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Salário de meninos é de profissional
DO ENVIADO A SANTOS
Ganhar dinheiro jogando futebol talvez seja o sonho da grande maioria dos
meninos, e de muitos
adultos brasileiros. No
Santos, garotos alcançaram esse objetivo antes de
se tornarem profissionais.
São meninos de 10 a 15
anos, identificados como
"diferenciados", que são
pagos para treinar no clube. Como a legislação impede a assinatura de um
contrato de trabalho com
menores de 16 anos, as famílias dos garotos assinam com o clube um "contrato de formação".
O Santos não fala em salário, mas em uma "boa estrutura" para as famílias.
"Para dar condição de vida, pagar aluguel, não se
gasta menos de R$ 5.000",
diz Adilson Duarte Filho,
diretor de futebol de base.
Segundo o cartola, todos
os jogadores das categorias de base recebem uma
ajuda de custo, que pode
variar de R$ 100 a R$
6.000. Quando o clube
identifica um garoto promissor (cerca de 10 dos
170), faz um contrato com
a família e, se necessário,
banca sua vinda a Santos.
É o caso dos Chera, que
se mudaram do Paraná para Santos há quatro anos
por causa de Jean, 13.
"Eles dão toda a estrutura. No contrato está previsto pagar até a faculdade
dos filhos. E o Jean ganha
um salário que, acho, muitos jogadores profissionais
não ganham", diz o pai de
Jean, Celso Chera.
Segundo um diretor do
Santos, os Chera recebem
R$ 9.000 mensais. Jean
também tem um contrato
com uma empresa de material esportivo, o que engorda a conta da família.
Embora tenha 13 anos, o
meia foi "promovido" há
cerca de cinco meses ao time sub-15. "Esses garotos
são custosos. Então, quando a gente vê que tem potencial, tem que queimar
etapas", diz Duarte Filho.
Para o técnico de Jean, o
ex-jogador Lima, o que deve ser levado em conta não
é a idade, mas se o garoto
está preparado.
A previsão de gastos do
Santos com as categorias
de base neste ano é de R$ 4
milhões. O clube mantém
uma estrutura com preparador de goleiro, médicos,
fisioterapeutas, massagistas, nutricionistas, psicólogos, além dos responsáveis pela limpeza.
Além de alimentar o time principal, o Santos
conta com o sucesso de
suas crias para faturar
com vendas para o exterior, como com a geração
de Robinho e Diego, que
rendeu mais de R$ 100 milhões. Os minicraques
também promovem as escolas de futebol santistas
espalhadas pelo país.
No entanto, o investimento é de risco.
Ninguém pode garantir
que um menino que se
destaca aos 13 anos se tornará uma estrela.
"O Santos acha difícil.
Eu também acho, mas pode acontecer. O que ele
mais quer é ser jogador. E
está tendo toda a estrutura" é a resposta de Celso
Chera quando questionado se o filho não poderia,
por exemplo, optar por ser
advogado no futuro.0
(RV)
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