Cidades põem cerca de R$ 70 mil para bancar sedes e, em troca, ganham o direito de indicar uma equipe participante

Campeão da segunda divisão sub-20, Guariba fica de fora, enquanto o Taboão da Serra, 16º colocado, joga torneio que começa hoje

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Na Copa São Paulo de juniores, que abre hoje a sua 39ª edição, um cheque na mão valeu mais do que um título estadual para conseguir uma vaga na competição, especialmente para os times paulistas (mais de um terço dos 88 participantes).
Cidades com verba para gastar cerca de R$ 70 mil, o custo médio com hospedagem, alimentação, transporte, segurança e assistência médica dos quatro clubes de cada um dos 22 grupos da primeira fase, ganham o direito de indicar um participante, mesmo que ele não seja do próprio município.
Assim, o critério financeiro valeu mais do que o técnico para a composição das chaves.
Na segunda divisão do Campeonato Paulista sub-20 de 2007, o Taboão da Serra foi apenas o 16º colocado, mas a prefeitura da cidade da região metropolitana bancou os gastos de um grupo e conseguiu emplacar o time na Copa São Paulo deste ano.
Já o Guariba, campeão da competição, ficou de fora. "Não fomos convidados. Achei melhor não forçar a barra, mas aceitaríamos na hora um convite e estaríamos prontos para jogar a Copa", diz Alírio Ludovino do Natal, o presidente da agremiação interiorana.
Ele reconhece que a cidade, na região de Ribeirão Preto e com cerca de 35 mil habitantes, não tem como bancar os gastos de um grupo do torneio.
O cartola garante que não seria problema se adaptar às regras da Copa São Paulo, que aceita apenas atletas nascidos a partir de 1989 (no sub-20, esse limite seria 1987).
O Taboão da Serra não foi o único time com desempenho pior que o Guariba na segunda divisão estadual com vaga na Copa São Paulo. Outros cinco clubes estão nessa situação -Pão de Açúcar, Lemense, Campinas, Paulínia e Jacareí.
A primeira divisão do Estadual sub-20 também não serviu como critério de classificação para a "Copinha".
E, nesse caso, não foi só pela prioridade dada aos clubes indicados pelas prefeituras. As equipes da capital vão participar mesmo com performances sofríveis. O Palmeiras terminou seu grupo no Estadual na lanterna, mas joga a Copa São Paulo, assim como o Juventus, que foi uma espécie de Íbis (o "pior time do mundo") no último Paulista sub-20.
O time da Mooca não venceu nenhum dos dez jogos que disputou (um empate e nove derrotas). Teve média de gols sofridos superior a quatro por partida. Como ainda perdeu 12 pontos no tapetão, terminou o torneio com 11 pontos negativos.
Em compensação, o Votoraty, que ficou na frente de Palmeiras, na primeira fase, e Corinthians, na segunda, foi deixado de fora da Copa São Paulo, que tem a federação paulista como organizadora.
Por e-mail, a entidade apontou os critérios para a definição das vagas. Entre eles, diz que "são convidados sempre os campeões das séries anteriores" e "equipes tradicionais e as participantes da Série A do Campeonato Brasileiro".


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