São Paulo, quarta-feira, 04 de dezembro de 2002

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FUTEBOL

Habilidade e técnica

TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA

No primeiro jogo, na Vila Belmiro, o Santos deu um baile no Grêmio, que estava bastante desfalcado. O Santos não é somente um time divertido, ofensivo e habilidoso. A equipe aprendeu a marcar com eficiência.
Robinho é o mais habilidoso e fantasista jogador brasileiro, o que não significa que é o melhor. Para mim, é o Kaká. Não mudei de opinião porque o São Paulo foi eliminado e o Kaká foi anulado nos dois jogos contra o Santos.
Kaká está no início de sua carreira e os afoitos já falam que ele não é jogador que decide. Raramente um jogador sozinho muda a história de uma partida. Ele brilha intensamente, mais do que os outros, quando o time atua bem.
Robinho tem tudo para se tornar um verdadeiro craque. Ainda não é. Sei que o Kajuru, fã do garoto, como eu, não vai gostar. Robinho precisa brilhar por um período mais longo, melhorar e aprimorar a técnica.
O programa "Terceiro Tempo" da TV Record, mostrou imagens do Robinho aos sete anos jogando futebol de salão. Ele tinha a mesma habilidade e irreverência. Cresceu e continua se divertindo com a bola. Apenas com mais responsabilidade. Em qualquer profissão, a capacidade de brincar, com método, é a base da criatividade.
Diego não tem a habilidade e a fantasia do Robinho, mas possui uma técnica mais desenvolvida. Parece um veterano. Faz tudo bem no momento certo. Passa, cruza, dribla e finaliza com eficiência. Joga com a cabeça em pé. Distribui bem o jogo, qualidade essencial para a posição.
O Santos não é só Robinho e Diego. Os outros jovens estão muito bem, como o volante Renato. Ele desarma, passa e ainda aparece na frente. Renato jogou todas as 28 partidas do torneio, sem ser substituído num único momento do jogo e não recebeu nenhum cartão amarelo. Incrível eficiência para um volante.
A fama dos meninos da Vila já chegou à Europa. A revista inglesa "World Soccer" publicou no seu último número uma matéria com o título: "Jovem Santos revive os velhos e bons tempos". Aparecem fotos do Leão e do Diego.
Mas, no meio do caminho do Santos para chegar à final, ainda existe o Grêmio. A única chance do time gaúcho será voltar ao estilo do ano passado, sufocar o Santos desde o início da partida e tentar fazer logo um gol para incendiar os jogadores, a torcida e perturbar o adversário.
Nada está definido. O Grêmio merece muito respeito.

Velocidade e paciência
Renato Gaúcho deverá repetir o esquema que deu certo no jogo da primeira fase, no Morumbi. O técnico escalou um zagueiro para marcar o Gil, um lateral para colar no Kléber, dois zagueiros pelo meio, um lateral esquerdo, dois volantes e um armador próximo do Roni e do Magno Alves. Hoje, não dá para pôr tantos defensores e mais três no ataque. Magno Alves deve ficar no banco.
O Flu não pode apenas se defender, como no jogo contra o São Caetano. Naquela partida, não foi o Renato Gaúcho que pediu ao time para ficar lá atrás. Foi o São Caetano que marcou por pressão, não deixou o Fluminense passar do meio-campo, fez dois gols e poderia ter feito uns quatro. O Corinthians não sabe fazer isso.
Por causa da forte marcação no Kléber e no Gil, o Corinthians deveria tentar atacar mais pelo lado direto, com Rogério, Deivid e Vampeta.
Esta é uma partida em que será fundamental para o Corinthians manter sua característica troca de passes e paciência, com um pouco mais de rapidez. O time não pode mudar sua maneira de jogar nem confundir velocidade com afobação.

"SuperFelipão"
Felipão é muito mais esperto e inteligente do que imaginamos. Vai trabalhar no lugar certo. Portugal tem bons jogadores, pode melhorar muito e não é favorito para nenhuma competição. O técnico terá menos responsabilidade nas derrotas.
Portugal precisava de um técnico motivador, disciplinador e capaz de dar confiança à equipe, características do técnico brasileiro.
Portugal vai ser sede da Eurocopa. Isso aumentaria as chances da equipe de ganhar o título com qualquer treinador. Com Felipão as possibilidades serão maiores. Se Portugal vencer e o novo técnico da seleção brasileira não for bem nas eliminatórias, Felipão poderá escolher entre continuar em Portugal, comandar uma seleção mais famosa da Europa ou retornar à seleção brasileira.
Será o "SuperFelipão".

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