São Paulo, sábado, 04 de outubro de 2008

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Salário de meninos é de profissional

DO ENVIADO A SANTOS

Ganhar dinheiro jogando futebol talvez seja o sonho da grande maioria dos meninos, e de muitos adultos brasileiros. No Santos, garotos alcançaram esse objetivo antes de se tornarem profissionais.
São meninos de 10 a 15 anos, identificados como "diferenciados", que são pagos para treinar no clube. Como a legislação impede a assinatura de um contrato de trabalho com menores de 16 anos, as famílias dos garotos assinam com o clube um "contrato de formação".
O Santos não fala em salário, mas em uma "boa estrutura" para as famílias. "Para dar condição de vida, pagar aluguel, não se gasta menos de R$ 5.000", diz Adilson Duarte Filho, diretor de futebol de base.
Segundo o cartola, todos os jogadores das categorias de base recebem uma ajuda de custo, que pode variar de R$ 100 a R$ 6.000. Quando o clube identifica um garoto promissor (cerca de 10 dos 170), faz um contrato com a família e, se necessário, banca sua vinda a Santos.
É o caso dos Chera, que se mudaram do Paraná para Santos há quatro anos por causa de Jean, 13.
"Eles dão toda a estrutura. No contrato está previsto pagar até a faculdade dos filhos. E o Jean ganha um salário que, acho, muitos jogadores profissionais não ganham", diz o pai de Jean, Celso Chera.
Segundo um diretor do Santos, os Chera recebem R$ 9.000 mensais. Jean também tem um contrato com uma empresa de material esportivo, o que engorda a conta da família.
Embora tenha 13 anos, o meia foi "promovido" há cerca de cinco meses ao time sub-15. "Esses garotos são custosos. Então, quando a gente vê que tem potencial, tem que queimar etapas", diz Duarte Filho.
Para o técnico de Jean, o ex-jogador Lima, o que deve ser levado em conta não é a idade, mas se o garoto está preparado.
A previsão de gastos do Santos com as categorias de base neste ano é de R$ 4 milhões. O clube mantém uma estrutura com preparador de goleiro, médicos, fisioterapeutas, massagistas, nutricionistas, psicólogos, além dos responsáveis pela limpeza.
Além de alimentar o time principal, o Santos conta com o sucesso de suas crias para faturar com vendas para o exterior, como com a geração de Robinho e Diego, que rendeu mais de R$ 100 milhões. Os minicraques também promovem as escolas de futebol santistas espalhadas pelo país.
No entanto, o investimento é de risco.
Ninguém pode garantir que um menino que se destaca aos 13 anos se tornará uma estrela.
"O Santos acha difícil. Eu também acho, mas pode acontecer. O que ele mais quer é ser jogador. E está tendo toda a estrutura" é a resposta de Celso Chera quando questionado se o filho não poderia, por exemplo, optar por ser advogado no futuro.0 (RV)


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