São Paulo, segunda-feira, 04 de setembro de 2006

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Espanha põe nome na história do Mundial de basquete

Técnico esconde morte de pai para não abalar time, que leva 1º título após bater Grécia em placar mais baixo de finais e 2ª maior diferença de pontos (70 a 47)

ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Espanha e Grécia chegaram credenciadas à decisão do Mundial de basquete, ontem, em Saitama (JAP). Em quadra, porém, só os espanhóis se destacaram, com defesa agressiva, para superar a ausência de seu maior astro, Pau Gasol. Venceram por 70 a 47 e conquistaram a vaga na Olimpíada de 2008.
Desde que o Mundial adotou o atual formato de final -nas Filipinas-78-, foi a decisão com o placar mais baixo. Anteriormente, as equipes classificadas da primeira fase decidiam o torneio em grupo único.
Também foi a segunda final com a maior diferença de pontos (23). O recorde (46) ainda é dos EUA, que bateram a Rússia no Mundial do Canadá-94. Na ocasião, os americanos contavam com astros da NBA pela primeira vez em Mundiais.
"Meus atletas acreditam em si e se doam para o coletivo. Muito além da estratégia do treinador, há a solidariedade entre eles", elogiou Pepu Hernández, técnico da Espanha, que seguiu à risca a lição do desprendimento. Ele havia perdido o pai na véspera da decisão. Para não abalar os comandados, escondeu o luto.
Tinha fortes razões para isso. Os rivais de ontem estreavam em finais. Nem sequer haviam subido ao pódio em Mundiais.
Para ir à decisão, o time espanhol superou nos mata-matas Sérvia e Montenegro, que detinha o bi mundial, Lituânia, campeã do Europeu-03, e Argentina, ouro em Atenas-04.
A Grécia batera os EUA na semifinal. Na luta pela taça, os gregos nem lembraram o time consistente na defesa -levou 68,3 pontos por jogo- e que promovia ótimo revezamento -só dois atletas atuaram menos de 13 minutos por partida.
A Espanha dominou o duelo desde o início. No segundo quarto, obteve seqüência de dez pontos, sem ceder nenhum à Grécia. A vantagem chegou a 20 no primeiro tempo: 43 a 23.
Para tentar voltar à partida, o técnico Panagiotis Yannakis optou por usar marcação individual. A estratégia deu resultado, e a Espanha não passou de 11 pontos no terceiro quarto.
Mas a tragédia grega estava no ataque, que também não passou de 11 pontos. Os tiros de quadra teimavam em não cair (32,7% de aproveitamento). O campeão europeu não ia bem nem nos lances livres (50% de acerto). Pior: capturaram só quatro rebotes ofensivos no jogo -a Espanha conquistou 14.
No quarto final, os espanhóis administraram a vantagem. Já pulavam e comemoravam quando faltavam mais de três minutos para o fim. Navarro chegou a tentar, sem sucesso, jogadas de efeito no garrafão.
Os erros nem eram criticados por Hernández, que só aguardava o fim do compromisso. Foi o único a deixar a quadra sem festejar efusivamente.


Com agências internacionais

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