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São Paulo, quinta-feira, 04 de dezembro de 2003

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FUTEBOL

"A Última Impressão"

SONINHA
COLUNISTA DA FOLHA

O ano começou com um cheiro de campeão vindo de Belo Horizonte. Enquanto os outros times ainda tentavam definir como seriam para esta temporada e ensaiavam os primeiros passos, o Cruzeiro já contava uma sequência incrível de vitórias, várias com goleada. Desde o final do Brasileiro-2002, o time mineiro vinha afiado -e mesmo quando já parecia muito bom, continuou se reforçando.
Assim como todas as outras equipes, o Cruzeiro sofreu com desfalques ao longo do torneio -contusões, convocações, saídas-, mas conseguiu suportá-los como nenhuma outra. A perda de Deivid, protagonista de alguns dos melhores espetáculos, poderia ter sido um choque. Não foi. O time mudou, mas continuou forte. E ainda mais consistente.
No último fim de semana, faltou Alex em campo. "Só" o melhor jogador do país neste ano, na minha opinião (se jogasse exatamente assim em algum time da Espanha, diriam que é o melhor do mundo). O Santos jogou sem Robinho, que também vinha desequilibrando. Nem preciso dizer quem fez mais falta...
Semanas atrás, escrevi que seria cruel e injusto se Palmeiras e Cruzeiro não fossem campeões de suas séries no Brasileiro. Marco Tulio Oliveira, de Natal, e Cristiano Viana Carneiro, de São Paulo, discordaram da parte sobre o Cruzeiro. Com propriedade, observaram: "Se a principal vantagem do torneio de pontos corridos é ser justo, é premiar o melhor, como podemos dizer que um time será campeão injustamente?".
De fato, se o princípio do campeonato é oferecer condições iguais para todos e coroar quem fizer mais pontos, se o Santos ultrapassasse o Cruzeiro no final, não se poderia negar a "justiça" do título do Peixe. Mas seria injusto, para mim, o fim da história, porque tudo o que o Cruzeiro fez de espetacular seria esquecido.
Ao contrário do que dizem, a última impressão é a que fica. O Santos fez partidas incríveis nos últimos dois meses, voltando a brilhar com seu jogo elétrico e eficiente, aproveitando ao máximo o talento dos atletas e a harmonia do conjunto. Como o Cruzeiro já não goleava -embora jogasse com inegável superioridade-, parecia, para algumas pessoas, que o time da Baixada tinha mais futebol. Referiam-se ao Cruzeiro como o time "mais regular" como se isso fosse sinônimo de eficácia sem brilho ("regular" = nota 7).
Mas o Cruzeiro alcançou um nível de excelência no início do torneio que o Santos só apresentou no final, e correndo mais riscos. O Cruzeiro foi Schumacher; o Santos foi Montoya. O time azul sobrou na temporada; o alvinegro correu por fora, enriqueceu a disputa, mas não foi páreo para ele.
Seria cruel ficar sem o título porque o Cruzeiro passou pouquíssimas rodadas sem ser o líder do torneio. Durante quase 40 semanas ele foi o melhor; ser superado nas três últimas seria desolador. O futebol tem viradas assim, mas, desta vez, o campeão foi mesmo o melhor do começo ao fim. Aliás, "tricampeão" em um ano só.

Linhas tortas
Zinho saiu do Palmeiras de maneira desagradável para as duas partes. Após tantas glórias no alviverde, ele esperava uma volta feliz, mas naquele momento um não servia mais para o outro. No Cruzeiro, perdeu quase 4 kg, se integrou a um grupo com perfil completamente diferente e recuperou a autoridade. Foi bom para os três: Palmeiras, Cruzeiro e Zinho.

Redenção
A missão de Levir era a mais difícil de todas: ele era o único que precisava muito do acesso dos dois times para ser feliz. Incrível como deu certo.

Momento mágico
Nabi Chedid discursando em louvor à moralidade no futebol na entrega da taça da Série B.

E-mail
soninha.folha@uol.com.br


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