São Paulo, domingo, 04 de agosto de 2002

Texto Anterior | Índice

POR QUÊ

TVs entram em crise e ajudam a ampliar perdas

DA REPORTAGEM LOCAL

A discussão sobre a validade de manter ou não ações em Bolsa não se restringe à Itália. Na Inglaterra e na Alemanha ela também começa a dominar o cenário.
Tudo começou com a ISL, gigante de marketing esportivo que quebrou no ano passado. Parceira da Fifa desde os tempos de João Havelange, que comandou a entidade entre 1974 e 1998, a agência detinha parte dos direitos de transmissão das Copas de 2002 e 2006.
Parte de sua massa falida acabou parando nas mãos do grupo Kirch, da Alemanha, que passou a ter, sozinho, os direitos de TV dos dois primeiros Mundiais do novo milênio.
Só que, com problemas financeiros, o grupo de mídia alemão não conseguiu vender os direitos como esperava -o continente africano, por exemplo, exceção feita à África do Sul recebeu-os de graça- e também foi à bancarrota.
A Bundesliga, responsável pelo campeonato alemão, sofreu sérios prejuízos com a crise do grupo Kirch e as receitas dos clubes foram reduzidas.
As cotas da temporada 2001/ 2002 estavam sendo renegociadas e, quando as renegociações começaram, os clubes que tinham ações em Bolsa passaram a vê-las caindo ladeira abaixo. Foi o caso do Borussia Dortmund, cujas ações no ano passado caíram 38,7%.
Na Holanda, clubes com ações em Bolsa também têm sido prejudicados. As do Ajax, por exemplo, foram desvalorizadas em 2001. O preço delas caiu, em média, 26,5%.
Na Inglaterra, analistas ligados à FA, a federação inglesa de futebol, têm dito que, com raras exceções, abrir o capital não é a melhor alternativa para clubes que querem arrecadar dinheiro. Com a ITV, uma das emissoras que transmitia o Campeonato Inglês, ameaçando dar calote nos clubes, a tendência é que o poderio dos clubes de futebol não seja tão grande como há alguns anos.
No ano passado, eles lembram que, enquanto a Bolsa de Londres teve perdas na ordem dos 16%, o Arsenal, que recentemente contratou o brasileiro Gilberto Silva, tinha desvalorização na casa dos 33%.
Uma das exceções é o Manchester United, principal clube inglês. Como o time tem seu próprio canal de TV e tem mais de 40% de suas receitas graças a ações de marketing e licenciamento de produtos, suas ações continuam em alta.



Texto Anterior: Xenofobia de torcida também prejudica ações
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.