Vitória hoje nas duplas, em Florianópolis, classifica time nacional às quartas-de-final

ALEXANDRE GIMENEZ
enviado especial a Florianópolis

O fator saibro foi decisivo. A equipe brasileira da Copa Davis teve um início avassalador e venceu ontem os dois jogos contra a França, pela primeira rodada do Grupo Mundial da Copa Davis.
Fernando Meligeni abriu o confronto batendo Cédric Pioline por 3 sets a 2 (7/5, 5/7, 4/6, 6/1 e 6/4). Logo em seguida, Gustavo Kuerten entrou em quadra para superar Jérôme Golmard por 3 sets a 1 (6/3, 3/6, 6/3 e 6/2).
Agora, a equipe brasileira está a uma vitória de se classificar para as quartas-de-final da Davis.
Hoje, às 12h, a dupla brasileira formada por Gustavo Kuerten e Jaime Oncins irá enfrentar os franceses Cédric Pioline e Nicolas Escudé, na Universidade Federal de Santa Catarina. No domingo, Kuerten enfrentará Pioline. Já Meligeni pegará Golmard.
"Foi uma guerra. Uma partida que é 6/4 no quinto set só pode ser decidida nos detalhes. Já sabia que o Pioline era um adversário muito duro, foi uma partida muito equilibrada", afirmou Fernando Meligeni, sobre a sua partida contra Cédric Pioline.
"Quem não conhece, poderia achar que seria fácil ganhar do Golmard. Mas ele é um grande jogador", disse Kuerten. "Além disso, o vento me atrapalhou muito, acabou ajudando o Golmard", afirmou Kuerten.
No ano passado, pelas quartas-de-final da Davis, a França superou o Brasil por 3 a 2, numa quadra de carpete (rápida). O saibro, piso utilizado em Florianópolis, deixa a partida mais lenta.
Com a vitória sobre Golmard, Kuerten começa a reverter um histórico pouco animador em sua carreira. Em torneios da ATP (Associação dos Tenistas Profissionais), ele venceu apenas 23,5% dos jogos que fez contra tenistas franceses. No total, foram 13 jogos, com nove derrotas e apenas quatro vitórias.
Contra os franceses, Kuerten tem o menor índice de vitórias dentre todos os outros 15 participantes do Grupo Mundial.
O brasileiro tem, por exemplo, contra atletas da Áustria e Eslováquia um índice de vitórias de 100% e 66,6%, respectivamente. Se o Brasil passar pela França, irá enfrentar um desses dois países nas quartas-de-final da Davis.
"Fiquei chateado de ter perdido o primeiro set em jogos pela Copa Davis em Florianópolis. Espero que isso não aconteça novamente", afirmou Kuerten, referindo-se aos jogos contra Nova Zelândia e Romênia.
Em jogos pela Copa Davis, Kuerten tem um aproveitamento de 78,2%, o maior índice da história do tênis brasileiro.
Meligeni tem um desempenho melhor do que Kuerten no confronto contra os franceses em torneios da ATP: venceu 69,2% dos jogos disputados.

Enfim
Fernando Meligeni afirmou que a sua vitória ontem sobre Cédric Pioline, que no ano passado terminou a temporada como o 13º tenista mais bem colocado no ranking mundial, foi um marco na sua carreira.
Ele disse que estava cansado de ser visto como apenas um atleta "com garra", mas que acabava sendo derrotado nos momentos decisivos.
"Estava devendo uma vitória dessa. Bati na trave duas vezes, contra o (Jim) Courier (dos EUA, em 1997) e contra o (Alex) Corretja (da Espanha, em 1998), quando perdi no quinto set em jogos disputados no Brasil. Se não tivesse vencido ontem, teria ficado muito decepcionado."
Essa foi a primeira vez que Meligeni ganhou um jogo "para valer" no Grupo Mundial da Davis. Suas vitórias anteriores haviam ocorrido quando o Brasil já estava desclassificado ou estava disputando a repescagem do torneio.
Meligeni afirmou que estava em ótimas condições físicas na partida de ontem. "Não sei sobre ele (Pioline), mas eu poderia jogar tranquilamente mais três sets."
O tenista comemorou muito o seu triunfo com Ricardo Acioly.
"Essa é uma vitória que faz bem para o ego e dá confiança para as partidas restantes do torneio. Dedico esse resultado ao Pardal (Ricardo Acioly, capitão do time brasileiro), que está fazendo hoje (ontem) 94 anos", disse.
Na verdade, Acioly -que, além de capitão da Davis, é técnico particular de Meligeni- completou ontem 36 anos


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