviado pela reportagem sobre sua ligação com o empresário Bruno Balsimelli.
Questionado sobre o assunto em seu segundo depoimento na CPI do Futebol, em 25 de outubro de 2001, Farah disse não ver nenhum problema no fato de a FPF ter relação comercial com seu afilhado.
Em determinado momento da sessão, o relator da CPI, senador Geraldo Althoff (PFL-SC), perguntou se o dirigente achava ético o fato de Balsimelli ser membro do Conselho Fiscal da FPF e, ao mesmo tempo, ter acordo comercial com a entidade. "Não há nada de mau se a pessoa for correta, honesta. Não vejo mal nenhum. Vossa Excelência fiscaliza Santa Catarina. Eu tenho certeza de que o faz até com muito cuidado", respondeu Farah.
Em seguida, Althoff questionou o dirigente sobre sua relação pessoal com Balsimelli. Farah retrucou: "Excelência, não tenho razão nenhuma para ocultar se sou amigo desse ou daquele. Sou amigo de muita gente. Eu o conheço. O sr. Bruno Balsimelli é o fornecedor de mais de dez federações no Brasil. Em todos os jogos da seleção brasileira, ele é o fornecedor de ingresso. Ele não trabalha somente com a Federação Paulista. Ele é a maior fábrica de ingressos do país".
Sobre o fato de não ter registrado o contrato em cartório, o presidente da FPF respondeu que a entidade não o costuma fazer. "Não há nenhuma lei que obrigue o contrato a ser registrado. O registro é contra terceiros. Não registramos nenhum contrato na federação, nem de R$ 50 milhões, a não ser quando é necessário acionar uma das partes."
Já o empresário foi contatado pela Folha sobre sua relação com Farah logo após a conclusão dos trabalhos da CPI. A Globo ainda não havia dito que ele não participara nos acordos da TV com a FPF.
Em seu escritório na zona sul de São Paulo, Balsimelli disse que havia pedido seu afastamento do Conselho Fiscal da federação e que recebeu cerca de R$ 5 milhões por um trabalho que efetivamente realizou.
O empresário mostrou pastas com documentos que, segundo ele, comprovavam seu envolvimento nos acordos com a empresa de tíquetes alimentícios e com a cervejaria.
Nesta semana, a Folha procurou o empresário para ouvi-lo sobre as declarações de Marcelo Campos Pinto, diretor-executivo da Globo Esportes. A reportagem foi informada, na quinta-feira, que ele estava em reunião e que retornaria a ligação mais tarde. No mesmo dia, Balsimelli foi contatado novamente, mas a informação agora era outra. Segundo sua secretária, ele havia viajado para Fortaleza e só voltaria na segunda.
A Folha ainda deixou dois recados em seu telefone celular, mas não obteve resposta. (FM)


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