São Paulo, quarta-feira, 04 de dezembro de 2002

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BASQUETE

Decisão sai em reunião entre técnico e Gerasime Bozikis, presidente da CBB, que só anuncia substituto em janeiro

Sem respaldo, Hélio Rubens deixa seleção

ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Hélio Rubens, 62, não é mais o técnico da seleção masculina. Sua saída foi decidida ontem, após reunião no começo da tarde entre o treinador e Gerasime Bozikis, o Grego, presidente da CBB (Confederação Brasileira de Basquete).
A reunião, que durou uma hora, na sede da entidade, havia sido marcada no dia anterior.
"Decidi sair porque fiquei incomodado de ver o presidente da CBB demonstrar dúvidas em relação ao meu trabalho. A entidade me deu todo o respaldo durante os cinco anos e meio que comandei a seleção. Mas, ultimamente, senti um clima diferente e decidi sair", contou Hélio Rubens.
O discurso do treinador, no entanto, não vai de encontro com o do dirigente. Grego, que não quis dar entrevista ontem, informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que foi sua a decisão da saída de Hélio Rubens da equipe.
O substituto do treinador só deverá ser divulgado em janeiro.
Havia dois meses, o dirigente já mostrava insatisfação com os resultados obtidos pela seleção no Mundial de Indianápolis-2002.
O time ficou em oitavo lugar, com quatro vitórias e cinco derrotas. Com isso, complicou sua classificação aos Jogos de Atenas-2004. No Pré-Olímpico de 2003, que deve ser em Porto Rico e contará com os EUA e a Argentina, atual vice-campeã mundial, haverá três vagas em disputa.
"Com certeza, a classificação não foi a esperada e muito menos o que tínhamos como objetivo", afirmou Grego, na época.
Pouco depois, Hélio Rubens esteve envolvido em uma polêmica com o técnico Marcel, que questionou os métodos de treinamento seguidos pela seleção.
Segundo ele, o time mostrou um ataque previsível e uma movimentação de defesa obsoleta. Marcel também pediu uma oportunidade para dirigir a equipe.
Grego não quis comentar o assunto, já dando a entender que não dava mais muito respaldo ao trabalho de Hélio Rubens.
Há duas semanas, sinalizou outra vez que o treinador não continuaria. Ele reuniu-se com Miguel Angelo da Luz, treinador do Flamengo, e o chamou para integrar a comissão técnica da seleção.
"O Grego me falou que vai ter trabalho para mim. A idéia é fazer uma comissão com cinco treinadores", contou Miguel à Folha.
O nome do técnico do Flamengo não foi submetido a Hélio Rubens, que nem ficou sabendo da reunião. Ambos não são próximos. A amigos, o treinador já havia manifestado sua insatisfação. Porém ainda adotava um discurso de que continuaria no cargo.
No comando da seleção, Hélio Rubens não conseguiu classificação para a última Olimpíada. No Pré-Olímpico de Porto Rico, em 1999, a seleção fez campanha pífia e terminou em sexto lugar -havia duas vagas em disputa.
Foi a segunda vez na história que o Brasil ficou fora dos Jogos -não jogara em Montréal-76.
No ano passado, o treinador dirigiu a seleção no Sul-Americano de Valdivia (Chile) e na Copa América, em Neuquén (Argentina). Em ambas as competições, a seleção perdeu para a Argentina na final. Os rivais detêm, atualmente, a supremacia masculina no basquete sul-americano.
Com o cargo vago, Miguel Ângelo da Luz tornou-se o favorito para assumir a seleção. Credenciado pelo sucesso obtido na seleção feminina, na qual foi campeão do Mundial-94 e vice dos Jogos de Atlanta-96, ele diz que o desafio no masculino seria ainda maior.
"A equipe terá que mostrar resultados logo. Quem assumir vai ter bastante trabalho", afirma ele.
Outros cotados são Lula, técnico do COC/Ribeirão Preto, invicto no Paulista, e Guerrinha, campeão nacional com o Bauru.


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