|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Brasil provoca a ira no país do Mundial
Na Itália, seleção de vôlei é atacada por adversários, torcida e mídia por ter "entregado" jogo para Bulgária
MARIANA BASTOS
ENVIADA ESPECIAL A ROMA
A terceira fase do Mundial
masculino de vôlei se inicia
hoje ainda sob a sombra da
controversa derrota do Brasil
para a Bulgária anteontem.
Anfitriões do torneio, os
italianos bombardearam a
seleção brasileira, atual campeã mundial, de críticas pelo
fato de o técnico Bernardinho ter escalado o oposto
Théo como levantador.
Para eles, isso foi um indício claro de que o Brasil desejava entregar a partida. Já os
búlgaros, que também foram
à quadra com reservas, saíram incólumes das críticas.
Ontem, os jornais locais
estamparam manchetes utilizando termos como "escândalo" e "farsa" para descrever a "marmelada". Em sua
coluna no diário "Gazzetta
dello Sport", o maior ídolo do
vôlei italiano, Andrea Zorzi,
declarou ter ficado com o
"estômago embrulhado"
com a atuação do Brasil.
"Sei que a culpa é da fórmula de disputa, mas Bernardinho e seus fantásticos
jogadores tiveram a chance
de dar uma lição a todos,
vencer Cuba, Rússia e todos
que passassem pela frente.
Falo só do Brasil porque é o
campeão mundial, vice-
-olímpico, um modelo a ser
seguido", disse o ex-jogador.
Antes do Brasil, Rússia e
EUA também protagonizaram derrotas consideradas
duvidosas neste Mundial.
Mas Bernardinho, que viu
a torcida dar as costas para a
quadra em forma de protesto
e gritar "buffoni" (palhaçada), manteve a versão de que
o Brasil não perdeu de propósito. "Nunca disse aos jogadores para entrar para perder
ou errar. Eu desafio a todos
que dizem o contrário."
Diante do questionamento
dos jornalistas italianos, ele
reiterou que não colocara
Bruno em quadra contra os
búlgaros pois desejava poupá-lo para a terceira fase. Anteontem pela manhã, o levantador acordara gripado.
"Estou me sentindo mal,
mas o que eu posso fazer? Eu
não podia sacrificar o Bruno,
que estava com febre, e o Murilo, com dor na panturrilha", explicou Bernardinho.
A justificativa não convenceu os italianos. O técnico da
Azzurra do vôlei também se
manifestou contra o Brasil.
"Do ponto de vista ético e
esportivo, é uma coisa muito
negativa", declarou Andrea
Anastasi, que ainda acusou o
Brasil de ter entregado um jogo na Olimpíada de 2004.
"Não é a primeira vez que
se comportam assim. Em
Atenas, no templo de excelência do esporte que é a
Olimpíada, eles descaradamente perderam um jogo",
complementou Anastasi, referindo-se ao revés do Brasil
para os EUA na primeira fase
dos Jogos Olímpicos.
Na ocasião, a seleção já estava classificada, e o treinador poupou titulares. Isso, no
entanto, não alterou a posição no grupo nem o adversário das quartas de final.
Com todo o bombardeio de
críticas na Itália, resta saber
se hoje, às 16h, diante da República Tcheca, o Brasil terá
que seguir na sua luta pelo
tricampeonato mundial jogando também contra uma
torcida raivosa em Roma.
Texto Anterior: Santos: Treinador interino encara duelo diante do líder como decisão Próximo Texto: No banco, Giba vira "assistente técnico" do time Índice | Comunicar Erros
|