São Paulo, segunda-feira, 04 de setembro de 2006

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Brasil, sem enrolar, goleia na eficácia

Com Dunga, seleção abandona estilo da era Parreira e troca menos passes que a Argentina, mas pontaria é bem melhor

DA REPORTAGEM LOCAL

O cartão de visitas demorou menos de três minutos para ser entregue. Robinho recebeu na intermediária, deu um seco e desconcertante drible em Clemente Rodríguez e, sem enrolar, serviu Elano, que abriu o placar em chute rasteiro.
E foi assim até o final. O Brasil de Dunga, que parece um disco riscado ao falar que o importante agora é o coletivo, mostrou uma objetividade que faltava nos tempos de Parreira e que também não foi praticada pela Argentina no jogo de ontem, organizado por empresários que compraram o direito de realizar amistosos das duas equipes sul-americanas.
Segundo o Datafolha, o Brasil trocou 289 passes em 90 minutos -com Parreira, era normal o time fazer isso mais que 400 vezes na mesma partida. Dois terços dos passes foram no ataque, muitos rápidos e na vertical, o que abria a defesa argentina e resultava em chances claras. Tanto que o time registrou uma pontaria de 56%. Além dos três gols, ainda teve ótimas oportunidades, com Daniel Carvalho, Cicinho e Fred, para vazar Abbondanzieri.
O contrário fez a Argentina. Sobrava enrolação e faltava penetração. Os argentinos trocaram 408 passes. Só que tudo bem longe do gol de Gomes.
O time, que promovia a estréia do técnico Alfio Basile, chegava à área brasileira somente com chuveirinhos, que se mostraram inúteis com a baixa estatura dos atacantes, os jovens Messi e Tevez.
Chutar era um suplício, tanto que apenas 17% das finalizações argentinas foram na direção correta -sorte brasileira, já que Gomes mostrava pouca firmeza nas saídas do gol.
Robinho esteve bem, mas seus dribles foram econômicos (apenas quatro). Sobraram, entretanto, passes (28, o segundo maior número entre os brasileiros) e assistências (três, recorde da partida).
O jogador do Real Madrid não vê problemas em se desfazer da camisa 10, que vestiu de novo ontem, a favor de Ronaldinho, caso o barcelonista, que protagoniza campanha publicitária da Nike com esse número, volte à seleção amanhã, às 15h30, contra o País de Gales.
"Se o Ronaldinho quiser, não tem problema. O importante é jogar futebol", declarou o atacante, que virou reserva no seu clube com a chegada do técnico italiano Fabio Capello.
Com a ajuda dos meias -Elano e Kaká somaram 14 desarmes-, o Brasil foi mais forte na marcação do que os argentinos, que fizeram dois treinos a mais que os brasileiros para o jogo de ontem, o primeiro entre as equipes depois da final da Copa das Confederações do ano passado, quando o Brasil goleou por 4 a 1 em Frankfurt (ALE).
Foram 148 desarmes brasileiros contra 130 dos argentinos. "Todo mundo ajudou. A marcação lá na frente foi muito importante", reconheceu o zagueiro Lúcio, que pela segunda vez ostentou a tarja de capitão.
Se goleou na objetividade, o Brasil empatou com a Argentina no Emirates Stadium no comportamento disciplinar.
O caráter de amistoso não evitou que a velha rivalidade entrasse em campo.
Sobraram entradas desleais dos dois lados, como as feitas por Gilberto Silva e Aguero. Isso sem falar na troca de tapas e chutes entre Tevez e Lúcio, estas ignoradas pelo juiz Steve Bennett, que distribuiu seis amarelos, três para cada lado.
Mesmo deixando o jogo rolar bem mais do que o padrão da arbitragem sul-americana, Bennett marcou 38 faltas, 20 delas cometidas pelo Brasil.
O juiz ainda gerou reclamações dos argentinos ao não marcar pênalti, já no segundo tempo, cometido por Juan, que desviou a bola com a mão.


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