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Sistema está institucionalizado no país
da Reportagem Local
A preocupação dos políticos
uruguaios com a sonegação fiscal
nas transferências de jogadores de
futebol não é gratuita.
Em dezembro último, a Folha
revelou como funcionava o Central Español, clube da segunda divisão do país, que serviu de ponte
para a negociação do passe do lateral-esquerdo Zé Roberto entre Lusa e Real Madrid, da Espanha.
Apesar de, no papel, estar envolvido em transações milionárias,
pouco desse dinheiro parece sobrar para a própria agremiação.
Com vestiários modestos, onde a
água é aquecida à lenha, o principal jogador do time, o atacante José Franco, ganha US$ 400 mensais
e vai trabalhar de ônibus.
Para o presidente do Central,
Hugo Jaurena, que não nega o envolvimento do clube nas negociações capitaneadas pelo sócio honorário Juan Figer, empresário de
Zé Roberto e articulador da transação, tudo é feito dentro da legalidade.
Sobre o caso do jogador brasileiro, Jaurena afirmou à Folha, em
dezembro: "Já está institucionalizado no Uruguai essa tendência
para o comercial. Estamos acostumados a ver o dinheiro entrar e
sair do país. No caso do Zé Roberto, não sei se são muito bobos os
dirigentes da Lusa ou se são muito
bobos os dirigentes do Real Madrid. Nós, pelo menos, fizemos o
melhor negócio".
O problema, porém, é que a própria Associação Uruguaia de Futebol não tem conhecimento da passagem de Zé Roberto pelo Central
-conforme os documentos revelados pela Folha, em novembro,
ele foi comprado e vendido no
mesmo dia-, apesar do clube
afirmar que tudo foi devidamente
registrado.
Considerado um paraíso fiscal, o
Uruguai não taxa a entrada e a saída de capitais ou metais de seu território.
Essa característica acaba atraindo os empresários de futebol, como Figer, e os próprios clubes do
continente, que acabam realizando transferências de jogadores para a Europa e vice-versa evitando o
pagamento de Imposto de Renda
em seus países.
A tranquilidade de Jaurena impressiona. "Não tememos nenhuma medida da Fifa ou da Associação Uruguaia. Tudo o que fizemos
está dentro das normas."
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