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ESTATÍSTICA
Pesquisa confronta cinco modalidades e estabelece "índice de zebras"
Futebol emociona mais que esporte dos EUA, diz estudo
TALES TORRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
O futebol é mais imprevisível
que os esportes norte-americanos. Essa é a conclusão da pesquisa divulgada ontem por cientistas
do Laboratório Nacional de Los
Alamos, no Novo México (EUA),
e da Universidade de Boston, responsáveis pelo estudo.
A equipe analisou o resultado
de mais de 300 mil jogos do Campeonato Inglês de futebol e dos
principais esportes dos EUA, como beisebol, basquete, futebol e
hóquei no gelo. Rúgbi e críquete
ficaram fora devido à menor atividade no país, segundo os autores.
Concluído no mês passado, o levantamento apurou placares inclusive de partidas do século 19,
caso do futebol da Inglaterra.
Tendo o histórico em mãos, os
cientistas estabeleceram um "índice de zebras", no qual o futebol
é o esporte líder, com percentual
de surpresas de aproximados
45,9%. O beisebol aparece em segundo (41,3%), seguido do hóquei (38,3%), do basquete (31,6%)
e do futebol americano (30,9%).
A publicação do estudo serviu
de alento ao futebol, que desde
antes da Copa do Mundo de 1994,
nos EUA, tinha a fama no país de
ser um esporte de pouca emoção.
Depois do Mundial, a opinião dos
fãs americanos pouco mudou.
O "índice de zebras" teve como
base o número de vitórias do time
de pior retrospecto (no campeonato corrente) sobre a equipe de
melhor histórico. Jogos na abertura de temporadas ou de equipes
com retrospectos idênticos foram
descartados. Empates contaram
como meia vitória para cada lado
no futebol, hóquei e futebol americano. Esportes sem chance de
igualdade -caso do basquete-
não tiveram cálculos específicos
para jogos levados à prorrogação.
Fatores externos -como jogos
em casa ou fora- também não
foram levados em consideração
para coeficientes específicos. O
placar final também não teve distinções. Não importou, por exemplo, se a vitória foi alcançada por
um ou quatro gols de diferença.
O resultado prévio atingido pelo
grupo foi então submetido à teoria da probabilidade e à simulação
de Monte Carlo, método que tem
como base a geração de números
aleatórios provenientes de uma
distribuição de possibilidades.
"Sem surpresas, o esporte vira
algo previsível e monótono", afirmou o cientista Eli Ben-Naim,
que conduziu a pesquisa com Sidney Redner e Federico Vazquez.
O trio, porém, mostrou que a
posição de soberania do futebol
está ameaçada: contando somente a última década, o beisebol assumiria a liderança no ranking.
Segundo o estudo, o ápice das
zebras no futebol foi no período
amador. Hoje, devido ao maior
poder econômico de alguns times, os resultados ficaram mais
previsíveis. A pesquisa sugere, inclusive, uma queda no nível das
piores equipes, cada vez menos
capazes de bater as grandes.
Outra tendência verificada por
especialistas foi o fato de os esportes americanos terem passado por
um processo de equilíbrio, como
a criação dos "drafts", loteria na
qual os novatos de maior talento
são escolhidos pelas equipes que
tiveram piores desempenhos.
A pedido da Folha, Narcisa Maria Gonçalves, coordenadora do
programa de estatística aplicada
da Uerj (Universidade do Estado
do Rio de Janeiro), analisou a pesquisa divulgada. E encontrou
pontos polêmicos. "A base de dados é extensa demais e isso sempre causa alguma distorção. Esses
modelos analisam séries históricas e fazem algumas projeções,
mas isso é sempre muito difícil."
Narcisa, porém, reconhece o
know-how do estudo: "Ele foi feito por instituições renomadas".
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