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Brasil, sem enrolar, goleia na eficácia
Com Dunga, seleção abandona estilo da era Parreira e troca menos passes que a Argentina, mas pontaria é bem melhor
DA REPORTAGEM LOCAL
O cartão de visitas demorou
menos de três minutos para ser
entregue. Robinho recebeu na
intermediária, deu um seco e
desconcertante drible em Clemente Rodríguez e, sem enrolar, serviu Elano, que abriu o
placar em chute rasteiro.
E foi assim até o final. O Brasil de Dunga, que parece um
disco riscado ao falar que o importante agora é o coletivo,
mostrou uma objetividade que
faltava nos tempos de Parreira
e que também não foi praticada
pela Argentina no jogo de ontem, organizado por empresários que compraram o direito
de realizar amistosos das duas
equipes sul-americanas.
Segundo o Datafolha, o Brasil
trocou 289 passes em 90 minutos -com Parreira, era normal
o time fazer isso mais que 400
vezes na mesma partida. Dois
terços dos passes foram no ataque, muitos rápidos e na vertical, o que abria a defesa argentina e resultava em chances claras. Tanto que o time registrou
uma pontaria de 56%. Além dos
três gols, ainda teve ótimas
oportunidades, com Daniel
Carvalho, Cicinho e Fred, para
vazar Abbondanzieri.
O contrário fez a Argentina.
Sobrava enrolação e faltava penetração. Os argentinos trocaram 408 passes. Só que tudo
bem longe do gol de Gomes.
O time, que promovia a estréia do técnico Alfio Basile,
chegava à área brasileira somente com chuveirinhos, que
se mostraram inúteis com a
baixa estatura dos atacantes, os
jovens Messi e Tevez.
Chutar era um suplício, tanto
que apenas 17% das finalizações argentinas foram na direção correta -sorte brasileira, já
que Gomes mostrava pouca firmeza nas saídas do gol.
Robinho esteve bem, mas
seus dribles foram econômicos
(apenas quatro). Sobraram, entretanto, passes (28, o segundo
maior número entre os brasileiros) e assistências (três, recorde da partida).
O jogador do Real Madrid
não vê problemas em se desfazer da camisa 10, que vestiu de
novo ontem, a favor de Ronaldinho, caso o barcelonista, que
protagoniza campanha publicitária da Nike com esse número,
volte à seleção amanhã, às
15h30, contra o País de Gales.
"Se o Ronaldinho quiser, não
tem problema. O importante é
jogar futebol", declarou o atacante, que virou reserva no seu
clube com a chegada do técnico
italiano Fabio Capello.
Com a ajuda dos meias -Elano e Kaká somaram 14 desarmes-, o Brasil foi mais forte na
marcação do que os argentinos,
que fizeram dois treinos a mais
que os brasileiros para o jogo de
ontem, o primeiro entre as
equipes depois da final da Copa
das Confederações do ano passado, quando o Brasil goleou
por 4 a 1 em Frankfurt (ALE).
Foram 148 desarmes brasileiros contra 130 dos argentinos. "Todo mundo ajudou. A
marcação lá na frente foi muito
importante", reconheceu o zagueiro Lúcio, que pela segunda
vez ostentou a tarja de capitão.
Se goleou na objetividade, o
Brasil empatou com a Argentina no Emirates Stadium no
comportamento disciplinar.
O caráter de amistoso não
evitou que a velha rivalidade
entrasse em campo.
Sobraram entradas desleais
dos dois lados, como as feitas
por Gilberto Silva e Aguero. Isso sem falar na troca de tapas e
chutes entre Tevez e Lúcio, estas ignoradas pelo juiz Steve
Bennett, que distribuiu seis
amarelos, três para cada lado.
Mesmo deixando o jogo rolar
bem mais do que o padrão da
arbitragem sul-americana,
Bennett marcou 38 faltas, 20
delas cometidas pelo Brasil.
O juiz ainda gerou reclamações dos argentinos ao não
marcar pênalti, já no segundo
tempo, cometido por Juan, que
desviou a bola com a mão.
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