São Paulo, domingo, 04 de setembro de 2011

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ENTREVISTA / FERNANDO ALONSO

A F-1 requer trabalho 365 dias por ano, suga sua vida

BICAMPEÃO MUNDIAL AFIRMA QUE NÃO SE IMAGINA CORRENDO POR TANTO TEMPO COMO SCHUMACHER, MAS QUE NÃO VAI SOSSEGAR ENQUANTO NÃO CONQUISTAR UM TÍTULO COMO PILOTO FERRARI

TATIANA CUNHA
ENVIADA ESPECIAL A
SPA-FRANCORCHAMPS


Há um ano, no mesmo circuito de Monza onde no próximo domingo disputa o GP da Itália, Fernando Alonso, 30, iniciou uma incrível recuperação no Mundial de F-1.
Com três vitórias em quatro provas, ficou muito perto de conquistar seu terceiro campeonato, em sua temporada de estreia na Ferrari.
Neste ano, porém, sua situação é mais complicada. Com 102 pontos a menos que Sebastian Vettel, admite que ser campeão não é algo realista. "Em condições normais não temos como recuperar essa desvantagem", disse ele à Folha em uma longa entrevista no final de semana no GP da Bélgica, na qual se mostrou relaxado e elogiou bastante o companheiro, Felipe Massa.

Folha - Michael Schumacher completou 20 anos de F-1 em Spa. O que acha dele?
Fernando Alonso
- Tenho grande respeito por ele, é o maior. Michael conquistou coisas que para a maioria de nós vai ser impossível repetir. Na minha opinião, ele voltou para a F-1 porque ele sentia falta disso em casa. Mesmo que hoje ele seja quinto ou décimo, está feliz. As pessoas não entendem. Nós temos de ter orgulho de dividir a pista com o Michael.

Você já disse que não se vê correndo tanto tempo. Não vai sentir falta da adrenalina?
Certamente. Para mim é difícil pensar em ficar na F-1 por 20 anos. Estreei em 2001, o que significa que em 2021 eu estaria aqui [risos]. A F-1 requer muito trabalho físico e mental e suga sua vida. Você trabalha 365 dias por ano se preparando, correndo ou em eventos com patrocinadores.

O que diz de Flavio Briatore?
É um amigo e a pessoa que mais me ajudou a chegar à F-1. Não é comum que alguém te ajude só confiando na sua capacidade. Serei sempre agradecido por isso. Sinto falta dele no paddock.

Ele serviria para a Ferrari?
Não seria fácil ele se encaixar na estrutura do time como é hoje. Mas ao mesmo tempo sempre há lugar para gente inteligente. Por que não?

Dá para dizer que a Ferrari agora tem a mão de Alonso?
Cada um que chega faz diferença. Sou muito trabalhador, determinado a vencer e essa foi a mensagem que o time recebeu quando cheguei. Não há tempo para relaxar.

E quão importante seria ser campeão pela Ferrari?
Muito, muito. É algo que quero fazer e enquanto não conseguir não vou sossegar.

E se não conseguir isso até 2016 [fim de seu contrato]...
2021! [risos]

Como descreveria Vettel?
É um grande campeão, um grande rival. É muito talentoso e agora é experiente. Sua melhor qualidade é tirar o máximo do carro em uma volta. Fazer uma pole não é fácil e mesmo com o melhor carro você tem de ir à pista e fazer a volta. É uma qualidade que talvez eu não tenha como ele.

Gostaria dele como companheiro de equipe?
Por que não? Mas estou feliz ao lado do Felipe [Massa], trabalhamos bem juntos.

Quando você estava na Renault, Pat Symonds disse que você tinha uma fraqueza: a incapacidade de lidar com um companheiro mais veloz...
No passado talvez fosse verdade. Mas eu mudei. De 19 corridas, talvez eu fosse mais veloz em 15 e nas outras eu até tentava melhorar, mas não entendia por que era mais lento. Agora começo o ano sabendo que, de 20 corridas, talvez eu seja mais rápido em 15 e nas outras tento fazer o melhor e me aproximar.

E por que na Alemanha, em 2010, você reclamou do Massa no rádio e não tentou passar?
Não era bem isso. Sempre temos conversas no rádio, os engenheiros querem saber como está nosso ritmo, se está no limite, essas coisas.

Não preferia que ele estivesse te dando mais trabalho e te forçasse a melhorar?
De todos os companheiros que tive, ele é dos mais fortes. Estamos sempre a um ou dois décimos de distância. Quando é mais que isso é porque alguma coisa aconteceu. No ano passado, ele teve muito azar, mas não tem sido tão fácil como parece. Trabalhamos bem juntos e temos um estilo de guiar bem diferente, então é bom poder comparar nossas telemetrias. Somos complementares no estilo.

Como vê o Mundial de 2011?
Talvez com erros ou situações loucas a gente se aproxime. Não está em nossas mãos. Se tivesse que apostar no campeão, seria o Sebastian.

FOLHA.com
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folha.com/esporte


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