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FUTEBOL
"A Última Impressão"
SONINHA
COLUNISTA DA FOLHA
O ano começou com um cheiro de campeão vindo de Belo
Horizonte. Enquanto os outros times ainda tentavam definir como
seriam para esta temporada e ensaiavam os primeiros passos, o
Cruzeiro já contava uma sequência incrível de vitórias, várias com
goleada. Desde o final do Brasileiro-2002, o time mineiro vinha
afiado -e mesmo quando já parecia muito bom, continuou se reforçando.
Assim como todas as outras
equipes, o Cruzeiro sofreu com
desfalques ao longo do torneio
-contusões, convocações, saídas-, mas conseguiu suportá-los
como nenhuma outra. A perda de
Deivid, protagonista de alguns
dos melhores espetáculos, poderia
ter sido um choque. Não foi. O time mudou, mas continuou forte.
E ainda mais consistente.
No último fim de semana, faltou Alex em campo. "Só" o melhor jogador do país neste ano, na
minha opinião (se jogasse exatamente assim em algum time da
Espanha, diriam que é o melhor
do mundo). O Santos jogou sem
Robinho, que também vinha desequilibrando. Nem preciso dizer
quem fez mais falta...
Semanas atrás, escrevi que seria
cruel e injusto se Palmeiras e Cruzeiro não fossem campeões de
suas séries no Brasileiro. Marco
Tulio Oliveira, de Natal, e Cristiano Viana Carneiro, de São Paulo,
discordaram da parte sobre o
Cruzeiro. Com propriedade, observaram: "Se a principal vantagem do torneio de pontos corridos
é ser justo, é premiar o melhor, como podemos dizer que um time
será campeão injustamente?".
De fato, se o princípio do campeonato é oferecer condições
iguais para todos e coroar quem
fizer mais pontos, se o Santos ultrapassasse o Cruzeiro no final,
não se poderia negar a "justiça"
do título do Peixe. Mas seria injusto, para mim, o fim da história,
porque tudo o que o Cruzeiro fez
de espetacular seria esquecido.
Ao contrário do que dizem, a
última impressão é a que fica. O
Santos fez partidas incríveis nos
últimos dois meses, voltando a
brilhar com seu jogo elétrico e eficiente, aproveitando ao máximo
o talento dos atletas e a harmonia
do conjunto. Como o Cruzeiro já
não goleava -embora jogasse
com inegável superioridade-,
parecia, para algumas pessoas,
que o time da Baixada tinha mais
futebol. Referiam-se ao Cruzeiro
como o time "mais regular" como
se isso fosse sinônimo de eficácia
sem brilho ("regular" = nota 7).
Mas o Cruzeiro alcançou um
nível de excelência no início do
torneio que o Santos só apresentou no final, e correndo mais riscos. O Cruzeiro foi Schumacher; o
Santos foi Montoya. O time azul
sobrou na temporada; o alvinegro
correu por fora, enriqueceu a disputa, mas não foi páreo para ele.
Seria cruel ficar sem o título
porque o Cruzeiro passou pouquíssimas rodadas sem ser o líder
do torneio. Durante quase 40 semanas ele foi o melhor; ser superado nas três últimas seria desolador. O futebol tem viradas assim,
mas, desta vez, o campeão foi
mesmo o melhor do começo ao
fim. Aliás, "tricampeão" em um
ano só.
Linhas tortas
Zinho saiu do Palmeiras de maneira desagradável para as duas partes. Após tantas glórias no alviverde, ele esperava uma volta feliz, mas naquele momento um não servia mais para o outro. No Cruzeiro, perdeu quase 4 kg, se integrou a um grupo com perfil completamente diferente e recuperou a autoridade. Foi bom para os três: Palmeiras, Cruzeiro e Zinho.
Redenção
A missão de Levir era a mais difícil de todas: ele era o único que precisava muito do acesso dos dois times para ser feliz. Incrível como deu certo.
Momento mágico
Nabi Chedid discursando em louvor à moralidade no futebol na entrega da taça da Série B.
E-mail
soninha.folha@uol.com.br
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